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Bia Doria critica marmita para sem-teto: as pessoas gostam de ficar na rua

Segundo a primeira-dama do estado, "não é correto você chegar lá na rua e dar marmita porque a pessoa tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua"

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 4 jul 2020, 00h01 - Publicado em 3 jul 2020, 16h56

Bia Doria, mulher do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou em entrevista à socialite Val Marchiori que não se deve doar marmitas para moradores de rua porque “as pessoas gostam de ficar na rua” e elas “têm que se conscientizar e sair dessa situação”.

Gravado no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo, sede do governo estadual, o vídeo da entrevista foi publicado em uma rede social na noite de quinta-feira (2) e se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira (3). Inúmeras instituições divulgaram notas de repúdio contra a fala da primeira-dama (leia mais abaixo)

“Mas olha, falando dos projetos sociais, algo muito importante é assim: as pessoas que estão na rua, não é correto você chegar lá na rua e dar marmita porque a pessoa tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua. Porque a rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua”, afirma Bia Doria.

Uma pesquisa da Prefeitura de janeiro deste ano revelou que a população de rua cresceu 53% nos últimos quatro anos, chegando a 24 mil pessoas. Bia cita esse número, que diz ser “muito grande”. Ela é presidente do Conselho do Fundo Social de São Paulo e está à frente do Fundo Social de Solidariedade com projetos como Alimento Solidário e Inverno Solidário.

A socialite Val Marchiori (Instagram/Reprodução)

No vídeo, Val e Bia falam que moradores de rua resistem a procurar abrigos porque “não querem ter responsabilidades”.

“Você estava me explicando e eu fiquei passada. Eles não querem sair da rua porque em um abrigo eles têm horário para entrar, eles têm responsabilidades, limpeza, e eles não querem, né”, diz Val.

“Não querem”, responde Bia. “A pessoa quer, ela quer receber, ela quer a comida, ela quer roupa, ela quer uma ajuda e não quer ter responsabilidade. Então isso tá muito errado, porque se a gente quer viver num país…”, continua Bia.

“É, todo mundo tem suas responsabilidades, todo mundo”, interrompe Val. “Nós temos, se a gente não pagar nossas contas…”, completa Bia.

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Durante a conversa, Val elogia o trabalho de Bia, reclama de ter de usar máscara e conta que “graças a Deus” já teve Covid-19. Bia diz que, então, ela pode tirar a máscara e só voltar a usar ao sair do local.

“E a Bia Doria está fazendo um trabalho maravilhoso, de consciência mesmo, as pessoas que vivem na rua tentar levar para os abrigos, eu tenho acompanhado aí e esse é o trabalho da primeira-dama, gente, não é só fazer foto não, hello, acha que primeira dama só fica com o cabelinho arrumado? Não, não, a Bia ó, a Bia é mão na massa aqui, a loca. Ai gente, eu detesto falar de máscara, mas enfim”, diz Val.

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação do governo estadual esclarece que a fala de Bia “foi tirada do contexto” e diz que a intenção dela “é que as pessoas em situação de rua tenham acesso aos abrigos públicos, onde terão alimentação de qualidade dentro das normas de higiene da Vigilância Sanitária, e uma condição de vida mais digna. Ou mesmo nos Restaurantes Bom Prato, que recentemente decretaram gratuidade aos moradores de rua.”

Horas depois, Bia usou suas redes sociais para pedir desculpas. “Peço desculpas se a maneira como falei deu a entender que não devemos amparar quem vive na vulnerabilidade. Eu tenho a consciência tranquila, porque sei o que faço todos os dias pelos mais carentes.”

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