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Fabio Assunção: “Com certeza sou a favor do impeachment”

Criador do #CulturaEmCasa, em que lê obras no Instagram, ator fala sobre quarentena e seu apoio aos panelaços pela saída do presidente Jair Bolsonaro

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 2 abr 2020, 15h53 - Publicado em 1 abr 2020, 16h32

Nesta quarta (1), completa quinze dias que o paulistano Fabio Assunção não sai da casa onde mora, na Barra da Tijuca, no Rio. Até o início do mês, gravava Fim, série da Rede Globo inspirada no primeiro romance homônimo de Fernanda Torres. Nela, interpreta Ciro, um “Don Juan”. Em nome do personagem, o ator tem aparecido (ainda mais) lindão nas fotos no Instagram, com 28 quilos eliminados nos cinco meses de dietas e exercícios. “Cada personagem exige um cotidiano. Feliz que esse seja benéfico para minha saúde”, diz.

Gravações interrompidas por causa da pandemia, ele criou um movimento para lidar com sua dificuldade de permanecer quieto em casa, sem poder abraçar os filhos João e Ella Felipa, que permaneceram com as mães, em São Paulo. É o #CulturaEmCasa, em que declama músicas e poemas para entreter o público que, como ele (quer dizer, como todos nós), precisou parar e desacelerar. Cada post recebe em média 250 000 curtidas, centenas de mensagens e deu origem a uma “corrente do conhecimento” adotada por outros artistas.

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Com Charlie Brown, Chorão, poesia, reflexão!!!! Levando adiante esse martírio necessário. Axé!!!! #CulturaEmCasa #FiqueEmCasaSePuder #Solidariedade #CoronaVirus

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“As pessoas elogiam a iniciativa, gostam das leituras, do conteúdo e da proximidade (informalidade). Todas as mensagens me tocam muito”, diz o ator, que está passando a temporada sozinho, apenas com a ajuda de uma funcionária que vai à casa dele uma vez por semana para “ajudar a arrumar a bagunça”.

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Sobre o projeto e a quarentena, Fabio topou dar entrevista à coluna, mas desde que por escrito. Na conversa via email, falou sobre o #CulturaEmCasa, coronavírus e a atuação do presidente Jair Bolsonaro:

Qual o seu sentimento em relação a essa pandemia? Medo? Introspecção? Revolta? Quais mudanças prevê que essa experiência irá proporcionar na sua vida e na sociedade?

Acho que tudo isso que falou. Medo. Angústia. Mas acho que o mundo estava num fim. Tensão, polaridade… Muito ódio, muita violência… Vejo este momento como um divisor de águas. Solidariedade e humanidade são a pauta. Que quando isso passar não voltemos onde estávamos. Seria um desperdício.

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Tem dificuldades em ficar recluso em casa? Como tem passado esses dias?

Já vivo meio isolado. Estou em paz com isso. Não estou abrindo mão de aglomerados. Estou abrindo mão dos meus filhos que estão em SP e não podem vir pra cá. Tenho estado mal. Não gosto de não poder trabalhar. Estou lendo roteiros para projetos futuros, vendo series, dormindo muito, ouvindo música quieto… Me alimentando bem e me comunicando dez vezes mais pela internet.

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Canta Canta Minha Gente, 1974!!!!! Viva Martinho e o samba!!!! #CulturaEmCasa #FiqueEmCasaSePuder #Solidariedade #CoronaVirus @martinhodavilaoficial

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Com quem conversou para elaborar o #CulturaEmCasa?

Converso com muita gente das áreas culturais e políticas. Então tomei essa iniciativa, ainda com a consciência de que é 1% do que posso estar fazendo. Olha, falando sério, nada é elaborado, Nada comercial ou estratégico. Faço com gosto, escolhendo textos que me significam.

Muitos artistas aderiram ao #CulturaEmCasa. Quem você acompanha/indica?

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Estou acompanhando as provocações matemáticas do Caco Ciocler, por exemplo. Mas tenho visto muita coisa contundente. Acompanho a Jandira Feghali, que também conheço. Pessoalmente, quero dizer. Gosto de saber do caráter de quem acompanho.

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Sei que estão ocupados com as tarefas da rua e do trabalho, mas, se tiverem um tempinho, aí vai, “Congresso Internacional do Medo”, 1940, Carlos Drummond de Andrade, entre devaneios meus (des)necessários, rsrsrsrsrs…. Não contém nudes. Indicação. Livre. #CulturaEmCasa #FiqueEmCasaSePuder #Solidariedade #CoronaVirus

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Quanto tempo por dia você fica no Instagram? Como administra esse seu tempo e por onde navega? E o tempo dos seus filhos nas redes sociais, você controla também? Como?

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Não navego pelas redes. As redes me impulsionam a assistir coisas que não me interessam. Escolho o que quero ver. Vou sempre na página de um grupo de dez pessoas que gosto. Não me deixo reger por logaritmos. Um deles é o Selton (Mello, ator), adoro.

Muitos artistas que defendem questões como a justiça social sofrem ataques de internautas, robôs, discursos de ódio e até ameaças de morte. Você também sofre esses ataques? Como lida com esse tipo de público?

Sim. Sofro muito esses ataques. Bloqueio. Deleto. Não respondo inúteis. Mas tenho filtros aonde eles tem cada vez menos espaço. Tenho tanto afeto nas redes. E afeto não significa jamais concordância, e sim, opiniões sincera. Discordem com gentileza. Não vejo problema em discordância, sou democrático.

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É guerra? É lastimável, mas que ironia!! Precisávamos de um vírus para recuperarmos o coletivo e a solidariedade. Apesar das mortes e do sofrimento da doença, pois tudo tem dois lados, é na dor que crescemos. Bancos e prefeituras estão adiando dívidas, pois estão sendo solidários com o impacto econômico que o corona está trazendo na economia e no bolso de milhões de pessoas. Países estão estatizando hospitais para garantir atendimento a todos. Aqueles que puderem, ficarão em casa, mas no campo cultural, artistas se juntam para fazer shows em ‘lives’ e filarmônicas estão oferecendo concertos virtuais. Escolas cancelaram aulas, os eventos esportivos suspensos e tudo que provoca aglomeração está sendo adiado. A responsabilidade com o outro vem à tona num momento do mundo onde todo o humano vinha sendo destruído. Este movimento global impõe um limite ao desumano, à hostilidade. Num mundo adoecido, essa doença tem jeito de cura. Sigamos firmes, vamos refletir sobre o que podemos aprender com a dor do outro. Um dia esse vírus irá embora, mas que fique em nosso sangue algum tipo de amor e respeito, pra gente transmitir afeto. Eu gravarei, a partir de hoje, diariamente, pequenos textos para dividir com as pessoas que ficarão em casa. Terei essa oportunidade pois as gravações da minha série pararam temporariamente. Quem puder, acompanhe. Vai ser um prazer ler pra vcs. Um beijo. Acabou de acontecer a primeira morte no Brasil. Meus sentimentos aos que estão sofrendo. #CulturaEmCasa #FiqueEmCasa #Solidariedade #CoronaVirus

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Li seu post após um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a quarentena. Tem participado dos panelaços contra o presidente? É a favor do impeachment? Por quê?

Agora você abriu uma janela foda… Sim, participo, apesar de morar na Barra e por aqui, não ter muita companhia nos panelaços. Não sou a favor da eleição dele. Com certeza, sou a favor do Impeachment. Não há nada que ele tenha construído na direção do ser humano. Tudo que ele constrói é ódio. Sinto falta de um chefe de estado que corresponda aos pensamentos globais. Falando do momento que estamos vivendo, temos vários chefes de estado, seguindo as orientações da OMS para que as pessoas evitem a proliferação do vírus. Pra isso, infelizmente, as pessoas precisam ficar em casa. Depois de um ano e três meses, esse seria o momento do governo fincar sua posição de liderança e de controle de uma situação inusitada. Embora, eu pense e acredite que essas coisas já deveriam estar previstas, como problemas ambientais, questões indígenas, questões na educação e questões de saúde. Vemos países como Alemanha, por exemplo, que tem o dobro de leitos disponíveis, pra qualquer eventualidade, em relação à Itália, por exemplo. A Alemanha já teve uma previsão de um caos nessa área. Então, a gente não só não tem um chefe de estado, como a gente não tem um governo com planejamento. As empresas mais fortes estão protegidas e os seres humanos incentivados pelo presidente a estar vivendo normalmente.

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