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Ex-diretora do clube Pinheiros denuncia sumiço de obras de arte do local

A artista plástica Cleide Marrese fala sobre o descaso com acervo do clube e o desaparecimento de obras importantes, como um quadro de Anita Malfatti

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 3 out 2019, 18h42 - Publicado em 3 out 2019, 18h41

Na próxima quarta (9) e quinta (10), ocorreria no Esporte Clube Pinheiros um leilão de obras de arte, um evento restrito aos associados. As vendas acabaram suspensas após uma confusão envolvendo uma denúncia feita por Cleide Marrese, artista plástica que foi demitida do posto de diretora adjunta cultural recentemente.

Desde a semana passada, circula nas redes sociais do clube uma carta em que ela aborda sua demissão. No texto, há denúncias como sumiço de obras importantes, entre elas um quadro de Anita Malfatti, doado pelo mecenas da Semana de 22, Reneé Thiollier, e um painel de Danilo Di Prete. “Há alguns anos, fizeram uma reforma e a instalação que ocupava uma parede inteira simplesmente sumiu”, disse a artista plástica à reportagem.

Cleide diz que trabalhou como voluntária no departamento artístico durante duas décadas e foi diretora adjunta desde meados de 2010. “Durante anos, pedi um espaço para acervo, mas só houve descaso. As obras de arte ali estragam e não têm manutenção correta”, conta.

O motivo de sua demissão, segundo ela, foi sua oposição severa ao o leilão. “Não sabia quais as obras que seriam ofertadas. Além disso, esse evento necessitava da aprovação do conselho. A direção disse que havia um regulamento em que ‘bens inservíveis’ poderiam ser vendidos sem autorização. Mas obras de arte são bens inservíveis?”, provoca Cleide.

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“Tudo bem que tem muita porcaria aqui, obras danificadas que poderiam se enquadrar nessa categoria ‘inservíveis’. Mas também, há peças importantes como esculturas de Antonio Spinosa e Margarita Farré. A maioria, obtida por meio de doações de associados. Não sei se essas peças serão oferecidas no leilão”, conta.

Artista plástica, Cleide também se ressente de ter uma obra no leilão, Alameda das Flores, inspirada em uma área do Pinheiros. “Pintei especialmente para o clube e recebi um email me comunicando, dando até parabéns por minha tela entrar no leilão. E isso sem minha autorização? Como pode?”, indigna-se. Apesar de ter se desligado da diretoria, ela segue no Conselho do clube.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do local diz que integrantes do clube apuram o paradeiro das obras que Cleide afirma terem desaparecido. Além disso, o leilão foi adiado e as obras só serão vendidas mediante a autorização dos autores.

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Abaixo, a “carta-bomba” de Cleide no Pinheiros na íntegra:

“Prezados conselheiros, na reunião de ontem eu estava inscrita na Voz do Conselheiro, porém devido às votações e ao adiantado da hora, não houve esse item. Tomo a liberdade de enviar aos Conselheiros e Associados de todas as chapas, a Carta ao CD, a qual protocolei no dia 24/09 e havia pedido que fosse enviada a todos os conselheiros, dada a importância do fato, que levou à minha demissão do Departamento Cultural.

São Paulo, 23 de setembro de 2019.

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Prezados Senhores Conselheiros do Esporte Clube Pinheiro ,

Venho por meio desta esclarecer o motivo de minha demissão como Diretora Adjunta Cultural após mais de vinte anos de dedicação total ao Departamento Cultural, nomeada ou como voluntária.

No dia 15 de agosto de 2019, fiquei sabendo, por acaso, que estava sendo preparado um leilão com as obras de arte pertencentes ao acervo do Esporte Clube Pinheiros.

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Como o ato de venda de ativos do clube exige a aprovação do Conselho Deliberativo, entrei imediatamente em contato com o diretor da área cultural, Sr. Francisco Montagna, e então meu superior imediato no departamento, para alertá-lo de necessidade de o leilão com obras de artes que pertencem ao patrimônio do clube deveriam ser aprovados previamente pelo Conselho Deliberativo. Fui informada por ele que o leilão havia sido aprovado pelo Departamento Jurídico do clube.

Durante todo o período onde estas discussões aconteciam, fui clara em informar que eu não era contra o leilão, mas que não concordava com a venda de obras de artes, independentemente do valor ou estado das mesmas, sem autorização. Ao mesmo tempo informei ao Presidente da Diretoria, Dr. Ivan Castaldi sobre minha preocupação com as consequências que esse leilão poderiam ter em sua gestão.

Fui posteriormente informada, pelo Presidente Célio Cassio dos Santos que existe um ítem no regulamento, onde diz que “Bens Inservíveis” podem ser vendidos pelos departamentos sem autorização do Conselho. Porém, Obras de Arte, não se enquadram na categoria de Bens Inservíveis, em lugar algum, seja museu, galeria ou escola de arte. Exemplifico: Se algum dia encontrarem uma das obras, que não se sabe como, desapareceram de nosso clube, ( entre elas um quadro de Anita Malfati doado pelo mecenas da Semana de 22, Renneé Thiollier, ou o painel de Renato Di Prete o qual não se sabe se foi jogado fora, guardadas em algum dos porões do clube, essas valiosíssimas obras serão consideradas como bens inservíveis?

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Obras de arte são bens do clube e para que sejam leiloadas ou jogadas fora devem passar por curadoria, avaliação por parte de profissional competente, ter o projeto de venda aprovado pelo Conselho e depois serem colocadas à venda num leilão, considerando lance mínimo para cada peça.

No que tange à forma como fui tratada pelo diretor, não quero entrar em detalhes, pois não é o motivo pelo qual me dirijo aos conselheiros, pois me conhecem, sabem a forma como conduzi sempre minhas funções, tendo passado por inúmeras diretorias, de diferentes partidos políticos, frequentemente trazendo bons eventos, inovação para o departamento e cuidando dos interesses do clube e dos associados. Caso não fosse desta forma, não seria eu a escolhida para representar o esporte Clube Pinheiros na área Cultural da ACESC.

Gostaria muito que este tema fosse apurado e discutido pelo Conselho de forma que seja tomada uma decisão que seja positiva para todos os associados e não apenas para atender alguma demanda pontual de pessoas que agiram sem o conhecimento de todo o processo e sem dar o devido valor à obras de arte, que fazem parte do Patrimônio Cultural do Esporte Clube Pinheiros.

Sinceras saudações,

Cleide Frasco Marrese”

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