‘As Histórias do Caixão do Zé’: friozinho na barriga
Peça em cartaz no Teatro do Sesc Ipiranga provoca alguns sustos, mas diverte muito
Um morto-vivo cujo maior passatempo é aterrorizar coveiros até eles serem levados para um sanatório em uma camisa de força. O enredo caberia em um filme de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Mas As Histórias do Caixão do Zé — que brinca com o apelido do cineasta — é uma divertida montagem de bonecos da Cia. Polichinelo. No palco, os atores-manipuladores Carolina Jorge, Betto Max, José Guilherme Costa e Ricardo Dimas dão corpo e voz a risíveis monstrengos. Em vez de assustar, eles provocam no máximo um friozinho na barriga.
Zé, o protagonista, não gosta de coveiros e, com a ajuda de seu atrapalhado assistente Toupeira, já espantou trinta deles de seu território. Mas um novato se atreve a querer transformar o cemitério em um lugar mais bonito. Isso só aumenta a ira de Zé. Embora as figuras não primem por movimentos realistas, as criativas saídas de composição dão graça à peça. Caveiras cobertas por trapos se tornam espectros do mal e duas luzes acesas na escuridão dão a ideia de sinistras corujas, tudo em um grande cenário. Outro ponto positivo do espetáculo está nas engraçadas dublagens dos bonequeiros.
AVALIAÇÃO ✪✪✪