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Famosos usam as redes sociais para propagar fake news da Covid-19

Artistas, empresários e influenciadores usam as redes sociais para compartilhar teorias conspiratórias e faturar curtidas com o pânico do coronavírus

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 11 abr 2020, 14h02 - Publicado em 10 abr 2020, 06h00
Caio Coppolla, comentarista da CNN: comparação com mortes por engasgo (Instagram/Reprodução)

> “Nos Estados Unidos, o novo coronavírus matou aproximadamente 2 500 pessoas até esse momento. Em comparação, cerca de 5 000 pessoas morrem engasgadas por ano. Ninguém vai mandar as pessoas pararem de comer”, disse Caio Coppolla, 33, comentarista da CNN Brasil, em suas redes sociais (450 000 seguidores só no Instagram). Com essa comparação estapafúrdia, o rapaz ampliou a fila de “formadores de opinião” que estão tuitando pelos cotovelos em tempos do seríssimo tema da pandemia da Covid-19. Procurado, Coppolla admite que se trata de um exemplo caricato, mas prega que “o debate público está viciado” e defende o isolamento “vertical”, exclusivo dos chamados grupos de risco (como idosos e diabéticos). A estratégia de isolar minorias foi abandonada no Japão, no Reino Unido e na Holanda, com o grande aumento no número de casos.

Regina Duarte, atriz e secretária da Cultura: na contramão (Instagram/Reprodução)

> A atriz e secretária da Cultura Regina Duarte embarcou na mesma defesa, na contramão do discurso de autoridades e médicos, que reforçam a importância do isolamento social e a gravidade da crise de saúde. Postou a imagem de um iceberg com o corona- vírus na ponta e a crise econômica na base.

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Roberto Justus, empresário: sem medo de opinar (Instagram/Reprodução)

> Foi o empresário e apresentador Roberto Justus, porém, que se tornou o mais popular crítico do isolamento após vir a público para justificar áudio vazado no qual minimizava a pandemia. Mesmo atacado, repetiu o discurso: chamou as medidas de “histeria”, “exagero” e “tiro de canhão para matar um pássaro”. “Lamento esse áudio ter se tornado público, mas não tenho medo de expor minha opinião”, disse à Vejinha.

Gusttavo Lima: “mídia esconde esforço do governo” (Instagram/Reprodução)

> Há também a turma que insiste na existência de um perverso complô para esconder os superpoderes da hidroxicloroquina para gerar pânico (ninguém avisou a britânicos, franceses ou coreanos que a “cura” estava à mão). A substância, indicada para tratamento de malária e lúpus, está sendo testada e manejada em uma fração dos casos em todo o mundo, foi eficiente em alguns, mas, infelizmente, ainda não há bala de prata contra o vírus. Do alto de sua “sabedoria” médica, porém, o cantor Gusttavo Lima declarou em uma live em seu Instagram, rede social na qual soma 29 milhões de seguidores, que a mídia esconde o esforço do governo e não noticia “que já saiu essa cura, essa vacina (…), que já deu certo”.

 

A trader Leticia Nassif e Helio Beltrão, do Instituto Mises: defesa da cloroquina (Reprodução/Instagram/Jefferson Coppola/Divulgação)

> A “trader” e influenciadora sobre finanças Leticia Nassif vai na mesma linha. Os que contestam são chamados por ela de “torcedores do corona”. Leticia compartilha conteúdos de Helio Beltrão, 52, filho do ex-ministro homônimo que conduziu três pastas estratégicas durante a ditadura militar, como a do Planejamento. Presidente do Instituto Mises, de orientação ultraliberal, tornou-se arauto da substância. “Meu médico me confidenciou que está tomando cloroquina, mesmo sem ter os sintomas”, diz Beltrão, que não quis revelar o nome do especialista. O Ministério da Saúde advertiu que apenas médicos devem administrar o medicamento. Nos EUA, já houve registro de morte por ingestão da substância sem orientação médica. Beltrão mudou seu nome no Twitter para “Helio Não Se Auto-medique Beltrão”, mas continua defendendo os predicados quase milagrosos do remédio. “Sou um cidadão e me preocupo com esta pandemia”, justifica ele.

Carol Dias, ex-Panicat e coach de finanças: “brasileiros são preguiçosos” (Instagram/Reprodução)

>Ex-panicat com duas faculdades incompletas (de nutrição e educação física), Carol Dias, 33, virou coach de finanças há um ano. “Invisto na bolsa desde 2008 e juntei 3 milhões de reais.” Ela tem 5,7 milhões de seguidores no Instagram. Sobre coronavírus, Carol adota o discurso de que o “Brasil não pode parar”, continua dando dicas sobre como investir na bolsa (mesmo nesta montanha-russa) e diz que é possível ganhar até 1 000 reais em uma semana. “A pessoa pode cozinhar, fazer marmita, investir em delivery. É que alguns brasileiros são preguiçosos…”, acredita.

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Milton Neves, jornalista: defesa da quarentena no Carnaval (Instagram/Reprodução)

> O comentarista esportivo Milton Neves, 68, fez um post que viralizou: “Foi mais fácil cancelar as aulas do que o Carnaval”. Não havia, na época, casos confirmados de Covid-19 no país (o primeiro diagnóstico aconteceu em 26 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas). Para ele, a quarentena deveria ter começado em fevereiro. Como chegou a essa conclusão? “Fiz uma viagem a Nova York no início do ano e ninguém queria se sentar perto de um chinês. Fiquei preocupado com os turistas por aqui.” Não há nenhum indício de que a festa popular tenha contribuído para a disseminação.

O apresentador Celso Portiolli: piadas no Twitter (Reprodução/Veja SP)

> O coronavírus virou o grande assunto da timeline de Celso Portiolli, 52, com mais de 2,7 milhões de seguidores no Twitter. O apresentador do SBT faz um verdadeiro coquetel, de medicamentos a piadinhas como “A rainha da Inglaterra fez um dos novos testes que acabaram de chegar da China. Conclusão: está grávida”. Ele pegou o embalo do discurso de Eduardo Bolsonaro e culpa o país pela pandemia. Em março, quando o filho do presidente lançou a acusação, a Embaixada da China no Brasil divulgou nota em que classificava a teoria como “extremamente irresponsável”.

Roger Moreira: ataques a Covas (Instagram/Reprodução)

> Vocalista do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, 63, há anos polemiza sobre política no Twitter. Agora, o cantor também abraçou o tema pandemia. Na quinta (2), por exemplo, espalhou uma foto do prefeito Bruno Covas vistoriando um hospital de campanha para fazer uma comparação com a decisão do presidente Bolsonaro de apertar a mão de pessoas em evento público. A legenda: “Por que o prefeito de São Paulo, fazendo quimioterapia, pode andar no meio do povo e o presidente não?”. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, Covas não faz quimioterapia, mas imunoterapia, e está com a resistência em dia. Por e-mail, o cantor respondeu à reportagem: “Que diferença faz se é imunoterapia ou quimioterapia? Ou se é um evento restrito ou não? A questão não permanece, se trocássemos Covas por Doria? Ou por Lula viajando pela Europa?”. Haja álcool em gel.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 15 de abril de 2020, edição nº 2682.

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