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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Praça dos Franceses: sete prédios desenvolvidos entre 1973 e 1985

A escultura de Domenico Calabrone, na entrada da praça da Bela Vista, é um marco da região

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Atualizado em 22 Maio 2020, 16h52 - Publicado em 15 Maio 2020, 06h00

Nos primeiros anos do condomínio Praça dos Franceses, na Bela Vista, não havia grades na entrada, e a vizinhança então levava as crianças para brincar entre os três chafarizes no centro do conjunto residencial. Casais de noivos aproveitavam o cenário para suas fotos.

São sete prédios (Diderot, Flaubert, Lafaiete, LaFontaine, Ravel, Renan e Verlaine), desenvolvidos entre 1973 e 1985 (Raul Juste Lores/Veja SP)

O empreendimento é um raro caso no mercado imobiliário dos anos 1970 que não privilegiou Jardins, Morumbi, Moema ou outras fronteiras “nobres” que se verticalizavam, quase sempre com poucos e enormes apartamentos.

(Raul Juste Lores/Veja SP)

Com quase 500 unidades, de sete tamanhos diferentes, entre 70 e 240 metros quadrados, o Franceses foi uma das poucas tentativas de condomínio-clube bem integrado à cidade.

(Raul Juste Lores/Veja SP)

Um grande terreno com entrada pela secundária Rua Almirante Marques de Leão pertencia ao incorporador Otto Meinberg, que quebrou (e morreu) sem conseguir concluir seu icônico Edifício Itália. Logo após sua morte, a propriedade foi oferecida para quitar dívidas com o Banco Safra em meados dos anos 1960. Edmond Safra pediu a um jovem engenheiro, com quem tinha construído uma sinagoga e uma fábrica, que fosse avaliar a gleba. O especialista disse que aquela ribanceira não era tão valiosa, mas que, se Safra comprasse alguns imóveis com entrada pela mais nobre Rua dos Franceses, teria muito potencial. Com seus irmãos Moise e Joseph, o negócio foi fechado. Então aquele jovem engenheiro, José Roizenblit, indicou seu cunhado, Jacob Lerner, e os sócios deste, os arquitetos Ermanno Siffredi e Maria Bardelli, para desenvolver o vasto complexo de sete torres, lançado em 1973 e construído por fases (o último edifício é de 1985). “Eles tinham mais experiência com incorporação que os Safra ou eu”, relembra Roizenblit, hoje aos 90 anos. “Siffredi era um gênio dos negócios, um vendedor que imaginava o conjunto. O desenho, os traços eram da Maria.” Para ele, que se formou nos anos 1950, sem nenhuma mulher em sua classe, ver Maria trabalhar era chocante. “O mundo mudou muito. Era raro ter uma mulher produzindo tanto no mercado à época, era única.” Como o nome deles não era conhecido, a propaganda nas revistas informava que os arquitetos eram “os mesmos do São Paulo Hilton” — o cilindro projetado e incorporado por eles tinha acabado de ser inaugurado, na Avenida Ipiranga, e era uma espécie de Fasano de então.

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(Bruno Ignacio @ignacio_bruno/Divulgação)

O mesmo anúncio que pegava emprestado o status do Hilton conclamava: “More em uma praça em plena Paulista” — ela foi construída e inaugurada antes dos estandes de venda. Para desenhá-la, foram convidados o arquiteto da moda naquele momento, Ugo di Pace, o arquiteto iluminador Livio Levi e o artista Domenico Calabrone, que fez a curiosa escultura (de inspiração asteca?), que chama a atenção de quem circula pelo Morro dos Ingleses até hoje, com grades e tudo.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 20 de maio de 2020, edição nº 2687.

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