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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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#SPsonha: Em Nova York, parques protegem a cidade das enchentes

A manutenção das áreas verdes é garantida por parcerias público-privadas

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 11h25 - Publicado em 14 fev 2020, 06h00

Nova York também ficou ilhada por uma enchente. A tempestade tropical Sandy, em outubro de 2012, teve de inundação dos trilhos do metrô a blecaute no sul da ilha de Manhattan. Mas a cidade não ficou parada esperando a próxima intempérie: antes mesmo de Sandy, a prefeitura local estava desenvolvendo uma série de parques costeiros para absorver as águas (lá, eles acreditam em mudanças climáticas e na alta das marés pelo mundo). Na foto, podemos ver um parque que começou a ser entregue, por fases, em 2010 e está quase pronto. Estendendo-se por 3 quilômetros, o Brooklyn Bridge Park nasceu sobre os escombros do cais nova-iorquino, fechado em 1984.

Píer no Hunters Point: parceria público-privada em antigas áreas portuárias (Raul Juste Lores/Veja SP)

O então prefeito Michael Bloomberg criou uma Corporação de Desenvolvimento para tocar o projeto, que precisava ser autossuficiente economicamente desde o início (em democracias maduras, sempre se pergunta quem vai ficar com a conta). Como construir o parque e garantir a manutenção futura? Permitindo empreendimentos ao redor. A corporação identificou áreas adjuntas ao futuro parque e começou a leiloar os trechos. Ali, ergueram-se edifícios com mais de 700 apartamentos (tendo vistas matadoras para Manhattan), com 7 000 metros quadrados de área para lojas no térreo, prédio de escritórios, praça de alimentação à beira-rio… que pagam pelo novo parque.

Área de novo parque, com prédios ao redor (Raul Juste Lores/Veja SP)

Apenas dois grandes armazéns de meados do século XIX, de café e de tabaco, foram preservados. O resto foi demolido sem culpa (enquanto isso, a nossa demagogia pretende tombar do obsoleto Anhembi, de 1970, ao Estádio do Canindé, de 1956… A Feira de Milão e o londrino Wembley foram demolidos e reinventados, em cidades que sabem preservar o essencial, bem mais que São Paulo).

A antiga refinaria de açúcar, de 1856, fechada em 2004 (Raul Juste Lores/Veja SP)

Outras áreas verdes surgiram onde antes havia o concreto dos píeres. O Domino Park, em Williamsburg, aproveita a estrutura da antiga refinaria de açúcar. A arquiteta Lisa Switkin criou ali playgrounds que imitam o interior da usina e passarelas elevadas como um mini-High Line. O incorporador que bancou o parque ergue residenciais atrás. O Hunters Point, aberto no bairro de Long Island City, tem 45 000 metros quadrados (o Parque Buenos Aires, em Higienópolis, tem 18 000) — os paisagistas recriaram a vegetação de mangue às margens — e conta com biblioteca pública. Essas parcerias público-privadas fazem pensar no imobilismo paulistano diante de enchentes.

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Playground no parque Domino (Raul Juste Lores/Veja SP)

Como financiar parques lineares ou jardins de chuva desse jeito por aqui? Onde a esquerda “antiespeculação” parece ser contrária a qualquer prédio, mesmo vivendo em um também, e a elite conservadora dos bairros-jardins adora tombar seu estilo de vida como se a Pauliceia fosse sua Botucatu particular. Os parques paulistanos continuam a ter poucos moradores à sua volta. Os casarões do Ibirapuera e do Villa- Lobos, sem metrô por perto, em nada lembram os arredores do Central Park.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 19 de fevereiro de 2020, edição nº 2674.

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