Em ‘Diário Perdido’ diretora francesa aborda conflitos femininos
A trintona Audrey pensa em abortar e não cultiva relações muito cordiais com a mãe, interpretada por Catherine Deneuve
Ainda em cartaz no Cine Bombril, o drama inglês Educação traz um registro bacana da mulher na década de 60 e retrata as escassas opções profissionais de uma espevitada adolescente londrina. Aborda assunto similar a fita francesa Diário Perdido, que tem pré-estreia neste sábado (20) e chega aos cinemas na sexta (26). Dirigido por Julie Lopes-Curval, o filme foca as mulheres, sobretudo as maduras. Na trama, a trintona Audrey (Marina Hands, de Lady Chatterley) chega à casa dos pais, no litoral da França. A moça está grávida, pensa em abortar e não cultiva relações muito cordiais com a mãe, Martine (Catherine Deneuve), médica de frieza e rispidez ímpares.
Audrey mora em Toronto, no Canadá, e precisa esfriar a cabeça na temporada à beira-mar. Em seus dias seguintes, porém, vai deparar com um enredo de telenovela. Na casa vizinha onde morou seu avô recém-falecido, ela encontra um velho caderno de receitas. Entre as anotações, uma polpuda quantia em dinheiro e revelações feitas por Louise (Marie-Josée Croze), sua avó materna que, nos anos 50, abandonou o marido e os dois filhos ainda crianças para trilhar o próprio caminho.
O título no original, Mães e Filhas, tem mais força, e o longa-metragem trata justamente disso: relações familiares conflituosas. Há Louise, que desprezou Martine, que rechaça Audrey, que pretende fazer um aborto. Seja no passado, seja no presente, essas personagens traduzem fielmente as ambições, escolhas, aflições e sentimentos femininos. O olhar de cumplicidade da cineasta contribui para deixar o retrato ainda mais arguto.