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De Diadema para a Alemanha: a história do jovem escritor Alexandre Ribeiro

Natural de Diadema, jovem de 20 anos já vendeu 1 400 cópias do seu livro na base do boca a boca

Por Matheus Prado
Atualizado em 7 jun 2019, 17h51 - Publicado em 6 jun 2019, 15h56

“Me considero um best seller das ruas”, diz Alexandre Ribeiro, de 20 anos. Ele é natural do Jardim Canhema, em Diadema, e vende seu romance Reservado nas ruas de São Paulo e região, tendo comercializado mais de 1 400 unidades da obra lançada em 22 de fevereiro. A rotina do jovem deve mudar em agosto, quando embarca para uma temporada de trabalho voluntário na Alemanha. Mas, apesar da pouca idade, essa não é a primeira empreitada do escritor.

Criado no ABC paulista, Ribeiro precisou trabalhar muito cedo para ajudar a família. Tinha apenas 9 anos quando começou a entregar produtos de limpeza perto de casa. Não parou mais. Ajudou o pai no ramo da construção civil, foi menor aprendiz em uma loja de departamento e, posteriormente, num hotel, “onde limpava privadas”.

(Lucas Sampaio/Divulgação)

Paralelamente a isso, o gosto pela leitura e pela escrita sempre existiu. Seu pai comprava livros de motivação bíblica e “incentivava” que os filhos lessem. A outra opção era ficar de castigo. Ribeiro começou a devorar diversos títulos e a tomar gosto pela coisa. Chegou até a ganhar uma olimpíada de astronomia na escola.

O caminho ficou um pouco menos claro quando seu pai morreu vítima de gripe suína em 2011. Aí o escritor perdeu a mão. “Tinha doze professores na escola e treze vieram reclamar de mim”, lembra. Foi expulso do colégio e ficou perdido em pensamentos ruins. Ele conta que o hip-hop foi essencial para sua recuperação.

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Enquanto mantinha seu trabalho formal no hotel, começou a vender CDs para o rapper Marcello Gugu. A estreia no mundo da venda direta foi um sucesso: 7 000 cópias comercializadas. Fez o mesmo para Renan Inquérito, vendendo 5 000 discos.

Com isso, chamou atenção de peixes grandes. Participou do projeto Énois e co-escreveu a primeira edição do guia Prato Firmeza, em 2016. Depois disso, foi contratado por Emicida para ser assistente de produção no Laboratório Fantasma. Trabalhava diretamente com o astro, organizando compromissos e agenda de shows da trupe. Almejando dar asas para a sua escrita, abandonou o backstage do rap e se tornou colunista do Itaú Cultural.

Com a inquietude de sempre, investiu também na produção de material próprio. Começou pela zine Inflorescência, de poesia. “Poesia para mim é terapia, expurgar monstros no papel”, disse. Logo depois veio o primeiro romance, Reservado, já sobre o guarda-chuva da editora Miudeza, criada pelo próprio.

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A obra, já devorada pela reportagem, conta a história de um jovem que tem uma fixação com os ônibus que passam na quebrada com o destino “reservado”. Quando percebe o caminho trágico que o veículo está traçando, precisa se adaptar à sua nova realidade e descobrir o que realmente está reservado para seu futuro. O livro, que é semiautobiográfico, teve um empurrãozinho importante. Em 2018, Ribeiro foi contemplado com o Incentivo à Cultura do Estado de São Paulo (Proac) e ganhou 25 000 reais para publicar seu material.

(Reprodução/Reservado/Divulgação)

A epopeia do diademense ganhou novo capítulo neste ano. O jovem concorreu e foi selecionado, para uma bolsa de voluntariado na Alemanha. “Procurava essa perspectiva de morar fora do Brasil. Me afastar um pouco do caos”, afirma. Para passar pela entrevista, em alemão, teve que aprender a língua do zero, na internet. Como o prêmio só cobria 80% das despesas, precisou ainda fazer uma vaquinha online para conseguir, de fato, viajar.

Lá, vai trabalhar em um centro de tratamento pedagógico, mas não só. O rapaz almeja traduzir seu livro para o alemão e fazer contatos editorais por lá. Também quer, mesmo à distancia, publicar outros autores na sua editora e escrever seu segundo livro.

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