‘Destinos Ligados’ tem triste painel feminino
Diretor colombiano Rodrigo García traz formula de histórias simultâneas em novo filme
Filho do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Rodrigo García faz 51 anos no próximo dia 24. Embora nascido em Bogotá, solidificou sua carreira de cineasta nos Estados Unidos. ‘Coisas que Você Pode Dizer Só de Olhar para Ela’, seu comovente primeiro longa-metragem, faturou em 2000 um prêmio no Festival de Cannes. Na última década, envolveu-se em seriados para a TV americana (como ‘A Sete Palmos’) e fez dois filmes esquecíveis: o inédito ‘Nine Lives’ (2005) e o suspense espírita ‘Passageiros’ (2008). Seu retorno se dá com Destinos Ligados, não à toa um drama feminino que remete à fita de estreia.
São três narrativas correndo alternadamente. Perto do desfecho, elas se juntam. Algo similar foi feito, por exemplo, no recente ‘Vidas que Se Cruzam’ — trata-se de uma fórmula gasta, mas que ainda rende frutos. O roteiro mostra o cotidiano de Elizabeth (Naomi Watts), uma advogada de respostas ácidas e capaz de usar seu poder de sedução para conquistar o chefe (Samuel L. Jackson).
Há ainda as desventuras de Karen (Annette Bening), uma fisioterapeuta travada emocionalmente, e de Lucy (Kerry Washington), uma empresária que deseja ser mãe. O tema principal é a maternidade, e os enredos se abrem em pequenas surpresas: Elizabeth fica grávida, Karen abandonou seu bebê quando ela era adolescente e Lucy parte para uma adoção.
Além de um competente diretor de atores, Rodrigo García, também roteirista, revela-se craque em criar diálogos por vezes desconcertantes. Elizabeth, personagem marcada por um passado inglório, dispara sinceridades avassaladoras. Karen, um poço de rancor e frustrações, tenta se reequilibrar a fim de assumir uma nova paixão. Cheias de orgulho e fragilidades, elas traduzem os sentimentos de mulheres comuns, não necessariamente adoráveis.
AVALIAÇÃO ✪✪✪