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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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#SPSonha: as dificuldades para doações de bilionários por aqui

Após o incêndio da Catedral de Notre-Dame, quantias polpudas foram doadas para a reforma. No Brasil, uma questão de confiança dificulta a filantropia

Por Raul Juste Lores
Atualizado em 20 abr 2019, 19h16 - Publicado em 18 abr 2019, 11h00

Em 2009, a família de Pedro Conde doou o equivalente a 2,7 milhões de reais para reformar um auditório e banheiros da Faculdade de Direito da USP. A contrapartida seria batizar o espaço com o nome do falecido banqueiro, o que foi aprovado pela congregação formada por diretores, professores e alunos. Menos de dois anos depois, e com as melhorias já feitas, a nova direção da faculdade vetou a homenagem. Continuidade dos compromissos não é algo habitual em novas gestões por aqui. Os alunos, que estudam ali gratuitamente por causa do ICMS cobrado de ricos e pobres, protestaram contra a placa com o nome de Conde. Era “privatização”, pode?

Por isso, é bom desconfiar da gritaria dos tribunais das redes sociais quanto à diferença entre os valores que bilionários franceses doaram para reformar a Catedral de Notre-Dame e as magras contribuições ao Museu Nacional do Rio. A maior diferença entre a catedral gótica parisiense e o museu carioca é a relação de confiança lá e cá.

Museu Nacional do Rio após incêndio
Museu Nacional do Rio de Janeiro após incêndio, em setembro de 2018: nada foi feito (Buda Mendes/Getty Images)

O Estado brasileiro não é muito chegado a doações (ou já teria replicado as leis americanas e europeias, que incentivam essa prática). Quanto maior a doação, maior a exigência de transparência, prestação de contas — dado o tradicional desperdício de recursos públicos. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, que administra o museu agora em cinzas, nunca aceitou uma gestão autônoma das verbas que poderiam chegar ao antigo Palácio Imperial. Claramente, a universidade não é muito boa em gerar recursos.

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A reitoria da UFRJ, controlada pelo PSOL há anos, é proprietária do imóvel da falecida casa de shows Canecão desde 2010. Em nove anos, não soube transformar em fonte de renda o valioso espaço (que continua abandonado). Muitos bilionários e milionários brasileiros têm uma participação vergonhosamente acanhada na filantropia nacional, mas quem vai botar dinheiro nos nossos sacos sem fundo?

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 24 de abril de 2019, edição nº 2631.

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