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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Os edifícios com nome de cidade dos irmãos Elias e Aizik Helcer

O mais famoso é o Lausanne, da Avenida Higienópolis, com exuberantes persianas coloridas e vista para os jardins do palacete de Dona Veridiana, de 1883

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Atualizado em 23 set 2020, 15h33 - Publicado em 11 set 2020, 06h00

Os irmãos engenheiros Elias e Aizik Helcer escolheram uma curiosa forma de nomear os edifícios que incorporavam: cidades que tivessem visitado e começassem com a letra L. Judeus de origem lituana, não tinham nada a ver com a Suíça ou com a Bélgica… Assim surgiram o Liége, Lugano, Locarno, Lucerna (que abrigava o Cine Comodoro no térreo). Da sua incorporadora Auxiliar, criada com o primo deles, Leon Gorenstein, o mais famoso da série é o Lausanne, da Avenida Higienópolis. Por sorte, eles davam ainda mais atenção à arquitetura que aos nomes, e contrataram várias vezes o mestre Franz Heep, autor do Lausanne, em 1953 (mesmo ano em que ele concorreu e venceu o concurso para projetar o Edifício Itália, e desenhou a Igreja de São Domingos, em Perdizes).

O prédio já nasceu icônico e, se estivesse em Nova York ou Buenos Aires, já teria sido cenário de infinidade de filmes e séries. As persianas de correr coloridas (originalmente seriam verde, vermelho, creme e azul-claro) dão movimento exuberante à fachada — um luxo sem muito esforço, de fazer aqueles neoclássicos temporões urrarem de inveja.

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Além da bossa, as persianas ainda regulam a incidência do sol na fachada, de face norte e com vista desimpedida para os jardins do palacete de Dona Veridiana, de 1883 (hoje, Iate Clube de Santos). Salas e quartos espertamente têm essa vista. As persianas escondem o que é o verdadeiro terraço dos apartamentos, uma zona de transição entre a sala principal e os raios solares. Os fundos, igualmente privilegiados, dão para o palacete art nouveau Vila Penteado, projetada por Carlos Ekman em 1902, e que abriga a pós-graduação da FAU-USP.

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O time de nomes estrelados responsável por um dos residenciais mais belos da cidade ainda tinha como engenheiros calculistas Julio Kassoy e Mario Franco (que dizia que Heep foi o melhor arquiteto com quem trabalhou). O artista Clóvis Graciano fez os murais na entrada e os paisagistas Lux e Stoll, da Jardinarte, fizeram os jardins da entrada. Aizik Helcer foi morar no prédio que construiu e ainda convidou Jon Maitrejean, que já era professor na FAU, para fazer a decoração de seu apê. São quatro apartamentos por andar, de 186 metros quadrados, com exceção do último, o 15º, que possui uma unidade maior e duas menores.

O prolífico Heep: em 1953, projetou o Itália, a Igreja de São Domingos e o Lausanne (Acervo pessoal de Friederich E. Blanke via Lucchini Junior/Divulgação)

Por sorte, os condôminos têm consciência da preciosidade onde vivem. Ao contrário de tantos outros residenciais em Higienópolis, que ergueram as guaritas mais desajeitadas e também arruinaram suas fachadas com muros, grades e a epidemia de painéis-de-vidro-mata-passarinho, o Lausanne está fazendo o caminho inverso. Negou-se a ficar com cara de aquário. E ainda começou uma tendência. Demoliu a guarita e recuperou seus jardins, trasladando para dentro a portaria do prédio. O edifício sessentão continua na vanguarda.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 16 de setembro de 2020, edição nº 2704.

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