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Dezembro nem terminou São Paulo registra recorde de lentidão no ano

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima que na segunda e na terceira semanas do mês o fluxo de veículos aumente até 10%

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

No fim do ano, o trânsito paulistano – que já é um tormento – fica ainda pior. É quando a frota circulante de 3,5 milhões de veículos (de um total de 5,6 milhões) ganha o reforço de carros e ônibus de todo o país que aportam na cidade para as compras de Natal. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima que na segunda e na terceira semanas do mês o fluxo de veículos aumente até 10%. Mas, antes mesmo de dezembro e o ano acabarem, a média anual de lentidão bateu seu recorde (veja quadro). O índice de 128 quilômetros, no perío-do da tarde, ultrapassou os 123 quilômetros registrados em 1996, ano anterior à implantação do rodízio. Prova de que a atual restrição se tornou insuficiente. A medida, implantada em 1997, retira 20% dos carros de circulação. Claramente perceptível de início, o alívio durou pouco. O efeito do rodízio acabou engolido pelo crescimento da frota, de 5% ao ano, em média, e pelo desrespeito de muitos motoristas. Com as facilidades de financiamento, as vendas de carros zero-quilômetro batem recordes a cada mês. E isso, é claro, se reflete nas ruas. Até abril, 500 novos veículos eram emplacados todos os dias na cidade. Atualmente, são 800.

O aumento dos congestionamentos trouxe de volta a idéia de ampliação do rodízio. No último dia 6, foi a vez de o vereador Ricardo Teixeira defender a medida. Ele é autor de um projeto de lei, aprovado em primeira votação, que amplia a restrição para toda a cidade, todos os dias. Segundo a proposta, em ano ímpar, veículos com placas ímpares ficam proibidos de rodar das 7h às 8h30. Entre 8h31 e 10h, a medida vale para as placas pares. À tarde, funcionaria da mesma forma, nos horários das 17h às 18h30 e das 18h31 às 20h. O modelo é inédito no mundo. “O objetivo é tirar de circulação 50% dos veículos nos horários de pico”, explica Teixeira, ex-funcionário da CET. O prefeito Gilberto Kassab disse que vetaria o projeto, mas o vereador Ricardo Teixeira retirou a proposta da pauta na última quarta. “Nossa prioridade é o transporte público e a construção de novos corredores de ônibus”, afirma. A possibilidade de mudança também passa longe da CET. “Não há planos de alteração num futuro próximo”, diz o presidente Roberto Scaringella. Veja São Paulo ouviu dez especialistas. Confira a seguir três medidas apontadas por eles que podem, se não solucionar o problema dos congestionamentos, ao menos minorá-lo.

• Aumentar a fiscalização do rodízio

Para a maioria dos especialistas em engenharia de tráfego, a ampliação do rodízio, além de ser paliativa e ter prazo de validade definido, pode ter um efeito colateral indesejado: incentivar os paulistanos a comprar um segundo automóvel, mais velho e mais barato, e engrossar a frota de irregulares. Uma medida importante seria intensificar a fiscalização. Hoje, a fuga do rodízio é a infração mais surpreendida pelos marronzinhos da CET – de janeiro a outubro foram 1,1 milhão de multas, 33% do total. “Apertando o cerco, poderíamos tirar de circulação de 5% a 7% da frota”, diz o ex-presidente da CET Nelson Maluf El-Hage. A cidade dispõe de 36 leitores automáticos de placas (LAPs), espécie de câmeras que fotografam a chapa dos que furam o rodízio. É pouco. Para que as principais vias do centro expandido fossem fiscalizadas teriam de ser alugados mais 110 equipamentos, ao custo de 1,1 milhão de reais por ano. Um investimento que vale a pena.

• Tirar das ruas os carros irregulares

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Estima-se que 1,6 milhão de veículos, ou 30% da frota, estejam na ilegalidade. Ou seja, não pagam IPVA, multas nem licenciamento e, por isso, rodam despreocupados com o rodízio. Se fosse autuado, todo esse contingente irregular deixaria as ruas da cidade. A partir de maio de 2008, esses veículos poderão ser detectados com a ajuda de um dedo-duro tecnológico: os chips eletrônicos. Colado no pára-brisa do carro, o aparelhinho vai permitir o rastreamento de automóveis roubados e, principalmente, dos irregulares, que serão identificados por 2.500 antenas instaladas nas ruas. Outra maneira de conter abusos da frota clandestina é aumentar as antigas blitze, que se tornaram raras. Neste ano, a Polícia Militar realizou apenas uma operação exclusiva para flagrar veículos irregulares.

• Pedágio nas regiões centrais

Já que barrar o crescimento da frota é algo inviável, cobrar pedágio de motoristas que queiram circular por regiões congestionadas tem sido a receita adotada por algumas cidades do mundo, como Londres, Cingapura e Estocolmo. Para que o pedágio funcionasse por aqui, especialistas calculam que teria de ser adotado em 212 quilômetros de vias centrais ao custo de, no máximo, 2 reais. A cobrança poderia ser feita por meio dos chips eletrônicos e geraria uma arrecadação de cerca de 700 milhões de reais por ano. “É uma boa medida desde que o valor arrecadado seja revertido para financiar obras do transporte coletivo”, diz o engenheiro de tráfego Francisco Moreno Neto.

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