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“Meu enteado é psicopata e quer me ver preso”, afirma Claudio Pitanga

Marido da socialite Liliane Chieppe, que morreu em um incêndio obscuro em um apartamento nos Jardins, conta sua versão da tragédia pela primeira vez

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 24 jun 2018, 20h27 - Publicado em 22 jun 2018, 14h22

O closet de Claudio Carvalho Pitanga, de 55 anos, revela três paredes dominadas por peças coloridas e estampadas. No último dia 13, uma quarta-feira, entretanto, ele escolheu vestir preto da cabeça aos pés. Nesse figurino de luto explícito, contou pela primeira vez sua versão sobre o incêndio que matou sua ex-mulher, a socialite Liliane Chieppe, em 30 de janeiro de 2017. Ele concedeu a VEJA SÃO PAULO uma entrevista de quase três horas no apartamento nos Jardins, cenário da tragédia.

Liliane Chieppe (pronuncia-se “Kepe”) era herdeira de uma das famílias mais abastadas do país, filha de um dos fundadores do Grupo Águia Branca, com sede na capital do Espírito Santo. Trata-se de um dos maiores conglomerados de transporte do país, com 13 000 funcionários e faturamento anual de 5 bilhões de reais. Ao falecer aos 54 anos, deixou uma herança estimada em pelo menos 250 milhões de reais. A polícia ainda não descobriu sobre a causa do incêndio no quarto do casal.

Casamento escondido: o casal (ao centro) com a juíza (esq.) e as duas empregadas, que foram testemunhas da união (Acervo Pessoal/Veja SP)

A família acaba de entrar com um processo contra Pitanga, afirmando que ele contribuiu com a morte de Liliane por negligência. A socialite era bipolar, sofria de depressão grave e passou por algumas internações. De acordo com os Chieppe, precisava de cuidados médicos 24 horas por dia, algo que o então marido não proporcionou.

Em 23 de maio, o juiz Fábio Soares, da 17ª Vara Criminal, recebeu uma denúncia do Ministério Público contra Pitanga. “Um mês antes do incêndio, Liliane teve alta do Hospital Sírio Libanês e precisava de uma série de cuidados especiais, como acompanhamento de uma enfermeira, mas o réu não seguiu as orientações médicas”, diz Daniel Burg, advogado dos Chieppe. “Ao assim agir, ele conscientemente assumiu o risco de que algo grave pudesse vir a acontecer com sua esposa, culminando com o incêndio em circunstâncias obscuras que tirou a vida da vítima.”

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Pitanga e Liliane viveram um romance tumultuado cercado por cenários luxuosos. Os dois estudaram na mesma escola na capital capixaba, a Sacré-Coeur (“Liliane era doida por mim, mas eu namorava uma amiga dela”, lembra o esposo), e se reencontraram em 2011 em um restaurante na mesma cidade, onde nasceram e viveram até 2015, ano no qual também se casaram e se mudaram para São Paulo.

Liliane tem três filhos, todos do relacionamento de aproximadamente vinte anos com o empresário Sergio Kroeff: a publicitária Carolina, que vive no Chile; o empresário Claudio e o designer Gabriel, que moram em Vitória. Pitanga teve três filhos, fruto das relações com a empresária Juliana Tanure Lopes: Claudio, Livia e Julia, que faleceu aos 6 anos em um acidente doméstico em 2006. “Minha vida foi pontuada por tragédias”, conta. Confira entrevista a seguir:

Você está sendo acusado de abandono de incapaz pela família de Liliane. Segundo parentes, sua mulher morreu porque você foi negligente. O que aconteceu?

Isso é um absurdo! O filho dela é um psicopata e o advogado que ele contratou, um cachorro louco, que vive me mandando notificações para me intimidar. Os dois querem me prejudicar a qualquer custo. Querem me prender. No dia da morte da Liliane, ela estava com duas empregadas no apartamento. Fiquei fora só para malhar e ir ao supermercado comprar lichias, que ela tanto gosta. Não posso nem sair pelo bairro, poxa?!

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No processo, consta que Liliane deveria estar acompanhada de enfermeiros 24 horas por dia. Na hora da tragédia, ela estava com duas empregadas domésticas.

Essa determinação aconteceu quase dois meses antes do incêndio. Em janeiro do ano passado, ela já estava saindo da depressão e não precisava mais desses cuidados, segundo determinação do psiquiatra dela (procurado pela reportagem, o médico Luis Altenfelder disse que, por ética, só prestará esclarecimentos em juízo). Liliane e eu passávamos o dia inteiro juntos. Éramos almas gêmeas! Ela dormia no mesmo travesseiro que eu. Fazíamos amor pelo menor três vezes por dia, mesmo quando estava em depressão. Ela ficava até mais animadinha, mas depois voltava a ficar muda. Como dizer que eu a abandonei sendo que larguei meu emprego para viver em função dela?

Cinco dias antes do acidente, retrato de Liliane no quarto do casal, onde ocorreu o incêndio (Arquivo pessoal/Veja SP)

Por que a família de Liliane não gosta de você?

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Inveja e dinheiro. O psicopata do Claudio, especialmente, queria levar a vida da mãe, ter os bens dela, a casa dela. Eles internaram Liliane em uma clínica contra a vontade dela. Deram um monte de remédios, ela mal conseguia pronunciar uma frase, coitadinha. Liliane gostava do (filho) Gabriel, mas tinha pavor de Carolina e especialmente de Claudio. Achava os dois interesseiros. Eu fui a única pessoa que permaneci ao lado dela, mesmo na época em que tinha problemas de depressão.

Mas há registros que você e Liliane brigavam.

A gente brigava, sim, mas só discussões. Liliane podia ser terrível, não tinha papas na língua, mas logo fazíamos as pazes. Em 2016, mudamos para São Paulo e nos casamos escondidos para fugir da perseguição da família. A família nunca quis ninguém de fora para dividir a fortuna. Estou sem um tostão! Eu tinha uma poupança de 250 000 reais, mas usei tudo para reformar este apartamento. Agora, vivo na penúria e além de tudo, querem me despejar.

Cenário da tragédia: reforma de 250 000 reais e conversas do além (Marcelo Justo/Veja SP)

Segundo a família, eles querem despejá-lo porque deixou de pagar IPTU e condomínio. Se você pagasse as contas, permaneceria no apartamento até o término do inventário.

Mas como vou pagar isso se não tenho dinheiro? Além disso, o apartamento está em nome da Liliane. Essa conta é deles.

Por que você não pode trabalhar?

Quase morri no incêndio, meu pulmão foi afetado, além disso, sofro de depressão. Nem ginástica posso fazer mais. Na época de casado, Liliane pediu que eu largasse tudo e vivesse em função dela. Por amor, obedeci. Fechei minha empresa e, em troca, ela me pagava aproximadamente 12 000 reais para cuidar de questões particulares. Precisava ter meu dinheirinho. A primeira coisa que a família fez assim que Liliane morreu foi cortar isso. Agora, meu irmão me ajuda com as contas.

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Contorno: mesmo após a reforma, ainda é possível ver parte da silhueta no piso do quarto onde foi encontrado o corpo de Liliane (Marcelo Justo/Veja SP)

A família também aponta seus vários problemas na Justiça: muitas dívidas, sua ex-mulher o processou com base na lei Maria da Penha e há uma ação sobre porte de drogas.

Eles fizeram um dossiê e entregaram a Liliane, logo no início do nosso namoro. Fali em 2006, logo após a morte da minha filha, Julia. Ela tinha 6 anos, era muito agitada e se jogou da janela do banheiro, caiu do nono andar. Tinha uma empresa de importação e exportação, mas fiquei sem forças. Só consegui voltar ao trabalho dois anos depois. Acumulei dívidas, sim. Por amor, Liliane pagou para mim. O processo por porte de drogas aconteceu na adolescência, quando fui pego com maconha. Quem nunca usou maconha na juventude? Sobre o processo da minha ex-mulher, qualquer gritinho, ela ia à delegacia. Mas hoje somos amigos.

O quarto onde você dorme ainda tem marcas do incêndio, com o contorno do corpo da sua ex-mulher no chão. Não é mórbido?

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Não. Gosto de ficar aqui. Fomos felizes. Eu a sinto nesse ambiente. Sou espiritualista e já até conversamos.

Como foi essa conversa?

Eu perguntei o que aconteceu. Ela disse que não sabia, mas chorava muito. Contou que estava triste com o que estavam fazendo comigo, que sou o grande amor da vida dela. Não sou um aproveitador, nem um assassino como a família me acusa. Vivi por Liliane. Era doido por ela, minha anjinha! Não tenho como abrir mão dos meus direitos. Tenho fé na Justiça!

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