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Estudantes manterão ocupações até governo oficializar fim da reorganização

Durante assembleia em escola estadual, alunos decidiram esperar suspensão do projeto do governo ser publicada no Diário Oficial

Por Nataly Costa
Atualizado em 1 jun 2017, 16h28 - Publicado em 4 dez 2015, 20h16

Estudantes decidiram na noite desta sexta-feira (4) manter as ocupações em cerca de escolas em todo o estado, iniciadas em 9 de novembro como protesto contra a reorganização de ciclos de ensino. A ideia é esperar a oficialização que a suspensão da ideia, anunciada hoje pelo governador Geraldo Alckmin, seja publicada no Diário Oficial.

A reunião na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Caetano de Campos, na Aclimação, começou por volta das 19h. Cerca de cem representantes de diversas instituições ocupadas compareceram. Logo no início, houve consenso de que é preciso aguardar a documentação da suspensão, o que deve acontecer neste sábado (5). “Não podemos arredar pé”, disse um dos presentes, sob aplauso.

Em seguida, os alunos começaram a debater outras questões sobre o movimento. Membros de movimentos estudantis de Minas Gerais e Rio Grande do Sul também pediram a palavra e apoiaram os paulistas.

Escolas ocupadas
Escolas ocupadas ()
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Demissão de secretário

Antes do anúncio de recuo do governo em relação ao projeto de reorganização de escolas estaduais, o então secretário da Educação, Herman Voorwald, enviou carta ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) informando que deixaria o cargo. 

Alckmin aceitou o pedido. VEJA SÃO PAULO apurou que dois nomes são cotados para a vaga: o desembargador José Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, que se despede do comando do órgão no fim de dezembro, e Alexandre Schneider, ex-secretário da Educação do município na gestão de José Serra e Gilberto Kassab (2005-2008).  

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O presidente do TJ afirma que até agora não foi convidado por ninguém. “Não falaram comigo. Por enquanto é tudo especulação”. Questionado se aceitaria o cargo, caso fosse convidado, o magistrado desconversou: “Não dá para vaticinar”.  

A saída de Voorwald decorre da avaliação de que ele não soube conduzir a discussão em torno do projeto, que acabou se transformando no maior desgate político do governador em 2015.

Suspensão

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O estopim da crise foi a mudança na decisão dos alunos  em sair das unidades e protestar nas ruas da capital. O último sinal de enfraquecimento do agora ex-secretário foi a nomeação do chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, nesta quinta (3), como negociador do impasse com os estudantes. 

Antes disso, causou constrangimento no Palácio dos Bandeirantes a entrevista de Voorwald, concedida no último dia 25 à rádio CBN, em que ele afirmou ter vergonha” dos resultados da educação do Estado 

O secretário não teria conseguido emplacar a tese de que o movimento era político e partidário. Ele teria, ainda, apresentado avaliações imprecisas sobre o cenário e demonstrado dificuldades de estabelecer pontes de diálogo com os líderes do movimento para desmobilizar as ocupações.

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A avaliação entre os tucanos paulistas é que a resistência ao processo de reorganização e as ocupações vinham causando um desgate a Alckmin maior até que a crise hídrica. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, seis em cada dez paulistas são contra a reorganização e 55% dos entrevistados apoiam as ocupações. O levantamento também revelou que Alckmin nunca enfrentou uma rejeição tão alta: 40% dos entrevistados classificam a gestão como regular, 30% como ruim e péssima e apenas 20% como ótima e boa.

A reorganização previa o fechamento de 93 escolas e a transformação de 754 unidades em ciclos únicos. O argumento é de que o projeto provocaria melhora nos indicadores educacionais. Além da oposição de alunos e professores, instituições como a USP, Unicamp, Unesp e UFABC se posicionaram contrários ao projeto. Uma das críticas de especialistas e alunos é que o governo não havia realizado discussões sobre o projeto antes de anunciá-lo.

Voorwald assumiu a secretaria em 2011, quando deixou o cargo de reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). No início do ano, sua saída já havia sido dada como certa, mas, naquele momento, o governo não conseguiu encontrar um substituto. Em setembro, o secretário participou de processo seletivo para a reitoria do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), tentativa posteriormente abandonada antes do resultado final.

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Além de enfrentar a ocupação de escolas, o secretário conviveu no primeiro semestre neste ano com a maior greve de professores da escolas. O governo não concedeu reajuste aos professores neste ano.

Recuo

Em pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin anunciou a suspensão, afirmou que os alunos estudarão em 2016 em suas escolas e que será aberto diálogo com cada uma das unidades. “Recebi e respeito a mensagem dos estudantes e dos familiares, com suas dúvidas e preocupações. Nossa decisão é de adiar a reorganização”, afirmou Alckmin, que, no pronunciamento, citou o papa Francisco, que afirma preferir o diálogo à violência.

A assembleia dos estudantes terminou por volta das 20h40. Houve muita comemoração e até queima de fogos. “Sou estudante, tô ocupado, só vou com sair com decreto revogado”, gritaram os manifestantes.

(Com Estadão Conteúdo)

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