Heitor Martins
Depois do fracasso da Bienal do Vazio, de 2008, o empresário reergueu uma das mais tradicionais instituições de artes do país
Na próxima terça (14), os conselheiros da Fundação Bienal vão escolher seu presidente. Tudo indica que Heitor Martins (candidato único pelo menos até a semana passada) será reconduzido ao cargo. Eleito em maio de 2009, ele usou seu bom trânsito entre empresários — é sócio no Brasil da consultoria americana McKinsey — para dar um jeito na casa. Arrecadou 45 milhões de reais, sanou dívidas e selecionou dois curadores renomados (Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos) para trabalhar na seleção de obras e na ideia da exposição.
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Inaugurada em setembro, a 29ª Bienal, em cartaz até domingo (12), exibiu criações de 159 artistas, entre brasileiros e estrangeiros. Além da indiscutível qualidade dos trabalhos, causou polêmica e discussão como fazia muito não acontecia. A começar pelos desenhos do pernambucano Gil Vicente assassinando personalidades públicas, passando pela instalação do argentino Roberto Jacoby, acusado de propaganda política em plena campanha presidencial, e, claro, pelos urubus do paulistano Nuno Ramos, retirados do pavilhão.
“Modéstia à parte, acho que fizemos uma boa Bienal: ela envolve, emociona e é bonita, mas sem abrir mão do conteúdo e da discussão”, afirma Martins, 43 anos. O plano do empresário, agora, é manter o projeto de diálogo com a sociedade. Tocado pela educadora Stela Barbieri, o programa educativo pode tornar-se permanente. Enquanto isso, a fundação tenta arrecadar mais recursos para dar continuidade à reforma do edifício no Parque do Ibirapuera.
Em 2011, está planejada ainda uma grande exposição para comemorar os sessenta anos da Bienal, composta de obras do acervo de um museu da Noruega. “Arte enriquece a vida. Nunca me imaginei fazendo algo assim.”