“Mataram um homem cheio de vida”, diz ex-mulher de personal atropelado
Cristiano Stridelli Ferreira, de 41 anos, foi atingido por um carro no domingo (26) em frente à boate D-Edge
“O sentimento é de impunidade. É de uma revolta muito grande”, diz a gerente comercial Camila Leão Ribeiro, de 39 anos, que durante os últimos sete anos foi casada com o personal trainer Cristiano Stridelli Ferreira, de 41 anos. Ele morreu após ser atropelado na porta da boate D-Edge, na Barra Funda, no domingo (26). O atropelador, o garçom Yuri Jardim Novaes Medeiros da Silva, de 28 anos, deixou a prisão na noite de segunda (27), após pagar fiança de dez salários mínimos. Segundo a polícia, ele estava embriagado, não possuía habilitação e portava pinos de cocaína.
Confira abaixo o depoimento de Camila:
“A morte dele foi um impacto muito forte. Ainda na delegacia, a família conta que ficou chocada com a atitude do atropelador. Em nenhum momento ele pediu desculpas pelo que aconteceu. Apenas insistia em se defender. A justiça tem que ser feita, pois nenhum dinheiro vai pagar a ausência de uma pessoa querida, de um coração enorme.
Quando soubemos que o rapaz havia sido solto veio aquele sentimento de impunidade, uma revolta muito grande. Em que país nós estamos? Uma pessoa sem carteira, embriagada, ainda encontraram entorpecentes com ele. O cara matou um homem cheio de vida, cheio de projetos, sonhava em ter filhos e montar o próprio estúdio de personal trainer. Tinha uma preocupação muito grande com o bem-estar das pessoas. Era o único homem da família e ajudava a pagar as contas da casa onde morava na Zona Oeste com as duas irmãs e a mãe, que é dona de casa. O pai morreu de problemas cardíacos há quatro anos.
No domingo, ele ia ter um almoço em família, como costumava acontecer em vários domingos. Ia ter macarronada. Ele é descendente de italianos, aí já viu, né. Também estava em busca de uma casa em Maresias para alugar e passar os fins de semana com os amigos.
Nós fomos casados de 2007 a 2014 e decidimos nos separar em junho do ano passado, mas continuamos muito amigos. A gente morava em Brasília. Eu fiquei e ele retornou para São Paulo. Nós nos apoiávamos muito. Lembro quando nos conhecemos, em um churrasco com amigos em São Paulo. Ele tinha um jeitão muito sociável e engraçado. A química foi imediata. Ele largou tudo para ir para Brasília comigo, começando do zero, como personal trainer. Em uma semana ele conseguiu emprego de tão batalhador que era. Mas aí veio a separação de comum acordo, os nossos projetos já não eram os mesmos.
Vim de Brasília para dar apoio para a família. Fiquei muito abalada. A gente se falava muito. Tinha um carinho muito grande por ele. O último contato que tivemos foi na quinta-feira, via mensagens no celular. Ele disse que estava muito pensativo em relação à vida e que tinha saudades de algumas épocas. Até parecia que ele estava se despedindo. Agora a busca é por justiça, pois nada vai confortar essa perda.”