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Analista de sistemas salva criança no Rio Pinheiros

"Só pensava no meu filho", afirmou Adriano Levandoski em dia seu dia de herói

Por Paula Ungar
Atualizado em 5 dez 2016, 19h22 - Publicado em 18 set 2009, 20h35

No último sábado (9), o analista de sistemas Adriano Levandoski de Miranda completava 27 anos de idade. Como estava de plantão, daria expediente até as 6 da tarde – havia planejado um jantar em família para comemorar. Quando seguia a pé pela Ponte João Dias, na Zona Sul, a caminho da empresa em que trabalha, presenciou uma cena que iria mudar o seu dia e a sua história. A auxiliar administrativa Janaína Barbosa de Souza, de 26 anos, despencava da ponte carregando no colo o filho Rafael Souza Santana, de 3. Num ato de heroísmo, Miranda salvou o garoto. Rafael agora está com o pai, o projetista Fábio Santana. Janaína, na Penitenciária Feminina de Sant’Anna, no Carandiru. Presa em flagrante, acusada de tentativa de homicídio, pode pegar até vinte anos de cadeia.

Veja São Paulo – Normalmente você atravessa a pé a Ponte João Dias?

Miranda – Não. Eu costumo descer na Estação Santo Amaro e de lá pego um ônibus para chegar ao trabalho, no Credicard Hall. No sábado, resolvi descer uma estação antes e caminhar. Nem sei dizer por que, já que entro às 9 horas e estava quase meia hora atrasado.

Veja São Paulo – Você presenciou o momento em que Janaína se jogou no rio com o filho?

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Miranda – Ela já estava caindo com a criança no colo. Não cheguei a vê-la saltando.

Veja São Paulo – E o que fez?

Miranda – Começou a juntar curiosos, entre eles dois motoqueiros. Pedi a moto deles emprestada. Negaram. Quando um deles estacionou e vi que havia deixado a chave no contato, peguei a moto e segui na contramão até chegar, pela alça de acesso, à margem do rio.

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Veja São Paulo – Você mergulhou no Pinheiros?

Miranda – Não tive de nadar. Devido ao entulho no leito, consegui andar cerca de 2 metros com a água pela cintura até alcançar a criança e tirá-la dos braços da mãe. O garoto segurou firme na minha camisa e quando chegamos à margem ele vomitou toda aquela água suja.

Veja São Paulo – E a mãe?

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Miranda – Um outro rapaz a ajudou. Ela só gritava o nome do filho.

Veja São Paulo – O que o motivou naquele momento?

Miranda – Não sei. Não senti medo nem pensei que poderia me machucar ou até mesmo ter de responder por furto por causa da moto. Fiquei vidrado na imagem daquela criança, cuja cabeça afundava e subia, afundava e subia. Só pensava no meu filho, de 2 anos. Sabia que, de alguma forma, a mãe poderia se virar sozinha, mas um bebê depende de outra pessoa.

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Veja São Paulo – Você se sente um herói?

Miranda – A história tomou uma proporção inimaginável. Acho que qualquer um que estivesse passando por ali, como eu, faria a mesma coisa. Essa repercussão toda chega a ser assustadora. As pessoas estão tão acostumadas com a violência e notícias ruins que quando acontece algo assim há uma sobrevalorização.

Veja São Paulo – Você visitou o garoto no hospital?

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Miranda – Tentei, mas, como ele estava sendo examinado, não consegui. Farei isso assim que a poeira baixar.

Veja São Paulo – A família do Rafael lhe agradeceu?

Miranda – Encontrei o pai dele na delegacia enquanto eu prestava depoimento como testemunha de tentativa de homicídio. Ele tirou da carteira uma foto 3 por 4 do garoto e me deu. Vou guardá-la para sempre.

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