Empresária casa consigo mesma (com direito a festa e vestido branco)
“Desde os 16 anos, engato um relacionamento no outro. No ano passado, percebi que não preciso de um ‘príncipe encantado’ para ser feliz", disse a noiva
Em um vestido branco de renda, a empresária Jussara Couto, de 38 anos, jurou amor e respeito eternos. Seria mais uma noiva em mais um voto não fosse um detalhe: não havia noivo. Na cerimônia que ocorreu em Belo Horizonte no último domingo (26), a moça se casou com ela mesma. “Desde os 16 anos, engato um relacionamento no outro. Já fiz uma festa de casamento tradicional, inclusive. Mas, só no ano passado, percebi que não preciso de um ‘príncipe encantado’ para ser feliz e decidi comemorar isso”, conta.
O evento para 100 pessoas foi o primeiro da empresa Eu Comigo Eventos, uma parceria de Jussara, que trabalha na área desde os 17 anos, com a amiga Daniele Cerqueira, 47 (separada há dois anos e que deverá em breve fazer seu “casamento selfie” também).
Desde então, elas receberam centenas de propostas de orçamento via Instagram para organizar eventos como esse (o “casamento selfie”), além de festas de aniversário, uniões LGBT+ e cerimônias tradicionais. Uma festa como a de Jussara custaria cerca de 100 000 reais. “Para mim não custou nada, porque trabalho no ramo e formamos parcerias”, conta.
A seguir, a noiva fala sobre a experiência:
O “casamento selfie” foi uma estratégia de marketing para promover a empresa?
O negócio nasceu da minha independência emocional. Fui mãe aos 16 anos e, desde essa idade, engato um relacionamento no outro. Tive dois namoros longos e um casamento, com direito a véu e grinalda. Há cerca de dois anos, pedi pela terceira vez a separação. Aí, fiquei péssima: eu me senti uma fracassada, como se eu não fosse capaz de sustentar um relacionamento. Entrei em depressão. Desde meninas, somos ensinadas que precisamos de um príncipe encantado para ser feliz – e isso me dava muita frustração.
Como saiu da depressão?
Fiz anos de terapia e percebi que não precisava do outro para me sentir completa. Foi libertador e quis comemorar! Comentei com a Daniele. Jogamos no Google. Vimos que mulheres na Itália e na Austrália já haviam casado consigo mesmas. No Brasil, só em novela (em A Força do Querer, de Glória Perez, com a personagem Cibele, de Bruna Linzmeyer). Aí decidimos abrir a empresa para celebrar a plenitude pessoal. Além dos eventos, devemos abrir um canal no YouTube e nos preparar para dar palestras motivacionais no país.
Como foi a repercussão?
Nossa, nem imaginava! Quando pensamos em abrir uma empresa, falaram que deveríamos estrear com uma pessoa famosa. Fiquei frustrada. Puxa, o meu deveria ser o primeiro. Não sou famosa, mas acabou repercutindo mundialmente. Recebo diariamente centenas de mensagens. A maioria é positiva: propostas, orçamentos, gente do mundo todo me convidando para ser amiga, até me oferecendo hospedagem. Há também os haters que me chamam de “encalhada”, mas nem ligo. E muitas, mas muitas propostas de namoro. Até de mulheres (risos).
E agora, que alcançou a plenitude sozinha, qual sua visão sobre o amor e o casamento?
Não estou namorando, tenho uns rolos aí, mas não estou fechada para o amor. É muito libertador perceber que não precisamos do outro para ser feliz. É maravilhoso não ter nas costas a obrigação do “felizes para sempre”. Dessa forma, dá para viver o dia a dia e, quando me apaixonar de novo, construir um relacionamento mais leve.
Abaixo, confira vídeo e fotos da cerimônia: