Gestão Haddad nomeia aliada de Netinho de Paula para direção do Psiu
Gesto foi visto como aceno às demandas do ex-secretário contra as recentes ações do órgão para acabar com pancadões na cidade
Na reta final, a gestão Haddad trocou a direção do Programa de Silêncio Urbano (Psiu), órgão da prefeitura que concentra as ações para coibir a poluição sonora na cidade. Segundo despacho publicado nesta terça-feira (1º) no Diário Oficial do Município, a advogada Natalia Riserio Povoação irá substituir o advogado Luiz Carlos Smith Pepe, nomeado há cerca de um ano para o cargo. A nova nomeação deve durar poucas semanas já que a gestão do prefeito eleito João Doria (PSDB) deve fazer mudanças no órgão a partir de janeiro.
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A nova diretora é aliada do ex-secretário de Promoção da Igualdade Racial Netinho de Paula (PDT), que teve o mandato de vereador cassado em novembro do ano passado por infidelidade partidária. Natalia atuou como assessora especial da secretaria até junho de 2015, quando foi exonerada. Ela também fez doações à campanha de Netinho para vereador nas últimas eleições e pediu votos pela internet. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Natalia doou 13 000 reais ao candidato, que não conseguiu se reeleger.
A nomeação foi vista como um gesto da atual gestão para atender as demandas de Netinho, já que o órgão tem realizado ações para acabar com os pancadões na cidade. O ex-secretário é crítico dessas fiscalizações por acreditar que segregam a cultura jovem das periferias da capital. Na última sexta-feira (28), o Psiu fez blitz em uma festa do tipo na favela de Paraisópolis, na Zona Sul da cidade, por exemplo.
Pancadões
Impulsionadas pelas ações do Psiu, duas ações tramitam na Justiça para acabar com as festas que tomam as ruas no entorno da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e do campus Barra Funda da Uninove, ambas na Zona Oeste. Para dar seguimento aos atos, associações de moradores da City Lapa, Vila Leopoldina e Alto da Lapa, além dos Conselhos de Seguraça da Lapa, Vila Leopoldina e Perdizes/Pacaembu, fizeram abaixo-assinado contra a saída de Pepe do órgão.
“A prefeitura, por causa de uma atitude politica de apadrinhamento, tirou uma pessoa comprometida com resultados do Psiu”, reclama o deputado estadual Coronel Camilo (PSD), autor da lei que proíbe os pancadões no estado. Ele acompanhou algumas ações do órgão para coibir esse tipo de festa em vias públicas. A escolha da advogada também foi questionada pelo fato de sua mãe e o marido serem sócios de um bar na Vila Leopoldina.
Em nota, a secretaria de Coordenação das Subprefeituras afirmou que o cargo de chefia do Psiu é de livre provimento, passível de mudança a qualquer momento, e que a troca foi motivada por questões técnicas. “Tanto a indicada quanto o funcionário que deixa o posto são advogados e as atividades pregressas de ambos não configuraram impeditivo para o desempenho das funções”, disse a pasta na nota.
Sobre o fato de a família da nova diretora ser dona de um bar, a secretaria disse que o estabelecimento será vendido.