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Bandas cover não apelam mais pra imitação caricata

Sem apelar para a cópia de trejeitos e de arranjos originais, bandas fazem sucesso com covers de nomes como Chico Buarque e David Bowie

Por Pedro Ivo Dubra
Atualizado em 5 dez 2016, 19h33 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

Ficou para trás a época em que banda cover era sinônimo daqueles grupos caricatos, que se vestiam iguaizinhos a seus ídolos e reproduziam as composições alheias nota por nota – ou tentavam – para uma plateia de fanáticos. Nos últimos tempos, alguns músicos têm proposto versões pessoais de sucessos dos outros para um público descolado e baladeiro. Curiosamente, boa parte desses artistas vem de Pernambuco, a exemplo dos rapazes do Del Rey e do Sebosos Postizos. Os primeiros são fãs de Roberto Carlos e interpretam desde os temas da reabilitada fase da jovem guarda até a homenagem à mulher gordinha dos anos 90. “Uma amiga ia comemorar aniversário e ensaiamos sete músicas para tocar na festa”, lembra o vocalista China. “Depois, passamos a fazer shows também em boates.” Como os cinco integrantes nunca lançaram um disco juntos, nas apresentações eles vendem tanto os trabalhos-solo do vocalista quanto os da banda Mombojó, formada pelos outros componentes. O Del Rey fez quatro temporadas no Studio SP, casa noturna da Rua Augusta com capacidade para 600 pessoas. Todas tiveram lotação esgotada.

O Sebosos Postizos reúne membros do Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A. O grupo apresenta canções do período mais fértil do compositor Jorge Ben (quando ainda não trazia o “Jor” atrelado ao nome). “Ele é uma ligação entre os membros do Nação”, conta Jorge Du Peixe, responsável pelos vocais. “Ouvimos A Tábua de Esmeralda, de 1972, quase até gastar a bolacha.” Para o fim do ano está programado o lançamento de um CD dedicado ao criador de Mas que Nada, Fio Maravilha e O Homem da Gravata Florida. A produção é do ba-dalado Mario Caldato Junior, que trabalhou com astros como Beck, Björk e Marisa Monte.

Mais duas bandas de Pernambuco juntam-se às covers de sucesso. Com o as-cendente pianista Vitor Araújo, de 20 anos, entre seus integrantes, o Seu Chico – que mostra músicas de Chico Buarque – fez duas temporadas na cidade. Na primeira, atraiu um público médio de 400 pessoas. A segunda série, na base do boca a boca, abarrotou o Studio SP. Ao contrário do Del Rey, que nunca travou contato pessoal com Roberto Carlos, o Seu Chico já esteve com o ídolo. “Ligamos para o escritório dele a fim de pedir autorização na hora de gravar um DVD, e o pessoal de lá respondeu que conhecia o nosso trabalho”, diz o vocalista Tibério Azul. “Fomos convidados a jogar uma partida de futebol contra o time de Chico, no Rio de Janeiro. Perdemos, mas foi de bom grado.” Como o nome insinua, o DizMaia se volta à obra de Tim Maia (1942-1998). Além de tocar os hits, o conjunto se concentra no breve período da década de 70 em que ele abraçou os princípios da “cultura racional”, uma espécie de seita surgida no subúrbio carioca, e parou de se drogar e beber. Essa fase do síndico, aliás, é tema de um outro projeto, o paulistano Instituto Apresenta Tim Maia Racional, que se exibiu em eventos como o Planeta Terra Festival.

Não são apenas artistas nacionais os homenageados. Na ativa desde 2003, a banda Heroes evoca o inglês David Bowie. “Acabo levando a minha experiência de interpretar um personagem no teatro para os shows”, afirma o vocalista e ator André Frateschi. Sua mulher, a também atriz Miranda Kassin, mantém um projeto em torno da doidona Amy Wine-house. Com figurino inspirado nas pin-ups, ela garante só to-mar um copo de uísque por espetáculo. “Já que a Amy não vem tão cedo ao Brasil, quis fazer um tributo e matar a vontade de quem sai à noite e quer escutar um bom soul”, diz Miranda, que também abre espaço no roteiro para versões de Rita Lee e Carmen McRae. Com Roberto cheio de manias, Chico cada vez mais recluso, Jorge longe da melhor forma, Bowie e Amy praticamente inacessíveis, quem se dá bem é o pessoal dos covers.

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