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Maior que Cristo Redentor, estátua de Apóstolo Paulo tem futuro incerto

O projeto do empresário alemão Michael Polmer, que seria instalado às margens da Represa de Guarapiranga, teve sua confecção interrompida pela Justiça

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
17 dez 2021, 06h00

A ideia era transformar São Paulo, não a cidade ou o estado, mas seu patrono, numa espécie de irmão mais novo (e 2 metros maior) da figura do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, uma das Sete Maravilhas do Mundo. Paisagem para isso não lhe faltava. Às margens da bucólica e maltratada Represa de Guarapiranga, na Avenida Atlântica, em Interlagos, a estátua do Apóstolo Paulo seria imponente.

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Com 200 toneladas de aço inoxidável, 300 metros cúbicos de concreto e 40 metros de altura (fora outros 12 metros de sua base), a imagem, projetada pelo artista Gilmar Pinna, conhecido por criar obras parecidas em Ilhabela, no Litoral Norte, entre outros locais, seria vista e visitada por milhares de pessoas anualmente, previa o empresário alemão Michael Polmer, seu idealizador. Pouco mais de um ano depois do início de sua confecção, duas derrotas recentes na Justiça colocaram por terra, pelo menos por ora, o audacioso e cintilante projeto.

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Provocado pelo Ministério Público, o juiz Paulo Rogério Santos Pinheiro, da 12ª Vara Cível de Santo Amaro, determinou em junho passado, em caráter liminar, que Polmer se abstivesse de continuar com a empreitada. A alegação foi de que o local da instalação da estátua se situa em área de preservação ambiental e está no perímetro envoltório de um bem tombado, o conjunto arquitetônico do antigo Santapaula Iateclube, atualmente em ruínas e abandonado há décadas. Além disso, três multas impostas pela prefeitura, que totalizaram 37 000 reais, comprovaram que a obra não tinha os alvarás determinados pela legislação municipal.

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No despacho, o magistrado, que aceitou a tese de que uma estátua metálica da altura de um prédio de dezessete andares criaria o chamado “efeito espelho” nos bairros vizinhos (também há a preocupação de provocar reflexos nos aviões que manobram na área da represa para pousar no Aeroporto de Congonhas), viu grande risco caso a ideia fosse adiante. “Os danos ambientais e urbanísticos serão contínuos com difícil reparação pelo decurso do tempo, caso se aguardem a sentença e respectivo trânsito em julgado para desfazimento da obra.”

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Foto mostra as peças da estátua de Apóstolo Paulo desmontadas. Elas são prateadas, feitas com material metálico.
Partes do corpo da escultura: para onde irão as peças? (Instagram/Reprodução)

Seis meses depois da sentença, Polmer não foi localizado pelos oficiais de Justiça e mantém o projeto, embora já admita jogar a toalha. “Comecei minha vida no Brasil em 1988, em um escritório na Praça da Sé, número 21. Se não consigo conquistar esta cidade, este Brasil maravilhoso, e convencê-los a aceitar meu presente de agradecimento, vou embrulhar meu São Paulo e dar de presente a quem me receber de braços abertos”, desabafa.

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Outra opção é manter tudo como está. “Posso deixar a estátua guardada, deitada.” O problema, nesse caso, é que a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) entrou com um processo de reintegração de posse de parte do terreno, que no passado abrigou a icônica danceteria Reggae Night. A alegação foi de que Michael Polmer invadiu parte do espaço de 8 000 metros quadrados, justamente onde hoje “adormece” a estátua, dividida em três módulos.

No último dia 26, a Justiça deu ganho de causa à Emae e determinou que o local seja imediatamente e parcialmente desocupado. Sobre essa ação, Polmer afirma que apenas fechou uma área para impedir a entrada de carros na beira da represa. “Sou ambientalista e acho um absurdo deixar que veículos automotores ocupem e sujem área de proteção ambiental em um reservatório de água que abastece toda a Zona Sul.” Diante de tanto impasse legal e urbanístico, fica a pergunta: para onde irá o Apóstolo Paulo?

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