“Dieta Mediterrânea”: triângulo amoroso apimentado
História do diretor Joaquín Oristrell gira em torno de uma cozinheira dividida entre o marido e o amante
Na literatura, no teatro, no cinema e na televisão, os triângulos amorosos quase sempre convergem para discussões do público. Que o diga Berilo, o personagem de Bruno Gagliasso na novela “Passione”, indeciso entre as duas esposas. Até a última semana da trama de Silvio de Abreu, o espectador se dividiu sobre a escolha do bígamo. Se trocarmos o sexo dos personagens, ocorre algo parecido na comédia espanhola “Dieta Mediterrânea“. A história gira em torno de uma cozinheira não muito feliz em largar o marido certinho para entregar-se de vez ao ardente amante.
Produtor do formidável longa-metragem “Entre as Pernas” (1999), o diretor catalão Joaquín Oristrell, assim como seus atores principais, tem carreira na TV — daí, em alguns momentos, o flerte com a graça dos seriados e com o drama dos novelões. De ritmo ágil e humor espirituoso, a fita acompanha quatro décadas da vida de três protagonistas. Nos anos 80, a jovem Sofia (Olivia Molina) larga o namorado, Toni (Paco León), para ser chef de cozinha num hotel cinco-estrelas a convite do maître Frank (Alfonso Bassave). Pinta, então, uma incontrolável atração. Ela acaba abandonando o emprego depois do pedido de casamento feito por Toni e tem três filhos. Tudo vai bem até… reencontrar Frank. Após entreveros, o trio acerta os ponteiros e abre um restaurante de luxo na cidadezinha litorânea onde vive. Começa assim uma relação que tende a extrapolar os compromissos profissionais.
Emblemático relacionamento a três, “Jules e Jim” (1961), de François Truffaut, serve de referência explícita ao enredo. O roteiro mostra-se equilibrado ao propor um romance amoral, picante e ousado. Com a simpatia dos intérpretes e o tratamento leve para um triângulo amoroso polêmico, fica mais plausível a ideia liberal do filme. Quem deve terminar com Sofia? Façam suas apostas.
AVALIAÇÃO ✪✪✪