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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Eiffel: o último residencial projetado por Oscar Niemeyer em São Paulo

Ninguém fica indiferente ao formato do prédio na República, com as unidades viradas para a praça, cobogós redondinhos e lojas e galeria na altura da calçada

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 ago 2020, 14h25 - Publicado em 14 ago 2020, 06h00

Um livro aberto, uma gaivota ou uma penteadeira? Ninguém fica indiferente ao original formato do Eiffel paulistano. Último residencial projetado por Oscar Niemeyer, em São Paulo, o Edifício Eiffel (1952) é uma raridade na prolífica carreira do mestre carioca. Feito para o mercado imobiliário, com 54 unidades de 115 a 240 metros quadrados, surgiu em um dos endereços mais nobres de então na capital, a Praça da República. Ficava a metros do apartamento do incorporador Octavio Frias de Oliveira, na mesma praça, quem convidou Niemeyer para projetar também Copan, Califórnia, Montreal e Triângulo, no Centro paulistano. Mais refinado que os outros projetos, tinha janelões de vidro do chão ao teto, cobogós redondinhos, para filtrarem os fortes raios solares, e um capricho acústico: ao contrário de outros dúplex anteriores na cidade (como os do Esther ou do Japurá), o andar superior, por onde se entrava, era o da área social; os dormitórios ficavam embaixo. Assim, não havia o risco de o morador sofrer com o barulho do vizinho logo em cima. Cliente exigente faz toda a diferença.

Todos os apartamentos têm vista para a República. O terreno triangular de 1 000 metros quadrados foi totalmente aproveitado pelo projeto de 12 000 metros quadrados de área construída, que respeita os recuos obrigatórios da legislação da época, com os dois braços menores nas laterais.

Por estar mais recuado em relação à rua, o bloco mais alto ganhou, logo em cima da galeria térrea, nas sobrelojas, um espaço onde funcionou o Clube de Xadrez de São Paulo (hoje abriga um restaurante ao ar livre).

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Confortos térmico e acústico: todas as unidades têm vista para a praça, com cobogós redondinhos e quartos embaixo das salas nos dúplex (Raul Juste Lores/Veja SP)

As dezesseis lojas no térreo criam uma fachada muito ativa, sem recuo em relação à calçada, e uma galeria interna, que serve de passagem da rua Araújo para a Marquês de Itu.

O prédio é o projeto favorito do arquiteto Carlos Lemos entre suas colaborações com Niemeyer. Com apenas 25 anos, o jovem, que era amigo do incorporador Frias, foi escolhido para ser o braço ­direito do já festejado projetista em São Paulo.

Carlos Lemos, o braço-direito e responsável pela execução das obras de Niemeyer em SP: projeto preferido (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Niemeyer, assoberbado por diversas outras encomendas, com seu medo permanente de viajar de avião e sem muita paciência com São Paulo, delegou muitas decisões executivas a Lemos, que, na prática, tocou quase sozinho o projeto do Copan, quando o mais veterano passou a projetar Brasília. Ele ainda viraria um grande historiador do urbanismo paulistano. Aos 95 anos, Lemos é o professor mais longevo da FAU-­USP e memória da cidade.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 19 de agosto de 2020, edição nº 2700. 

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