O Amor de Sylvie mistura romance e jazz nos anos 1950
Regé-Jean Page, ator que interpreta o duque Simon Basset em 'Bridgerton', participa como coadjuvante igualmente sedutor
Diante do rebuliço causado por Bridgerton — a série mais vista na história da Netflix, com a marca de 82 milhões de contas vidradas nos oito capítulos só no primeiro mês —, o nome do ator Regé-Jean Page não passa despercebido na ficha do elenco de outro título, O Amor de Sylvie, da última semana de 2020, disponível na Amazon Prime Video. rapidamente, porém, descobre-se que no longa dirigido por Eugene Ashe ele é só um coadjuvante (ainda que igualmente sedutor e carismático).
Numa encalorada Nova York dos anos 1950, Robert Halloway (Nnamdi Asomugha) é um saxofonista talentoso, mas ainda sem sucesso comercial. ele decide pleitear um emprego temporário na loja de discos onde Sylvie Parker (a atriz Tessa Thompson), a filha do dono, quebra um galho no atendimento aos clientes enquanto assiste à TV e espera seu noivo, Lacy (Alano Miller), para se casar. O interesse de um pelo outro não tarda a aparecer, claro, e a envolvente trilha sonora acompanha o romance do primeiro beijo comedido na porta de casa até a paixão arrebatadora.
+Assine a Vejinha a partir de 6,90
Das saias rodadas bem acinturadas aos carros luxuosos, passando pelos clubes para apresentações musicais com pouca luz, a recriação da atmosfera da época é deliciosa de ver. mas a história ganha uma cara mais atual quando os desencontros são acirrados pelas aspirações profissionais de ambos. A banda de jazz de Robert descola uma proposta irrecusável para fazer uma turnê pela Europa. ele insiste para que Sylvie o acompanhe, mas, por motivos que não convém revelar, ela não embarca na viagem.
No campo amoroso, a vida de Sylvie não segue na mesma temperatura. Contra os costumes correntes, ela vai transformar a antiga obsessão pela televisão numa carreira de produtora. As cenas que revelam os improvisos que rolam nos bastidores de um programa de culinária à la Julia Child são especialmente divertidas. sim, os destinos de Robert e Sylvie ainda se cruzarão, mas a torcida da audiência para que os sonhos pessoais não sejam abafados não será desconsiderada.
Publicado em VEJA São Paulo de 10 de fevereiro de 2021, edição nº 2724