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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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#SPSonha: projetos para recuperar a Praça da Sé não saíram do papel

As ideias propostas pelo Studio Arthur Casas dariam uma nova cara ao marco zero da capital

Por Raul Juste Lores
Atualizado em 30 nov 2018, 10h27 - Publicado em 30 nov 2018, 06h00

Quando ainda se acreditava que a vasta agendinha de contatos empresariais do então prefeito João Doria faria milagres pela cidade (e não apenas a reforma de algumas pracinhas e de uma fonte), o Instituto dos Advogados de São Paulo propôs ao Studio Arthur Casas um projeto que tentasse recuperar a maltratada Praça da Sé. Não houve continuidade na busca de possíveis patrocinadores ou parceiros, e o marco zero continua como tantos outros na região, sem nem uma varrição mais cuidadosa. Vale dar uma olhada no projeto.

Esculturas na praça que sofrem com a invisibilidade e com o roubo das plaquinhas indicativas: obra de Bruno Giorgi (Divulgação/Divulgação)

Pouca gente sabe que naquela praça, hoje mais um lugar de passagem e baldeação que de lazer nos fins de semana, há um poderoso jardim de esculturas. Sergio Camargo, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Bruno Giorgi, Mario Cravo Junior, Rubem Valentim e Domenico Calabrone têm trabalhos expostos ali, mas as plaquinhas indicativas, algumas de bronze, vêm sendo roubadas repetidamente. Assim as obras continuam anônimas — da forma como foram implantadas, nem chegam a ser muito visíveis (o mesmo acontece com boa parte das esculturas espalhadas pela Cidade Universitária da USP).

Obra de Franz Weissmann, abandonada pelo descaso público (Divulgação/Divulgação)

Arthur Casas tem uma carreira de muito sucesso em mundo distante da Sé. Fez os hotéis Emiliano na Rua Oscar Freire e em Copacabana, os restaurantes Kaá e Kosushi e as galerias comerciais do Shopping Cidade Jardim. Como muitos profissionais de sua geração, desenhou diversos projetos urbanos que jamais saíram do papel.

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Arena para shows e relevo ondulado para sentar, curtir e ficar na praça (Projeto de Studio Arthur Casas / Reprodução/Veja SP)

Para a Sé, sua equipe pensou em driblar o relevo acidentado e antipedestre da praça, com formas onduladas que passariam por cima de degraus, desníveis e outras barreiras. Sem demolição, seriam implementadas essas lâminas de concreto sobre formas de madeira. A escadaria do metrô ganharia uma arquibancada para shows e eventos. Lâminas de água seriam acionadas especialmente no verão, para a alegria da criançada (vide o sucesso da piscininha no andar da lanchonete do Sesc 24 de Maio). Novos assentos e locais para skatistas constam da proposta, além de ideias para imóveis pouco utilizados no entorno.

Espaço para shows e atividades ao ar livre, projetado por Arthur Casas (Projeto de Studio Arthur Casas / Reprodução/Veja SP)

O projeto estava orçado em 180 milhões de reais, com estimativa de 25 meses para ficar pronto e mudar os 48 000 metros quadrados do lugar. Segundo Casas, poderia ser fatiado em fases ou ter novos estudos para se baratear. “Mas nunca houve um retorno, uma contraproposta para ser estudada”, lamenta.

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Enferrujada, a obra de Amilcar de Castro passa desapercebida (Divulgação/Divulgação)

A enorme praça que surgiu nos anos 1970, com a chegada do metrô, que demoliu o Teatro Santa Helena e implodiu o arranha-céu Wilson Mendes Caldeira, obra dos arquitetos Luciano Korngold e Jorge Zalszupin, demonstra que não somos muito bons na arte de desenhar praças (décadas antes de perpetrarmos o Largo da Batata). A reforma tímida feita em 2007, no governo Kassab, não corrigiu parte dos desníveis e das grandes distâncias ali, sem elementos que convidem a ficar à toa.

O monumento feito por Sergio Camargo não possui mais identificação (Divulgação/Divulgação)

A barulhenta brigada do status quo acusou o então prefeito de “higienista” e jurava que a reforma da praça tiraria os moradores de rua, assanharia o mercado imobiliário e promoveria a “gentrificação”, a valorização do metro quadrado. Errou, de novo: uma década depois, a situação não mudou. A população de rua continua vagando, não surgiram mais prédios e o metro quadrado se mantém desvalorizado. Imóveis e terrenos pertencentes à Cúria Diocesana, como o antigo Palacete do Carmo, definham. Nada da temida “especulação”. Como no entorno da Praça das Artes, da Sala São Paulo e da Pinacoteca, e de qualquer aposta na área. Por que esses investimentos públicos não deram o retorno de empregos, arrecadação e nova vida? Talvez seja esse o estudo mais urgente a fazer.

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