Ministério Público investiga hospital da Zona Leste por morte de bebê
Segundo o documento, outras denúncias de mortes também passaram a integrar o inquérito após caso de bebê ter chegado ao conhecimento do poder público
O Hospital Salvalus, um dos principais da Zona Leste, é investigado pelo Ministério Público pela morte de um bebê de quatro meses, Benjamin, que deu entrada no pronto-socorro do hospital em julho, com fortes dores no peito e um bloqueio no intestino. Após quarenta dias de internação e três cirurgias, ele morreu. Há suspeita de negligência.
Além desse caso, promotores receberam outras denúncias com episódios semelhantes e abriram uma ação em outubro. A suspeita é a de que as mortes tenham relação com um surto de uma superbactéria conhecida como KPC. Com nome científico de Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), trata-se de uma enzima que dá resistência às bactérias.
A Promotoria já fez algumas visitas ao hospital, localizado na Mooca. Agora, autoridades esperam os relatórios do Conselho Regional de Medicina, do Conselho Regional de Enfermagem e da Vigilância Sanitária.
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A mãe de Benjamin, Lidiane Braga Fidelis, realiza uma campanha pelas redes sociais contra o Salvalus desde a morte do único filho. Lidiane acusa o hospital de negligência médica em diversos momentos no período em que Benjamin ficou internado e pede o fechamento do local. Antes de ser constatado que ele sofria de invaginação intestinal, segundo a mãe, os médicos o liberaram duas vezes para ir pra casa, mesmo sem a realização de exames para descobrir o que a criança tinha.
Lidiane fez o seguinte desabafo em suas redes sociais na última quinta-feira (1º):
O equipe de comunicação do Hospital Salvalus enviou uma nota à imprensa esclarecendo as denúncias que a unidade vem recebendo e citando a ação do MP. Segue o texto na íntegra:
“Em relação aos casos de infecção por KPC, o Hospital Salvalus informa a ocorrência de bactérias multirresistentes em hospitais de grande porte é uma realidade em nível mundial, em virtude desses centros receberem pacientes de diversos outros serviços. Assim como os outros hospitais brasileiros que enfrentam esses casos, o Hospital Salvalus conta com uma Comissão Interna de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) que determina todos os procedimentos realizados no Hospital com base em normas legais. A Comissão está ativa e reúne-se periodicamente para realização dos relatórios de controle e indicadores, que são apresentados tanto internamente quanto aos órgãos competentes.
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A CCIH envia mensalmente relatórios de vigilância com a situação dos casos desse tipo de bactéria para esses órgãos. A mesma Comissão homologa protocolos, produtos e até mesmo treinamentos contínuos presentes no hospital a fim de garantir o padrão de higiene condizente com o serviço prestado, de acordo com todas as normas vigentes. É necessário frisar que o hospital não possui registro de nenhum caso de KPC relatado na UTI Neonatal, onde o menor Benjamin permaneceu internado por 40 dias. É importante salientar que o óbito do menor não tem relação com a referida bactéria e que não se tratou de infecção hospitalar. O Hospital Salvalus realiza 720 mil atendimentos por ano, o que representa cerca de dois mil atendimentos por dia, entre pronto-socorro, especialidades e cirurgias de baixa e alta complexidade. Atua há sete anos como um dos maiores complexos hospitalares privados do Brasil. Em uma instituição desse porte o aperfeiçoamento é constante para a prestação de serviço médico hospitalar de excelência, buscando atender aos pacientes com a maior eficiência, qualidade e segurança possíveis. As adequações e melhorias são constantes, sejam elas motivadas pelas comissões internas do Hospital ou até mesmo pelos órgãos fiscalizadores. O Hospital está e sempre esteve de portas abertas para qualquer tipo de averiguação. Benjamin:Todos os esforços possíveis para evitar o desfecho do caso foram feitos, com três cirurgias durante a permanência dele na instituição e uma primeira tentativa de reversão da invaginação intestinal feita em menos de 24 horas após a admissão no pronto-socorro infantil. No momento, o caso do menor Benjamin está em análise pela Comissão de Ética do Hospital e, caso alguma irregularidade seja identificada, será encaminhado aos órgãos competentes assim que for concluído.
O Hospital já fez diversas tentativas de contato com os familiares de Benjamin para esclarecimento de toda a conduta e os esforços empreendidos em seu tratamento, mas não obteve sucesso.
À disposição, Diretoria Hospital Salvalus”