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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Precisamos de terapia para viver?

Pouco tempo depois de eu estar formado recebi de um tio o questionamento “precisamos de terapia para viver?”. Profissional em início de carreira e com todas as inseguranças que esta condição impõe, lembro-me de ter ficado incomodado com a pergunta, mas ao mesmo tempo motivado a travar com ele uma boa discussão. O fato foi que não […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 16h23 - Publicado em 15 set 2015, 22h13

terapia

Pouco tempo depois de eu estar formado recebi de um tio o questionamento “precisamos de terapia para viver?”. Profissional em início de carreira e com todas as inseguranças que esta condição impõe, lembro-me de ter ficado incomodado com a pergunta, mas ao mesmo tempo motivado a travar com ele uma boa discussão. O fato foi que não consegui lhe responder prontamente. Pedi alguns dias para pensar a respeito.

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Depois de uma semana refletindo, eu lhe dei a resposta. Não! Não precisamos de terapia para viver. Ele mostrou um discreto sorriso de satisfação. Eu complementei: “Tampouco precisamos de medicina, medicamentos, automóveis, smartphones, livros, ferramentas etc.”

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Se levarmos em conta a condição biológica do ser humano chega-se à conclusão que, para sobreviver, precisamos basicamente de alimento, água, calor e a fuga predadores. Foi assim que nossos ancestrais viveram.

Acontece que a mesma condição biológica proveu a espécie humana com um telencéfalo altamente desenvolvido ao longo da evolução. Este telencéfalo impulsiona o ser humano a intervir no ambiente, tanto para entendê-lo melhor quanto para melhorar o conforto e as chances de sobrevivência ao longo do tempo. Esta é uma característica de nossa espécie que não pode ser deixada de lado. O humano inevitavelmente interfere no ambiente. A espécie humana não é determinada apenas pelas leis biológicas mas também pelos determinantes sócio-históricos.

Como resultado desse processo a população humana está aumentando e, ainda assim, com condições materiais melhores que no passado. Verdade que há uma discrepância enorme entre as diferentes regiões do globo mas, ainda assim, as condições concretas de vida humana estão em constante desenvolvimento.

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A expectativa de vida no Brasil era de 54 anos em 1960. Meio século depois ela já cruzou os 70 anos. No século XIX, ela não ultrapassava os 37 anos. Imagine alguém passando por terapia ou psicanálise no século XIX. O tempo de vida mais curto limitava o tipo de preocupações que se tinha. Essas preocupações eram com necessidades mais básicas como alimentação e doenças do corpo. Morria-se muito de infecções diversas, por exemplo. Mesmo no presente, imagine alguém que tenha de lidar com a escassez de alimento na África subsaariana. Que papel teria a psicoretapia para esta pessoa? Praticamente nenhum.

Assim, a resposta para a pergunta de meu tio é não se considerarmos a condição biológica do ser humano e sim, se precisamos de psicoterapia para viver se considerarmos nosso modo de vida moderno ocidental, no qual ganhamos algumas décadas a mais de vida com alta disponibilidade de alimento e conforto. Nossa existência angustia e é por isso que procuramos terapia. E a terapia não é mais que um dos recursos que a espécie desenvolveu para entender a realidade e nela intervir, só que a partir do próprio ser humano.

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