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Artigo: Leopoldo Jereissati aborda o Sistema B

Aperfeiçoar seu impacto socioambiental deveria ser a maior das resoluções de fim de ano

Por Leopoldo Gottardi Jereissati
Atualizado em 29 dez 2018, 13h42 - Publicado em 28 dez 2018, 06h00

Você já ouviu falar do Sistema B? É uma das melhores maneiras de medir, dentro da sua empresa, o impacto social e ambiental dos negócios que você desenvolve. Não há momento mais apropriado, em tempos de esperanças para o ano-novo, para adotar propósitos que façam diferença em 2019.

O Sistema B articula um movimento de pessoas que usam os negócios para a construção de uma economia mais inclusiva e compartilhada. Para atingir essa transformação é preciso que as empresas mensurem seus impactos socioambientais com o mesmo rigor que aplicam a seus indicadores financeiros. Hoje, mais de 60 000 empresas utilizam a Avaliação de Impacto B. Dessas, 2 500 atingiram a certificação de Empresa B no mundo; a nossa é uma delas.

O primeiro passo para certificar sua empresa é realizar um diagnóstico dos seus impactos socioambientais positivos utilizando a Avaliação de Impacto B — totalmente gratuita e disponível no site bimpactassessment.net.

As empresas que se certificam NÃO são perfeitas, mas assumem um compromisso de melhoria contínua e colocam o propósito empresarial no cerne de seu modelo de negócio. Além disso, suas ações são consideradas em quatro áreas: governança, funcionários, meio ambiente, comunidade. Essa certificação é uma revisão detalhada de todas as áreas da empresa. Seu intuito é ajudar a identificar todos os possíveis campos de melhoria e oportunidades, para ser um agente de mudança na economia, protegendo a missão e potencializando o triplo impacto positivo: desenvolvimento econômico, social e ambiental. A certificação é entregue pelo B Lab, uma entidade sem fins lucrativos dos Estados Unidos.

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A EMPRESA B:

1. Compromete-se a criar impacto positivo na sociedade e no meio ambiente: propósito.

2. Aumenta o dever fiduciário de acionistas e gestores incluindo interesses não financeiros: mudança de estatutos.

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3. Compromete-se a operar com alto padrão de gestão e transparência: certificação.

4. Forma parte de uma comunidade: declaração de interdependência.

Ser B não é um movimento exclusivo das empresas. Há também uma Comunidade Jurídica Global B com o objetivo de promover uma agenda de influência em um marco regulatório e em políticas públicas favoráveis ao movimento. Para fazer a ponte entre o Sistema B e o mundo acadêmico, tão relevante para nossa comunidade, há a Academia B. Por fim, todo o conceito do Sistema B e sua mensagem também vêm sendo disseminados pelos Multiplicadores B, gente interessada em espalhar tudo o que está acontecendo e que faz parte do movimento na “pessoa física” mesmo.

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Levar uma vida com propósito é permitir-se enxergar além do funcional e compreender o mundo por uma ótica mais ampla: você constrói casas ou novos lares? Dá aulas ou prepara a criançada para os desafios do futuro? Escreve textos ou abre diálogos com a sociedade? E assim por diante. Essa mudança de olhar do “que e como fazemos” para “por que fazemos o que fazemos” é sutil, mas ressignifica a vida. Quando se escolhe viver com propósito, escolhe-se ser livre também e mais resiliente em um ambiente caótico e cheio de mudanças constantes.

Muito se discute ultimamente sobre a importância de encontrarmos um propósito para nossa vida e para os nossos negócios. Por que tamanha preocupação? Será que propósito é coisa de millennials? Na prática, que diferença isso faz? Sábios autores como Napoleon Hill e Dale Carnegie já tratavam o tema (hoje muito trabalhado por pensadores como Simon Sinek e David Hieatt) desde o século passado em suas obras A Lei do Triunfo e Como Fazer Amigos & Influenciar Pessoas, respectivamente. Surpreendente, não é? Apesar de inúmeros livros sobre o assunto, o propósito é, no fundo, aquilo que nos faz bem e nos traz a sensação de dever cumprido no fim do dia. Ao exercitá-lo, seu propósito faz de você uma pessoa melhor em casa, no trabalho e na comunidade.

COMECE PELO PORQUÊ — SIMON SINEK

No mundo empresarial, ter um propósito definido é questão de sobrevivência, de longevidade e condição sine qua non para a atração de talentos. As pessoas querem trabalhar para uma causa e não mais para donos. A tendência de crescimento passa a ser qualitativa e não mais quantitativa, pois nosso planeta não aguenta mais tanta extração. Vão crescer as empresas que buscarem a maximização do bem-estar e não apenas a maximização do lucro. O ato de consumo já está sendo visto como constante ato de investimento: a cada compra que fazemos, incentivamos o motivo pelo qual estão fazendo o que está sendo feito e a forma como está sendo feito aquilo.

Muito antes de começar meu negócio, uma agência de comunicação, já carregava comigo o #changingyourday, uma tradução errada mas singular de “mudar o dia das pessoas para melhor”. Não me importava o que eu fosse decidir fazer, contanto que o que eu fizesse e o modo que escolhesse para fazer trouxessem um impacto positivo para o dia das pessoas e as fizessem sentir-se melhores, mesmo que por apenas aquele instante. No início é tudo muito incerto e vago, você acaba por vezes agindo intuitivamente, instintivamente, até que as coisas começam a clarear. À medida que seu negócio cresce, suas crenças se tornam valores da empresa. Quando o foco de sua atuação aumenta, pessoas com capacidade e que tenham afinidade com o tema se juntam pela mesma causa, e o que era um ato singelo passa a ter maior expressão. Nesse momento você descobre que existem comunidades de empresas que pensam como a sua, que se dispuseram a ser melhores para o mundo e não apenas as melhores do mundo (Empresas B/Sistema B). O consumo consciente já nasceu.

A rotina é dura conosco ao longo do ano, o tempo não para, somos cobrados por muita gente a todo momento e é difícil encontrar uma janela para nós mesmos. Portanto este restinho de ano é crucial para fazermos resoluções e tomarmos atitudes em direção à mudança, a um novo ciclo. “Nada muda se você não mudar” foi nosso lema em 2018. Deu certo. Dito isso, vamos pra cima de 2019 sendo parte da mudança que queremos? #BetheChange. Seja a mudança que você deseja no mundo.

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P.S.: Ao escrever este texto, escuto uma música chamada Amor Falso com a voz doce da Marina Goldfarb e batida encaixada da DJ Marina Diniz dizendo: “Parabéns pra você, que me fez entender que minha paixão não é você. Obrigado por me mostrar esse amor falso”. Não sei se entendi ao certo a poesia dos novos tempos, mas imagino que a mensagem seja: “Talvez precisemos passar por certas situações para perceber que não era aquilo que buscávamos, que aquilo não era o melhor para nós”.

Leo Gottardi Jereissati: empresa de comunicação tem selo B (Antonio Milena/Veja SP)

> Leopoldo Gottardi Jereissati, 32, é publicitário, fundador e CEO da agência All Set Comunicação, já certificada como uma empresa B.

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