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Daslu e Tania Bulhões Home enfrentam problemas administrativos

Símbolos do luxo paulistano sofrem com falta de mercadorias, demissões e pendências com o Contru

Por Marcella Centofanti
Atualizado em 5 dez 2016, 19h20 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Um tititi tomou conta de dois símbolos do luxo da cidade. Encrencada desde a Operação Narciso, realizada um ano atrás pelo Ministério Público Federal, pela Receita Federal e pela Polícia Federal, a Daslu demitiu na semana passada mais 38 funcionárias, entre profissionais de costura e apoio, algumas com pelo menos dez anos de casa. Antes já haviam sido demitidos recepcionistas, manobristas e vendedoras. Segundo a Daslu, o número total de funcionários passou de 1050 para 984. No mercado, calcula-se que pelo menos 400 pessoas tenham sido dispensadas. Clientes habitués têm notado a escassez dos produtos que tornaram a megaloja internacionalmente famosa. Peças da Prada, Gucci e de outras 100 grifes estrangeiras que costumavam decorar suas prateleiras estão retidas pela Receita Federal desde o início da investigação que apura irregularidades na importação. Outro acontecimento provocou frisson num dos mais badalados endereços de decoração da cidade. Inaugurada com grande festa no ano passado, a Tania Bulhões Home foi interditada pelo Contru na sexta (21) e só reabriu na quarta-feira passada.

A clientela da Daslu e da Tania Bulhões Home, que em boa parte se cruza num mesmo universo, ficou perplexa. “Em São Paulo, não temos um boulevard de passeio”, diz a socialite Bia Doria. “As duas lojas funcionam como um centro de lazer e de compras importantíssimo.” O problema da Daslu é mais antigo e grave. Um ano após a operação que resultou na detenção por algumas horas da proprietária Eliana Tranchesi, a empresa ainda não resolveu suas pendengas judiciais. Com problemas para importar produtos, fechou alguns espaços antes ocupados por grifes internacionais, os chamados corners. O da Prada e o da Blumarine estão interditados por uma cortina. Um tapume branco barra a entrada para a área da Dolce & Gabbana. Já o ambiente da Gucci feminina, no térreo, serve apenas como passagem. Suas araras estavam completamente vazias na semana passada. Grandes marcas com administração própria no Brasil, como Dior, Louis Vuitton e Burberry, continuam importando e vendendo seus produtos na loja.

Algumas clientes abonadíssimas da Daslu, que antes achavam mais prático abastecer-se na própria loja – as coleções eram atualizadas e os preços não chegavam a ser tão mais altos que no exterior –, agora voltam de Paris e Nova York com as malas abarrotadas. Há duas semanas, a mulher de um empresário paulistano trouxe da Europa mais de dez bolsas (Chanel, Dior, Hermès…) e muita roupa de verão. Ela só comprava essas coisas na Daslu. As marcas nacionais continuam a comercializar seus itens normalmente. Entre elas, as confecções da própria Daslu ainda são as que mais atraem consumidoras. Na semana passada, a procura era grande por sapatos, que saíam com 70% de desconto, e roupas, vendidas por até 80% do valor da etiqueta – liquidações de praxe, garante a empresa. Nos próximos quinze dias, a butique prepara a inauguração de um novo espaço de 400 metros quadrados. A Daslu Village Brasil terá produtos de quarenta grifes nacionais. Uma segunda aposta de Eliana Tranchesi é a obtenção de uma licença que lhe permitirá importar artigos diretamente dos fornecedores, sem passar por empresas intermediárias. “Trazidas pelas vias legais, as mercadorias vão chegar às prateleiras com preços muito mais elevados”, afirma o procurador da República Matheus Magnani, que continua na cola da butique.

Já os contratempos da empresária Tania Bulhões são de outra natureza. Sua primeira briga foi com o Contru. Durou seis dias e terminou quando a loja instalou os extintores de incêndio com a sinalização adequada e provou ter os pára-raios exigidos. Essa parece estar resolvida, mas há uma segunda: o Ministério Público Estadual aponta uma incoerência no edifício do Jardim América. Além de ter erguido 2 450 metros quadrados, quando o permitido pelo Condephaat eram 960, a empresa teria feito modificações arquitetônicas inicialmente não previstas (como uma cúpula de vidro) e avançado no recuo da rua em 2 metros para cada lado. “Qualquer leigo percebe que aquele prédio está fora do gabarito”, afirma Patrícia Aude, promotora do Meio Ambiente, que desde janeiro de 2005 investiga as supostas irregularidades da obra. A prefeitura em breve deve enviar uma intimação para que o projeto se adapte no prazo de trinta dias aos padrões permitidos. “Se a loja não se regularizar no período estipulado, vai fechar”, diz o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo. Tania afirma estar disposta a fazer os ajustes necessários. Uma das providências que vai tomar é demolir parte do subsolo e do sótão, utilizados como depósito. “Minha loja tem vinte anos, é a minha vida”, conta. “Não quero causar um transtorno para a cidade, pelo contrário. Pretendo resolver essa questão com a maior rapidez possível.”

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