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Mulher que matou três pessoas na Marginal bebeu vodca antes de dirigir

Talita Tamashiro,29, reafirmou em depoimento que ingeriu álcool em balada e disse que não chamou Uber por falta de dinheiro

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 jun 2018, 18h54 - Publicado em 27 jun 2018, 18h05

A vendedora Talita Sayuri Tamashiro, de 29 anos, que causou a morte de três pessoas após seu veículo Honda Fit colidir com uma BMW estacionada no acostamento da Marginal Tietê, em 30 de setembro de 2017, prestou depoimento à Justiça na semana passada e reafirmou o que havia dito à Polícia Civil.

Segundo a mulher, após consumir uma dose de vodca na casa noturna Villa Mix, na Vila Olímpia, saiu dirigindo rumo a sua residência, na Zona Norte, quando perdeu o controle de seu veículo, próximo à Ponte dos Remédios, e provocou a batida.

Logo em seguida, o teste de bafômetro apontou que Talita tinha 0,48 miligrama de álcool por litro de ar em seu organismo.

Devido à ingestão do álcool, Talita afirma, em depoimento ao juiz Luís Gustavo Esteves Ferreira, que pensou em chamar um Uber, mas como havia deixado seus pertences, como carteira e a comanda da casa noturna, com uma amiga, só lhe restava dirigir o veículo.

Eu cheguei a tentar solicitar um Uber porque eu estava com o celular, mas eu não tinha dinheiro e o meu cartão, por ser final de mês, já estava estourado. Também pensei no Uber porque a Mirela levou inclusive o ticket do estacionamento”, contou.

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A gente se perdeu e eu estava sem bolsa no dia. Fiquei só com meu celular na mão. Inclusive, estava falando com a minha mãe por volta de 3h da manhã. Ela pediu para eu tomar cuidado porque estava chovendo. Estava só com meu celular na mão. Minha habilitação, dinheiro, cartão do Villa Mix, documento do carro, tudo ficou na bolsa da Mirela”, afirmou.

Ainda segundo o depoimento de Talita, no momento da colisão, seu celular estava com o aplicativo Waze aberto e acoplado a um suporte preso à saída de ar. “Em determinado momento, o Waze deu um alerta e, no que eu fui olhar, perdi controle do carro. Quando acordei já tinha acontecido tudo, sem saber o que tinha acontecido”.

A cena do acidente (Martins/Estadão Conteúdo)

A afirmação é diferente da relatada pelos policiais militares que atenderam ao chamado. Eles ouviram da motorista que ela estava falando ao celular no momento da colisão.

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Ao ser questionada sobre o motivo de dirigir com a habilitação suspensa, a ré justificou que as multas foram “leves”. “Algumas foram por rodízio e outras por estacionar em local proibido. Trabalho na Avenida Sumaré e ali não tem onde parar.”

As alegações dadas ao juiz Luís Gustavo Esteves Ferreira foram desqualificadas pelo Ministério Público.

Não é crível que alguém tão acostumado a frequentar e trabalhar em eventos realizados em casas noturnas, morador de metrópole do porte de São Paulo, tenha deixado todos os seus pertences, em especial, documentos pessoais, cartões de crédito e dinheiro, com terceira uma pessoa. Nesse sentido, não foi declinada nenhuma razão plausível, pela defesa, para que a ré assim tivesse agido”, afirmou nos autos o promotor Otávio Ferreira Garcia.

“Como a própria ré afirma, fosse a ausência de numerário e de crédito empecilho para que ela tomasse um Uber, não é demais lembrar que o serviço de táxi na cidade de São Paulo funciona muito bem, com evidente possibilidade de ser pago na chegada. Bastava a ré, ao aportar em casa, pedir o dinheiro ou o cartão de crédito para algum familiar, e a questão estaria decidida”, conclui o membro do Ministério Público.

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Laudo particular

No mesmo processo, a defesa da acusada apresentou um laudo que contesta seis pontos do documento emitido pelo Instituto de Criminalística (IC) logo após o desastre.

O parecer apresentado pelos advogados de Talita, assinado pelo perito José Duarte de Figueiredo Neto, diz que as pistas estavam molhadas, ao contrário do que afirmou o IC, e que o asfalto apresentava ondulações, fato também não relatado no laudo oficial.

O maior questionamento se dá pela ausência de testes de freio, elétrica e direção do Honda Fit. Segundo a análise da defesa, com base em imagens de câmeras da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o veículo aparece desgovernado e “em derrapagem pela faixa da esquerda de rolamento e derivou bruscamente à esquerda, efetuando um longo giro no sentido anti-horário.”

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Ainda de acordou com o parecer da defesa, ocorreu uma “anomalia mecânica no Honda Fit, quando ainda estava na pista de rolamento, levando o veículo ao desgoverno”.

Três pessoas morreram no acidente (Oslaim Britto/Veja SP)

O laudo particular também é contestado pelo Ministério Público. “Quanto ao ‘parecer técnico’ apresentado pela defesa, além de não ter o condão de afastar as constatações realizadas pelos peritos do Instituto de Criminalísticas, espelhadas no laudo acostado aos autos, evidente que se trata de indisfarçável e desesperada tentativa de afastar a responsabilidade criminal da ré, procurando debitar ao clima e a inexistente e não comprovado problema mecânico, a ocorrência dos atropelamentos”, escreveu o promotor Otávio Ferreira Garcia.

Na colisão, morreram o fisioterapeuta Raul Fernando Nantes Antonio, 48, a auxiliar administrativa Aline de Jesus Sousa, 28, e a gerente de estacionamento Vanessa Lopes Relva, 28. 

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Procurados, os advogados de Talita Tamashiro, que ficou presa por 26 dias, não se pronunciaram. Como o processo ainda está em fase de interrogatório, não há data para o julgamento e nem definição se a ré vai a júri popular ou não.

 

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