Brasil nas telonas internacionais
País rompe fronteiras como coprodutor de duas fitas de temas curiosos e atraentes
Embora acadêmico e não tão inovador, o documentário americano Marcha da Vida — que teve a participação da carioca Conspiração Filmes e da Filmland International, de São Paulo — traz um bom acabamento técnico. Dirigido pela californiana Jessica Sanders, o registro acompanha a visita, em 2008, de jovens judeus a antigos campos de concentração poloneses da II Guerra. Saídos de Los Angeles, Berlim e da capital paulista, eles se deparam com o horror do Holocausto. Percorrem, então, alguns quilômetros de Auschwitz a Birkenau numa passeata pela vida (o mesmo percurso foi realizado pelos prisioneiros judeus). Terminam o tour partindo, mais alegrinhos, para Jerusalém, a fim de comemorar os sessenta anos do estado de Israel.
Criado em 1988, o evento March of the Living é realizado anualmente entre abril e maio e consegue reunir mais de 10.000 pessoas — alguns sobreviventes do extermínio seguem junto dos estudantes. O foco informativo ganha amplitude por meio dos instantâneos da emoção dos visitantes. Entre eles, a paulistana Débora Canatto Nisenbaum, de 18 anos. “Teve gente que não conseguia chorar devido ao brutal estado de choque. Só estando lá para saber a dimensão do genocídio”, diz ela, em entrevista a VEJA SÃO PAULO.
A diretora paulistana Beatriz Seigner foi atrás dos indianos para pôr em prática seu primeiro longa-metragem, O Sonho Bollywoodiano. Essa comédia dramática flerta com o realismo ao mostrar a trajetória de três amigas tentando a sorte como atrizes na fértil indústria cinematográfica. Interpretadas por Paula Braun, Lorena Lobato e Nataly Cabanas, as personagens interagem com atores locais e pessoas comuns num curioso misto de verdades e mentiras. Em roteiro à solta, rolam acertados improvisos mas, na descontração, também surgem frases feitas e diálogos duros, além de espaços “mortos” na narrativa. O acerto está na corajosa empreitada (há locações em Varanasi, Pushkar e Mumbai, entre outras cidades) e no enfoque de uma Índia menos artificial e mais caótica.