Cervejas: elas são – mesmo – especiais
Conheça mais sobre a entrada definitiva das cervejas especiais na vida do paulistano e onde ir para degustá-las
Foi-se o tempo em que sentar-se em uma mesa de bar e pedir por uma cervejinha era um desejo prontamente atendido. Hoje, aquela loirinha gelada, límpida, quase padrão, tem de conviver com um harém de rótulos importados e nacionais, conhecidos como cervejas especiais.
Elas chegaram timidamente ao país há cerca de 10 anos e tomaram seu espaço rapidamente. “Hoje, o Brasil é o quarto maior mercado do mundo em exportação de cervejas especiais. Fica atrás da China, Estados Unidos e Alemanha” diz Marcelo Stein, diretor da importadora Bier & Wein. E, se elas fazem tanto sucesso atualmente, boa parte do crédito vai para a Erdinger (feita de trigo, com a coloração meio turva e servida em um copo comprido de 500ml) que atiçou a curiosidade dos clientes por uma cultura cervejeira. “Isso aconteceu com vinhos, queijos, azeites, ou seja, com a gastronomia em geral. E a cerveja especial, que é uma bebida gourmet, não poderia ficar de fora” diz Edu Passarelli, especialista em cervejas e proprietário do bar Melograno, com cerca de 150 rótulos dedicado à bebida.
E haja curiosidade para começar a entender dos mais de 120 diferentes estilos que as cervejas podem oferecer. Com uma gama tão grande de aromas, as harmonizações são tão poderosas que até restaurantes como o Emiliano, Carlota e o irlandês Mulligan incrementaram suas cartas etílicas com rótulos variados. “Gosto muito das harmonizações mais intensas, como as que juntam carnes de sabor acentuado e cervejas mais complexas. Cordeiro com cerveja dubbel é um bom exemplo”, diz Passarelli.
O incentivo do crescimento do mercado cervejeiro foi tanto que importadoras e estabelecimentos investiram no lançamento de suas cervejas de marca própria, como a Uno – com aroma de romã, do Melograno – e a Paulistânia – da importadora Bier & Wein. “A cerveja exclusiva traz holofotes e reputação ao estabelecimento e ainda procura criar fidelização com seus clientes. A dificuldade pode estar na criação e execução desta cerveja exclusiva porque produzi-las com excelência e repetibilidade exige profissionalismo”, diz a mestre cervejeira Cilene Saorin. Porém, de tantos rótulos criados pela especialista, a cerveja perfeita ainda é um ideal “A cerveja perfeita seria aquela que traz sorrisos a quem bebe. E atenção: sem excessos, sorrisos por se dar conta que tem sentidos aguçados também e que está vivo” completa a expert.
Na prática
Se você quer aprender sobre cervejas especiais, passe para a parte mais gostosa do assunto: a degustação. A mestre cervejeira, Cilene Saorin, escolheu 6 estilos – que são bem diferentes entre si – para apresentar a diversidade e a versatilidade gastronômica das cervejas.
Bohemian Pilsener – De lúpulo acentuado, este estilo de cerveja foi o primeiro a ser fabricado na cidade de Pilsen, região da Bohemia, na República Tcheca em 1842, por isso o nome.
Witbier – Uma das cervejas mais famosas deste estilo é belga de trigo, Hoegaarden. Sua cor é amarela-palha – bem clarinha em relação as demais – e no sabor, apresenta um toque de especiarias.
Rauchbier – O malte deste tipo de cerveja é seco através da queima de madeira – que produz fumaça. Por isso, o sabor defumado é uma das características desta cerveja de baixa fermentação (lager)
India Pale Ale – A IPA, uma das queridinhas dos ingleses e possui um amargor extra por causa da alta concentração de lúpulo. Antigamente, para a cerveja suportar as viagens entre a Índia e Inglaterra, era acrescentado este ingrediente por causa de sua ação bactericida natural.
Robust Porter – Também possui bastante concentração de lúpulo e possui aroma tostado. É uma cerveja forte, de coloração marrom que pode variar do médio ao escuro.
Bière Brut – Parece champanhe, mas é cerveja. São feitas através do modo champenoise (quando o fermento é removido da garrafa), envelhecidas em cave e seu sabor é delicado.