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“Encontrei o amor depois dos 40 anos”

Airton Gontow e Maria Gontow, casal que criou o Coroa Metade, site de relacionamentos para pessoas mais velhas, contam sua história de amor

Por Airton Gontow, em depoimento à Fernanda Campos Almeida
10 dez 2021, 06h00

“Eu me separei aos 43 anos e achei que nunca mais me casaria. Fiquei pouco tempo casado e achei que isso não funcionava para mim. Em 2000, criei um baile de Carnaval chamado Carnaval à Moda Antiga, no qual tocava marchinhas famosas.

Enquanto trabalhava no evento, notei uma mulher no meio do salão. Sabe aquelas cenas de filme em que você só enxerga a pessoa no meio da multidão e tudo ao redor dela fica desfocado? Até parecia que eu já a conhecia. Dei uma volta, mas, sem coragem, não falei com ela.

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Eu não tinha mais prática de paquera. Um homem alto e bonitão apareceu e a tirou para dançar. Eu, triste, voltei para meu cantinho para trabalhar. Às 3 da manhã fiquei me perguntando: ‘Será que aquele cara realmente estava com ela ou ele a tirou para dançar apenas uma vez? Talvez ele tenha ficado se mostrando como atleta e ela o achou um chato!’.

Imagem mostra um homem e uma mulher se abraçando com um campo verde ao fundo.
Airton e Maria. (Arquivo pessoal/Reprodução)

Fui procurá-la novamente e a encontrei pisando no último degrau da saída, em direção a um carro. Corri até lá e disse: ‘Oi! Eu não sei dançar, mas sou bom de papo. Você quer tomar um café comigo?’. Ela respondeu: ‘Tomo’. Assim eu conheci Maria.

Pedi o telefone dela e marcamos um jantar dois dias depois. Na hora de pagar a conta, misturei as senhas dos meus três cartões e bloqueei todos eles. O dono do local disse à Maria que eu era atrapalhado, mas honesto, e que depois acertaria a conta com ele.

No encontro seguinte, quis fazer um jantar especial em casa com tapas espanholas e fondue. Perguntei a três críticos de gastronomia qual bebida harmonizaria com os queijos que comprei. Todos aconselharam a compra de um vinho branco.

Quando estava quase no caixa do mercado para pagar o vinho, mudei de ideia e o troquei pelo tinto. Na minha cabeça, harmonizaria melhor com paixão e um primeiro beijo.

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Provavelmente beijei mal naquele encontro, mas o vinho deu certo. Ao longo do namoro, fizemos várias viagens, umas delas para a França. Antes de voltar ao Brasil, começou a chover, mas insisti em ir à Torre Eiffel pela última vez.

À meia-noite, o monumento acendeu as luzes e lembrei Maria que era seu aniversário. Disse a ela para fechar os olhos e fazer um pedido. Quando ela abriu, eu estava de joelhos com uma aliança de noivado. Ela me pediu que eu lhe colocasse o anel na roda-gigante que ficava próxima. A atração estava dando a última volta e, vendo Paris do alto, coloquei a aliança em seu dedo.

Por acreditar no amor de novo, eu e Maria criamos o Coroa Metade, site de relacionamentos para pessoas mais velhas, para que outros tenham a oportunidade que nós tivemos.

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A ideia surgiu depois que encontrei antigos amigos, a maioria divorciados. Eles diziam que tinham companheiras, mas não companhia; sobravam mulheres que queriam passar a noite, mas não encontravam alguém com os mesmos valores e objetivos. Para minhas amigas, a situação era pior ainda.

Há um ano e meio tive uma Covid muito forte, resultando em uma trombose e pneumonia. Na maca, achando que ia morrer, eu refletia sobre meus sonhos de tentar a vida fora do Brasil com Maria e os cursos que prometemos fazer.

Imagem mostra um homem abraçando uma mulher por trás. Os dois vestem camisetas vermelhas.
O casal, que se conheceu no Carnaval de 2000. (Arquivo pessoal/Reprodução)

Não sabia que tinha me infectado quando cheguei ao hospital e me arrependi de não ter dito ‘te amo’ e ‘você é a mulher da minha vida’. Mandei uma mensagem a ela perguntando se iríamos viajar para o exterior caso eu conseguisse sair do hospital. Ela respondeu que venderíamos tudo o que tínhamos para fazer essa aventura.

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Toda noite antes de dormir, eu escolhia algumas fotos minhas com Maria no Facebook e ficava repetindo na minha cabeça ‘Maria, Maria, Maria…’ até pegar no sono. Eu tinha medo de não acordar mais. Queria que minha alma e meu corpo entendessem que havia alguém me esperando. Acho que isso me salvou.

Quando recebi alta, me avisaram que Maria me esperava na calçada, a 100 metros de distância. No meio do caminho eu tive de parar para descansar e me trouxeram uma cadeira de rodas para que eu chegasse até ela.

Hoje caminhamos mais de 10 quilômetros todos os dias em Israel, onde moramos há cinco meses, e estamos fazendo cursos de idiomas e fotografia.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 15 de dezembro de 2021, edição nº 2768

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