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Morte entre motociclistas aumenta 4,5% em 2021 em São Paulo

A cada quatro horas e meia, um condutor perde a vida no estado em acidente; pandemia gerou explosão no número de entregadores

Por Clayton Freitas
21 dez 2021, 15h52

Dados divulgados pelo Infosiga, sistema que contabiliza a quantidade de acidentes e mortes no trânsito paulista, indicam nova alta na letalidade entre os motociclistas que circulam no estado. De janeiro a novembro deste ano 1.764 morreram em acidentes, 76 a mais do que os 1.688 registrados em igual período de 2020, numa alta de 4,5%.

Essa alta fez com que os dados do acumulado entre todos os modais ficasse estabilizado até agora, apesar de redução entre os outros meios de transporte, já que percebe-se queda no acumulado do ano entre os que usavam carro (-2%); bicicletas (-17,1%) e pedestres, -4,6%.

A explosão da quantidade de motociclistas nas ruas foi potencializada sobretudo nos meses de maior restrição da pandemia do novo coronavírus. Ninguém sabe ao certo quantos de fato rodam para fazer entregas. Isso ocorre porque muitos não passam por cursos de qualificação.

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“Muitos buscaram a profissão devido ao desemprego. O problema é que sem a devida capacitação, o motociclista está sujeito a riscos e eles acabam entrando em várias situações delicadas. Pilotar uma moto não é como andar de bicicleta numa ciclovia”, afirma Edgar Francisco Silva, mais conhecido como Gringo, presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil.

Segundo diz, dependendo da fonte, o número de motociclistas que fazem entregas pode variar de 70 mil a 280 mil. “Certamente aumentou muito, ainda mais na pandemia, mas ninguém sabe o quanto”, diz.

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Dados do Ministério da Infraestrutura indicam que só a cidade de São Paulo conta com um total de 1.088.705 motocicletas registradas.

Segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), até o mês de novembro deste ano 1.044.977 motos foram emplacadas em todo o país, numa alta de 27,96% em relação a igual período de 2020. Desse total, 76,86% são de motores de baixa cilindrada, 160 cc, as mais utilizadas pelos entregadores

“A percepção geral é a de que muita gente migrou para motofrete justamente para fugir do desemprego e aproveitou que o ramo alimentício teve um aumento de demanda por entregas”, afirma o economista e advogado Fábio Karaver.

Integrante da Comissão de Direito de Trânsito da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo), ele afirma que essa tendência deve aumentar, e, na esteira delas, os acidentes. “As pessoas se acostumaram a utilizar os aplicativos. Muitos até não estão desempregados, mas fazem dupla jornada, trabalhando de dia e fazendo entregas de pizza à noite, por exemplo”, afirma.

A percepção do advogado encontra respaldo na experiência do chaveiro Giovani Duarte. “Quando eu não tenho nenhum pedido, já faço os meus corres aí, pego a bag e vou trabalhar. Parado eu não fico, não. Tenho dois filhos para sustentar”, disse.

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Ele afirmou que nunca fez curso específico e já se acidentou ao entregar uma pizza. “Ainda bem que cai bem e não aconteceu nada. O duro foi o pacote, que amassou”, afirma.

Gilberto Almeida dos Santos, o Gil, líder do SindimotoSP (sindicato dos motoboys), afirma que a quantidade de acidentes e, consequentemente, mortes entre motociclistas, deve aumentar. “Infelizmente é uma profissão em que muitos rodam sem a devida regulamentação”, afirma.

Ele alerta também para aqueles que se valem da imagem dos entregadores para cometer crimes. “Muitos colocam as caixas nas costas, uma arma na cintura e inclusive roubam até os motofretistas”, disse.

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