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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Copan praiano fica em ponto mais alto da Ilha Porchat

Os edifícios Blue Moon e Blue Sky, de 1979, foram projetados pelos arquitetos italianos Maria Bardelli e Ermanno Siffredi para o usufruto da classe média

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 jan 2020, 11h50 - Publicado em 10 jan 2020, 06h00

Com cassino, um clube famoso por bailes de Carnaval superlativos, boates dignas de Dancin’ Days e uma vista privilegiada da Baía de Santos, a Ilha Porchat, em São Vicente, já foi um dos lugares mais fervidos do litoral paulista. A paisagem também atraiu muitos arquitetos. Nos anos 1930, Oswaldo Bratke propôs um condomínio de luxo ali, só de casas. Oscar Niemeyer foi convidado a projetar um mirante para celebrar os 500 anos do “descobrimento” do Brasil, que só ficou pronto dois anos depois da efeméride, em 2002. O casal de arquitetos e incorporadores Maria Bardelli e Ermanno Siffredi instalou no ponto mais alto do promontório rochoso os edifícios Blue Moon e Blue Sky, de 1979, na Alameda Ary Barroso.

Edifícios Blue Moon e Blue Sky, dos arquitetos Maria Bardelli e Ermanno Siffredi (@drone.cyrillo/Veja SP)

Os arquitetos italianos, que se mudaram em 1953 do Rio para São Paulo, continuavam então sua longa parceria profissional, mesmo depois do fim do casamento (Ermanno se casou com Sonia nessa época). Já tinham projetado o Hotel Hilton, na Avenida Ipiranga, e diversas galerias no centro (a do Rock, a Presidente, a Nova Barão) quando propuseram as duas torres sinuosas, como ondas que tentam esticar ao máximo a vista dos apartamentos. Eles conheciam os herdeiros da família Fracarolli, dona de parte da ilha e até do cassino que funcionou ali até 1946, quando o jogo foi proibido no país. Sem cassino e sem turismo, a família só começou a lotear a área nos anos 1960, quando foram inaugurados o acesso que ligou a ilha à Praia do Gonzaguinha e o Ilha Porchat Clube.

Edifícios Blue Moon e Blue Sky, dos arquitetos Maria Bardelli e Ermanno Siffredi (@drone.cyrillo/Veja SP)

Depois de alguns prédios de luxo, os herdeiros bancaram essas duas torres para a classe média, com unidades de tamanhos variados, entre 30 e 70 metros quadrados, de quitinetes a dois quartos. O empreendimento foi um sucesso. As lajotas baratas na fachada não fazem jus ao projeto original, que previa comércio no térreo.

Edifícios Blue Moon e Blue Sky, dos arquitetos Maria Bardelli e Ermanno Siffredi (@drone.cyrillo/Veja SP)

O Copan praiano dos italianos faz pensar no que pode ou não ser construído no litoral brasileiro, especialmente no verão, quando milhões lutam por seu direito a um bronzeado ou a um mergulho. Praias impecáveis costumam ser restritas a poucas casas enormes, para um punhado de hóspedes de bolsos privilegiados. Onde houve verticalização até se democratizou um pouco, mas com o pior da arquitetura de Miami como inspiração, de Boa Viagem ao Balneário Camboriú (espelhados azuis e verdes, varandas gourmets, daí para baixo). A Ilha Porchat até poderia ter sido o exemplo de uma terceira via. Mas a decadência do clube (como tantos outros pelo país), o mato alto, e a pobre zeladoria por lá e locais noturnos fechados ou decadentes põem em dúvida se sabemos fazer diferente.

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