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Diretores de maquiagem de grandes grifes saem da sombra

Peter Philips e outros são exemplos da importância desse profissional na criação de uma nova coleção

Por Kênya Zanatta, de Paris, e Simone Esmanhotto
Atualizado em 5 dez 2016, 17h35 - Publicado em 23 nov 2011, 15h30

Em 1994, Peter Philips — este rapaz que se veste de cores neutras e alfaiataria clássica — estava mais perto do garoto belga cujo sonho era maquiar a mãe vaidosa do que de ocupar o cargo mais importante do universo dos cosméticos atualmente. Instalado em Paris havia um ano, o ex-estudante de moda flanava pela capital francesa com um portfólio de fotos quase amadoras debaixo do braço e fuçava as prateleiras em busca dos novos produtos de maquiagem. Philips chegou a enfrentar fila para adquirir o Rouge Noir nº 18, esmalte lançado naquele ano pelos então diretores de maquiagem da Chanel, Heidi Morawetz e Dominique Moncourtois, para mimetizar a cor de sangue seco. Quinze anos mais tarde, ele desbancaria esse clássico das unhas à moda francesa — hoje conhecido como Vamp e um best-seller da marca do duplo C — ao propor, como diretor criativo de maquiagem da Chanel, a cor 407, um verde-claro pensado para combinar com as bijuterias de estilo art déco que apareceram no desfile de inverno 2009 de Karl Lagerfeld, estilista da maison.


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Batizado de Jade e feito em edição limitada, o vidrinho se esgotou tão rapidamente que exemplares pipocaram no site de vendas eBay por 100 dólares, quatro vezes o preço original, e marcas populares trataram de saciar a vontade das consumidoras com cópias verde-abacate. O 407 é só o exemplo mais notório do que Philips promoveu ao substituir Morawetz e Moncourtois, em 2008. Mais do que criar esmaltes de sucesso, ele colocou os cosméticos no ritmo acelerado das passarelas, atiçando desejos de consumo a cada temporada. Em outras palavras, virou uma espécie de Lagerfeld da beleza. “Eu trabalho com o lado mais democrático da moda, com texturas e cores em constante evolução”, diz Philips a VEJA SÃO PAULO LUXO.

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A função dele vai além de criar o rosto e as unhas de uma coleção, definindo palhetas de cores. Ele também coordena o trabalho dos químicos que desenvolvem as fórmulas e dos designers das embalagens e colabora com os departamentos de imprensa e de marketing para divulgar cada coleção. Ah, sim, Philips ainda consegue exercer sua função original: maquiar. São dele as modelos para as campanhas publicitárias e os desfiles da Chanel. Nesta estação, o resumo de tal multitarefa se concentra na Illusion d’Ombre, linha com seis cores de sombra iridescente de textura inovadora — entre creme e musse —, mais fácil de aplicar do que a versão em pó e mais sutil na intensidade da cor (144 reais a unidade).

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Philips não foi o único que saiu da sombra para virar ditador de estilo. No ano passado, a Yves Saint Laurent contratou o canadense Lloyd Simmonds, que vem renovando — a exemplo do estilista da grife Stefano Pilati — os clássicos da marca, como a linha de batons Rouge Pur Couture (152 reais), que tem dezoito tons inspirados nas cores favoritas do costureiro Saint Laurent (a saber, vermelho, fúcsia e laranja). É a filosofia de Olivier Echaudemaison, que trocou os pincéis usados para maquiar de Jacqueline Kennedy Onassis a Grace Kelly pela Guerlain.

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No comando da beleza da marca criada em 1870, ele idealizou, inclusive, a embalagem do pó bronzeador Terracotta — uma caixinha artesanal de madeira que remete à cultura inca (146 reais) — e a da linha Rouge Automatique, inspirada em um batom lançado pela Guerlain em 1936 (145 reais). A linha de beleza da Dior é comandada há mais de trinta anos por Tyen, artista de origem vietnamita que também fotografou algumas das mais bem-sucedidas campanhas publicitárias da marca. “Fazer do diretor criativo uma estrela significa dar personalidade aos produtos”, afirma Alice Leeburn, editora de beleza do escritório inglês de análise de tendências WGSN. “Fica mais simples contar as novidades à consumidora.”

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O trabalho dos diretores de criação de beleza começa mais de um ano antes de o produto chegar às lojas — e isso quando se trata apenas de atualização de cores. Para a criação de um produto novo, o prazo pode chegar a cinco anos. Isso se deve aos inúmeros testes a que as fórmulas são submetidas para garantir, entre outras coisas, que não causarão alergias, até descobrir sua eficácia. As grandes marcas geralmente desenvolvem suas próprias fórmulas e texturas em laboratórios internos nos quais os projetos são tratados como segredos de Estado. “Trabalhamos sempre de olho no futuro, e isso significa captar os desejos que as mulheres nem sabem ainda que terão”, diz Nicolas Degennes, da Givenchy.

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Na visita desta reportagem, em setembro, ele já trabalhava na coleção inverno 2013. É dele o Phenomen’Eyes (228 reais), máscara para cílios com aplicador em forma de ouriço, que já vendeu mais de 1,5 milhão de unidades desde o lançamento, três anos atrás, e foi copiada em todo o mundo. Com tantas previsões acertadas, talvez em breve, para saber a cara das próximas estações, seja preciso montar primeiro o nécessaire e só então preencher o guarda-roupa.

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