Francisco Cembranelli
Ao conseguir a condenação dos assassinos da menina Isabella Nardoni, o promotor se transformou em um símbolo da Justiça
Com a irretocável acusação que condenou a cerca de trinta anos de cadeia o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pelo assassinato da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, o promotor Francisco Cembranelli conseguiu algo raro no mundo da Justiça: ganhou status de celebridade. Sua rotina agora inclui pedidos de autógrafos e felicitações por toda parte.
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“Como sou tímido, fico sem jeito com esse assédio todo”, confessa ele, que tem 49 anos, nasceu em São José do Rio Preto, no interior do estado, e mora na capital desde 1998. “Mas fico contente, pois isso mostra que ajudei a melhorar a imagem da Justiça no país.”
No mês passado, ele voltou aos holofotes ao atuar no julgamento de um dos sete acusados do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. A sentença foi de dezoito anos de prisão — sua 1 071ª vitória nos 1 093 júris de que participou em 22 anos de carreira.
À vontade na profissão, ele diz não se abalar com as ameaças de morte e os relatos cruéis que pontuam seu dia a dia. Na tarde seguinte à condenação do réu do caso Celso Daniel, foi assistir a “Harry Potter e as Relíquias da Morte — Parte 1”. Levou junto os filhos Guilherme, de 11 anos, e Rafael, de 9, frutos de seu casamento com Daniela Sollberger, chefe da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
“Faço o possível para a tensão do meu trabalho não contaminar minha vida particular”, conta o promotor, que em dias tranquilos troca os sapatos bem lustrados por tênis esportivos para correr pelo menos 10 quilômetros. Outro hobby sagrado é acompanhar os jogos do Santos, do qual é conselheiro. “Ainda mais nesta ótima fase do clube.”