Casa do Ator deve abrigar profissionais aposentados dos palcos
A intenção do local é dar suporte aos artistas de modo geral e incentivar o trabalho
Os aplausos deram lugar ao esquecimento e às dificuldades financeiras. Um refletor de esperança, porém, iluminou no último dia 4 a vida de profissionais que, no passado, emocionaram a plateia paulistana. O decreto de desapropriação de 53 prédios na região central para a construção de moradias populares anunciado pelo prefeito Gilberto Kassab prevê a destinação de um imóvel exclusivamente para artistas aposentados. O Edifício Cineasta, no número 613 da Avenida São João, onde por cinco décadas funcionou o hotel homônimo, será transformado na Casa do Ator. Apesar do nome — ainda provisório —, os 58 apartamentos de aproximadamente 35 metros quadrados cada um poderão ser ocupados por quaisquer profissionais, devidamente registrados, do mundo das artes, como diretores, bailarinos, artistas plásticos, figurinistas e técnicos. As unidades serão vendidas ou alugadas por valores abaixo do praticado pelo mercado imobiliário.
Depois do investimento de 7 milhões de reais para desapropriação e reforma, a previsão é que o edifício seja entregue até o fim de 2012. “Estamos colocando um prazo absolutamente realista porque sabemos que uma reforma pode vir acompanhada de surpresas”, afirma o presidente da Cohab, Ricardo Pereira Leite. Idealizadora do projeto, a atriz Nicette Bruno conta que a ideia nasceu da constatação de que muitos colegas não têm mais condições de sustento. A presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Es petáculos de Diversões do Estado de São Paulo (Sated), a atriz Ligia de Paula Souza, endossa a importância da iniciativa. “Todo dia recebo pelo menos cinco ligações ou a visita de pessoas incapazes de arcar com moradia, alimentação ou medicação”, diz Ligia. “O sindicato, inclusive, estudará formas de subsidiar a compra ou o aluguel desses apartamentos.”
Tanto Nicette quanto Ligia querem que a Casa do Ator se torne mais do que um lugar para acomodação. Por isso, um espaço para ensaios e palestras, além de um pequeno teatro, integra o projeto. “Queremos aproveitar o potencial desses artistas e fazer com que eles continuem trabalhando, produzindo e, na medida do possível, vivendo de sua profissão”, afirma Nicette. “A convivência possibilitará que essas pessoas se sintam úteis outra vez”, completa Ligia.