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Cinco filmes com indicações ao Globo de Ouro 2021

O evento acontece no dia 28 de fevereiro

Por Helena Galante e Alessandra Balles
Atualizado em 15 fev 2021, 17h33 - Publicado em 12 fev 2021, 06h00

Na sinopse de duas linhas da Netflix, Pieces of a Woman já antecipa que as próximas duas horas não serão nada fáceis. “O parto tão aguardado. O futuro destruído. Com a perda, ela descobre que a única saída da dor é através dela.” Assim que Martha (Vanessa Kirby, indicada a melhor atriz de drama no Globo de Ouro 2021) surge linda e grávida na tela, a expectativa de que algo não vá dá certo começa a crescer no espectador.

Toda a ternura dos detalhes que antecedem o nascimento fica agridoce: como curtir o quadrinho com as imagens do ultrassom da nenê que o companheiro (Shia LaBeouf) prepara sabendo que o desfecho que se aproxima será trágico? A anunciação do sofrimento, porém, não impede que ele seja dilacerante para a plateia ao chegar (pausei o filme, busquei uma água e respirei fundo antes de seguir).

Em plano-sequência de quase trinta minutos, o parto domiciliar é mostrado na íntegra, desde o início das contrações e a ruptura da bolsa. A profissional escolhida por eles para ajudar fica presa em um atendimento prévio e outra parteira (Molly Parker) vem ao socorro deles. A situação se agrava para sofrimento fetal, com diminuição dos batimentos cardíacos, a ambulância chega a ser acionada, mas Martha acha forças para concluir o parto.

A nenê nasce. Chora. Nós respiramos aliviados, para na sequência levarmos uma rasteira da roteirista Kata Wéber e seu marido, o diretor Kornél Mundruczó. A nenê morre — como aconteceu na vida real do casal, que enfrentou um aborto espontâneo. Lidar com o luto não é simples e a personagem vai sentir o descolamento do cotidiano e as cobranças da família para processar a parteira. É no silêncio que a interpretação de Vanessa Kirby ganha profundidade, mas sua fala na cena final é daquelas de fazer valer a pena ter nascido — só para ouvir e aprender.

Lições reais de vida

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Era uma Vez um Sonho, na Netflix, é uma história autobiográfica, descrita no livro de J.D. Vance, interpretado por dois atores. Quando criança, J.D. (Owen Asztalos) foi criado por Bev (Amy Adams), mãe solteira que trabalhava como enfermeira. A família era do Kentucky e se mudou para Ohio.

Adulto, J.D. (Gabriel Basso) conseguiu cursar direito na Universidade Yale, mas, sem ter dinheiro para pagar a faculdade, precisa ganhar uma vaga num estágio. E é nessa hora que sua irmã mais velha telefona pedindo ajuda: a mãe foi internada após uma overdose de heroína.

O roteiro se estabelece em dois anos (1997 e 2011) para mostrar o passado e seus turbilhões emocionais, e o presente, onde permanecem as incertezas. A avó de J.D, interpretada pela grande Glenn Close, indicada a melhor atriz coadjuvante, dá um direcionamento decisivo a sua trajetória. Ron Howard dirige uma trama de superação em que ensino e dedicação são fundamentais para levantar a poeira e seguir.

Cena do filme
(Divulgação/Divulgação)

Tudo desmorona

O sentimento que brota da premissa de O Som do Silêncio é visceral. Você imagina como é ser um músico, mais especificamente um baterista metaleiro, e de repente perder a audição? Pois o que é experimentado pelo personagem Ruben, vivido por Riz Ahmed, indicado a melhor ator em filme de drama, supera as possibilidades de imaginação.

Toda a vulnerabilidade e a agressividade trazidas pela falta súbita do sentido são apresentadas durante o processo de aceitação. Pressionado pela namorada Lou (Olivia Cooke), desconcertada com a situação, ele aceita morar numa comunidade para surdos. Em diferentes momentos, o diretor Darius Marder brinca com o som, ora de acordo com o ambiente, ora de acordo com a percepção de Ruben. O resultado é punk para as emoções, mas com espaço magnífico para encontrar a beleza presente mesmo quando tudo desmorona.

Cena do filme mostra o personagem principal cruzando os dedos
(Divulgação/Divulgação)

“Pegadinhas” bem incorretas

Fita de Cinema Seguinte de Borat, na Amazon Prime Video, concorre em três categorias: melhor filme, melhor atriz, para Maria Bakalova, e melhor ator, para Sacha Baron Cohen, todos na categoria musical ou comédia.

Um ataque direto a Donald Trump e a seus apoiadores, o novo Borat dá sequência ao sucesso de 2006 e mostra o personagem-título condenado a trabalhos forçados desde que manchou, catorze anos atrás, a imagem do Cazaquistão no primeiro longa-metragem. O governo, contudo, dá uma chance a Borat. Ele deve retornar aos Estados Unidos e oferecer a Mike Pence, o vice-presidente americano, um… macaco (!).

Ao chegar ao Texas, Borat se surpreende ao ver que sua filha ocupou o lugar do animal e, para não ser penalizado, decide entregá-la de presente a Pence. Sim, o tom politicamente incorreto está de volta e a Borat abundam adjetivos como antissemita, racista, machista, misógino. E é daí que Sacha extrai seu humor único, combinando um roteiro ficcional (melhor do que o primeiro) com suas “pegadinhas”.

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Borat dentro do carro, segurando a filha que está saindo pela janela
(Divulgação/Divulgação)

A jornada e seus deliciosos sons são mais importantes

Soul, no Disney+, vai fundo em uma das questões mais antigas da humanidade: “Qual o sentido da vida?”. A animação, merecidamente, foi indicada para melhor trilha sonora, para Trent Reznor, Atticus ross, Jon Batiste, e melhor animação — nesta categoria, concorre com Os Croods 2: Uma Nova Era, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, A Caminho da Lua e Wolfwalkers.

Joe Gardner, o protagonista (na voz de Jamie Foxx, no original, e do dublador Jorge Lucas, em português), é um professor de música frustrado, que sonha em tocar com grandes nomes, mas sofre um acidente quando isso está prestes a acontecer. Sua alma vai para um centro onde deve trabalhar com almas em treinamento, como 22, que não quer encarnar por não saber sua missão.

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Nessa busca, é difícil que o espectador também não mergulhe em suas próprias reflexões e conclusões, como a que não é preciso estar tudo como o sonhado para ser feliz. Diferentemente do que pode parecer nos posts do LinkedIn, o propósito da vida é viver.

Cena do filme mostra personagem principal tocando piano
(Divulgação/Divulgação)

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Publicado em VEJA São Paulo de 17 de fevereiro de 2021, edição nº 2725

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