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Alunos que moram na USP relatam condições precárias em meio a pandemia

Falta de álcool em gel, aglomerações de pessoas para retirada de comida e problemas na fiação elétrica estão entre as reclamações dos estudantes

Por Guilherme Queiroz
25 mar 2020, 20h46

Alunos que moram no Conjunto Residencial da USP (Crusp), na Cidade Universitária, Zona Oeste da capital paulista, reclamam das condições dos oito blocos do complexo em meio a pandemia da Covid-19. Os estudantes relatam deficiência de álcool em gel, dificuldade para conseguir alimentação e problemas na estrutura do endereço. O local é voltado para alunos de baixa renda que são selecionados por meio de editais da universidade e contam com benefícios como a gratuidade nas refeições nos restaurantes dos campus.

Com a suspensão das atividades presenciais nas faculdades, os jovens afirmam que o complexo não possui um serviço eficiente de Wi-Fi para o acompanhamento online das disciplinas. “Alguns dos nossos problemas são antigos, como a condição precária das cozinhas comunitárias, das lavanderias, da estrutura dos prédios, mas voltam com mais força com o isolamento”, explica Lucas Sousa, estudante de ciências sociais. Ele relata que rachaduras e infiltrações são comuns no endereço, e a fiação elétrica é problemática. “Houve um incêndio no ano passado, e desde então cortaram o gás [nas cozinhas], risco de explosão”.

Até segunda (23), o endereço não contava com recipientes nos corredores contendo álcool em gel. Os equipamentos foram instalados, mas, de acordo com os universitários, em número pequeno. “Tem andar que tem, um monte que não tem”, diz Janaína Rodrigues, da entidade estudantil Amorcrusp.

Os apartamentos, segundo os alunos, não possuem infraestrutura hidráulica ou elétrica para que os moradores instalem suas próprias cozinhas, e as comunitárias, de acordo com relatos, estão quase todas inoperantes. “Quem pode compra um fogãozinho. E também, aqui são todos de baixa renda, nem todo mundo tem dinheiro”, diz Sousa. Com a suspensão das atividades no campus, os chamados “bandejões”, onde os universitários costumavam se alimentar, também tiveram suas atividades suspensas.

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As marmitas que passaram a ser distribuídas para os moradores do Crusp (Arquivo pessoal/Divulgação)

Para manter a alimentação para os moradores no Crusp, em um primeiro momento a universidade adotou um esquema especial na praça de alimentação localizada no Instituto de Química: medidas de segurança como distância mínima entre as mesas foram implementadas. Nesta segunda (23), no entanto, funcionários passaram a distribuir marmitas para os estudantes no local. “Mas tem fila de duas, três horas. Fica um monte de gente aglomerada, esperando. E nem todo mundo recebe [a comida]”, diz Janaína. “Aos finais de semana e feriados não temos onde cozinhar, o bandejão fecha”, diz Sousa.

“Não houve nenhum informe voltado pro Crusp sobre quarentena. Os alunos se organizaram e impuseram medidas pra restringir a circulação de pessoas. Se estourasse uma epidemia aqui dentro…”, diz Janaína.

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Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da USP encaminhou um comunicado que foi enviado para os alunos sobre as demandas na segunda. No texto, a Superintendência de Assistência Social, a SAS, divulga para os alunos o esquema de marmitas do Instituo de Química e relata problemas para adquirir álcool em gel com fornecedores devido a alta demanda pelo produto. Afirma também que irá distribuir um “kit de limpeza” para os apartamentos do Crusp.

Sobre o Wi-Fi, informa que o acesso à rede no interior dos apartamentos “é precário”, o que ocorreria por conta da estrutura do complexo, que “é antiga, as paredes  são muito grossas e as janelas são insuficientes para atravessar o sinal”. O órgão afirma que irá ampliar o sinal das antenas que existem no campus nas áreas externas do Crusp onde o Wi-Fi é fraco. Um projeto para instalar modens em todos os andares está em fase de contratação, de acordo com a SAS.

A universidade afirma também que salas de estudo estão disponibilizadas nos oito blocos do Crusp com sinal de internet, mas que cada uma conta com “duas ou três cadeiras, com o intuito de evitar aglomerações”. Sobre as cozinhas coletivas, afirmou que necessitam de manutenção, e que o “estado precário se deve, na origem, ao mal-uso, à falta de limpeza pelos usuários” e “ao roubo de peças”. “Estamos empenhados em colocar o número máximo possível de cozinhas em funcionamento”, diz o texto, que afirma que a USP encontra-se com dificuldades para comprar equipamentos em meio a pandemia.

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