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Frota de food trucks cai pela metade após moda

Em sites como OLX e Mercado Livre, há pelo menos 140 veículos do gênero à venda

Por Mariana Rosario Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 abr 2017, 18h56

Não só de roupas e acessórios vivem as modas passageiras. Na capital, é comum ver atrações gastronômicas virar hit para logo depois cair no esquecimento. Nos últimos anos, esse movimento atingiu as paletas mexicanas, os cupcakes, o frozen yogurt… Tanta gente enxerga a oportunidade de lucrar com as tendências que o mercado acaba saturado. Em pouco tempo, o fenômeno esfria e segue apenas com alguns sobreviventes.

Os food trucks enguiçaram nessa mesma montanha-russa. Caminhõezinhos, vans e Kombis tomaram as ruas a partir de 2014. Variado, seu cardápio inclui massa, comida mexicana e cerveja artesanal, entre outras coisas. O negócio configura uma variação das tradicionais carrocinhas de cachorro-quente, com pegada gourmet e preços quase sempre mais salgados.

Passado o frisson inicial da novidade e com tantos concorrentes na praça, os administradores do ramo resolveram pisar no freio. De acordo com um levantamento do Sebrae-SP, circulavam em São Paulo, em 2015, cerca de 300 veículos do tipo. O Guia Food Trucks, de Osvane Mendes, chegou a ter registrados em sua plataforma nesse mesmo ano 400 automóveis.

Apesar da diferença entre os números, ambas as fontes apontam que a frota caiu pela metade. “Muita gente costuma perder dinheiro com essas modas por causa da oferta excessiva e da falta de experiência de alguns empresários”, avalia a consultora Karyna Muniz, do Sebrae-SP. Em sites como OLX e Mercado Livre, há pelo menos 140 veículos do gênero à venda, por valores a partir de 12 000 reais, 40% menos do que o produto valeria caso o mercado estivesse em alta.

Entre aqueles que amargaram prejuízos, aparece o chef Rafael Coutinho, de 29 anos, com passagem por restaurantes como o D.O.M. Em 2014, ele pôs o pé na estrada e investiu na venda de pratos caprichados por até 30 reais. O sonho durou apenas um ano e três meses. “Parte dos clientes queria mais conforto, preferia sentar-se embaixo do ar-condicionado para almoçar”, analisa.

Geigner: investimento de 90 000 reais em van e dívida no banco (Reinaldo Canato/Veja SP)

Ainda na ativa, Gustavo Geigner, de 33 anos, trocou no começo do ano sua Kombi por um veículo de 90 000 reais. As vendas de seus lanches despencaram, e lhe restou uma dívida no banco. “Estou tentando vender o carro”, lamenta o rapaz, que nos tempos áureos faturava 40 000 reais por mês. Muitos dos chamados food parks, espaços que concentram diversos veículos, também sumiram do mapa.

O Marechal, em Santa Cecília, durou seis meses e acabou no fim de 2015. O PikNik Faria Lima resistiu cerca de um ano e fechou em 2016. Desde janeiro, contabilizaram-se as baixas das feirinhas da Praça Oswaldo Cruz, nos arredores da Paulista, e da Rua Gaivota, em Moema. Ambas perderam a autorização da prefeitura para operar. A administração municipal diz que está reestruturando as regras para a ocupação desses locais.

No Calçadão Urbanoide, no Baixo Augusta, resistem 27 negócios, entre automóveis e barraquinhas. Em dois anos, o público dali caiu de 6 000 para 3 000 pessoas por fim de semana. O food park Panela na Rua, em Pinheiros, que funciona apenas uma vez na semana, adaptou-se aos novos tempos: cortou pela metade a quantidade de expositores, após ver o número de frequentadores ret rairse de 6 000 para 1 500 pessoas aos domingos, e segue lucrando.

Antes Butantan Food Park, o Vila Butantan tem agora os negócios itinerantes como minoria. Reinventou-se com lojinhas e restaurantes instalados em contêineres. Muitos donos de veículos desviaram as atenções também para eventos e ações corporativas. Responsável há quatro anos pelo pioneiro Buzina Food Truck, Márcio Silva pretende expandir o negócio. “Adaptamos o cardápio para manter preços justos”, conta.

Com dois carros, a marca deve inaugurar neste semestre uma hamburgueria em Pinheiros. Também entrou na onda de migração para pontos fixos o La Peruana Cevichería, campeão da categoria “food trucks” no especial VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER de 2015. “O caminhão foi uma porta de entrada para o restaurante”, afirma a chef Marisabel Woodman, que recebe 700 clientes por fim de semana em um pequeno salão nos Jardins.

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O QUITUTE DA VEZ
Algumas modas gastronômicas recentes na cidade

Temaki
Lojas dedicadas ao cone oriental viraram hit em 2008

Cupcake
O bolinho confeitado foi sucesso em 2009

Frozen yogurt
O iogurte gelado bombou em 2010

Brigadeiro
O docinho, em versões diferentes, marcou 2012 com as brigaderias

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Paleta mexicana
O picolé brilhou em 2014 e foi para a geladeira um ano depois

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