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Com dívida de 200 000 reais, PSDB vai cobrar “dízimo” dos filiados

Partido deve ainda 17 milhões a ex-marqueteiro por campanha de Serra à prefeitura de São Paulo

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 5 dez 2016, 11h46 - Publicado em 26 dez 2015, 15h35

O presidente municipal do PSDB quer cobrar um “dízimo” mensal dos filiados do partido na tentativa de tirar a legenda do vermelho. A dívida do diretório paulistano do partido é de 200 000 reais. 

O recolhimento servirá para pagar despesas básicas de funcionamento da sigla, como aluguel da sede, pagamento de funcionários, advogados e contador, além de financiar o processo das prévias que escolherão o candidato à prefeitura de São Paulo em 2016. “Temos que preparar as prévias e não temos dinheiro. Em 2012, elas custaram 300 000 reais. Por isso, no ano que vem, vamos propor que os filiados contribuam, o que não é uma tradição do partido”, disse o vereador Mário Covas Neto, presidente do PSDB paulistano. Os tucanos estimam um gasto de cerca de 250 000 reais na realização da disputa interna, marcada para o fim de fevereiro.

Segundo ele, o assunto será discutido durante reunião da Executiva do partido no dia 11 de janeiro. “A ideia original é que o filiado pague uma contribuição conforme sua taxa de renda”, detalhou o dirigente. O ex-tesoureiro do PSDB paulista Felipe Sigollo ratifica a medida. “Acho uma decisão mais do que justa. A cobrança foi algo que sempre defendi, mas nunca aconteceu”, afirmou.

Segundo Sigollo, o diretório municipal do PSDB não tem nenhuma fonte fixa de recursos. “É uma tradição o presidente do partido ir atrás de doações e promover jantares.” São raros os casos de parlamentares que contribuem com regularidade para os cofres do PSDB. No PT, por exemplo, os filiados com cargo público e eletivo são obrigados a pagar uma taxa fixa mensal.

Para o ex-deputado José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, a ideia é “simpática”, mas ele prevê que haverá resistência interna. “O partido precisa encontrar meios de pagar as suas contas”, disse. Ele é um dos pré-candidatos à prefeitura de São Paulo.

Antes do “dízimo”, o PSDB paulistano havia causado uma polêmica interna ao cobrar uma taxa de 20 000 reais dos interessados na disputa à vaga de candidato municipal. Os dois inscritos, até o momento, Andrea Matarazzo e João Doria jã pagaram o valor. 

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Disputa judicial

A empresa Campanhas Comunicação Ltda., do jornalista Luiz González, responsável pelas campanhas presidenciais do PSDB em 2006 e 2010, cobra do partido na Justiça uma dívida de 17 milhões de reais referente aos serviços prestados em favor do hoje senador José Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2012.

A ação foi iniciada em setembro, depois que o presidente estadual da legenda, o deputado Pedro Tobias, eleito para o cargo em julho, decidiu não cumprir um acordo verbal fechado com a gestão anterior. O valor original das notas era de 8 milhões de reais e chegou a 17 milhões devido a multas, atualização monetária, juros de mora e honorários advocatícios.

O dirigente reconhece a dívida, mas alega que a sigla está enfrentando uma grave crise financeira e com dificuldade até para pagar funcionários e o aluguel de sua sede. “O problema é que não temos dinheiro para pagá-lo. Estou com o Fundo Partidário cortado até julho do ano que vem. O trocadinho que estamos gastando agora é o que sobrou da campanha do Geraldo [Alckmin] para governador”, disse Tobias. Procurado pela reportagem, o marqueteiro preferiu não se pronunciar.

Já em 2012, quando presidia o partido pela primeira vez, o deputado tentou impedir que o diretório estadual assumisse a dívida da campanha. “Essa dívida não é do estadual, é de campanha municipal. O diretório não devia ter assumido”, afirmou.

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Em caráter reservado, ex-integrantes da direção tucana reconhecem que havia sido feito um acordo com o marqueteiro.

A “penúria” do partido, segundo Tobias, se deve a erros contábeis em prestações de contas que levaram o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a proibir o diretório estadual de receber repasses do Fundo Partidário do PSDB nacional, no início da década de 2010. “Prevejo muito pouco dinheiro na campanha do ano que vem. Quem doava ou está preso ou está quebrado. Ninguém vai ajudar a gente. Quem vai pagar a campanha de TV na capital? Caixa 2 é perigoso”, declarou Tobias.

O assunto da dívida foi tratado em um encontro entre Tobias e o secretário de Transporte e Logística de São Paulo, Duarte Nogueira, ex-presidente do PSDB paulista. Ao ser questionado sobre o tema, o atual dirigente afirmou que o partido teria de demitir funcionários e corria até o risco de ser obrigado a deixar sua sede, um casarão na Avenida Indianópolis. No final da conversa, Tobias acrescentou que esperava “a qualquer momento” a visita de um oficial de Justiça.

O imbróglio acabou gerando um mal-estar entre o diretório nacional do PSDB, presidido pelo senador Aécio Neves (MG), e o braço paulista da legenda.

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