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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Os detalhes da condenação de filho do vereador Adilson Amadeu

Acusado de roubar a Mercedes-Benz de um ex-sócio, Adilson Adriano Amadeu jogou homem no chão e colocou revólver em seu ânus

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Atualizado em 29 out 2020, 05h34 - Publicado em 28 out 2020, 14h56

O advogado Adilson Adriano Amadeu, 46, filho do vereador Adilson Amadeu (DEM), preso na semana passada para cumprir uma pena de cinco anos em regime fechado, foi condenado em 2008 por subtrair de um então sócio uma Mercedes-Benz ano 2002, avaliada em mais de 100 000 reais (211 000 reais atuais). Na ocasião, Amadeu e outras duas pessoas abriram uma empresa de distribuição de combustíveis, mas elas começaram a desconfiar das atitudes e da idoneidade do acusado após cinco meses de sociedade.

Segundo as acusações, o filho do parlamentar, que não tem ligação com os casos, possuía na época sete CPFs. Quando tentaram desfazer a sociedade, os dois, que terão o nome preservado, passaram a ser ameaçados e agredidos. A ação durou mais de duas horas.

Na Justiça, um dos sócios disse que Amadeu filho se exaltou em uma reunião e sacou duas armas de fogo, segundo relato anotado por um escrivão. “O réu disse que tudo ia ser do jeito dele, senão ia acabar com eles e que seus corpos seriam jogados na represa de Guarapiranga. Ameaçou também seus familiares. Depois, mandou que (um deles) deitasse no chão, com a cabeça para baixo, dizendo que ia matá-lo, colocando a arma em seu ânus”.

Ainda sob ameaça, as duas vítimas foram obrigadas assinar procurações, notas promissórias, cheques e contratos. Um dos sócios disse que a empreitada lhe custou 2,5 milhões de reais, incluindo empréstimos bancários. Sobre o veículo Mercedes-Benz, a vítima assegura que Amadeu falou o seguinte: “O carro agora é meu”. O carro nunca mais foi devolvido.

Apesar da condenação a cinco anos e quatro meses de reclusão, Adilson Adriano Amadeu pode recorrer em liberdade, o que acabou revertido em instâncias superiores. Ele foi preso no último dia 21 de outubro. Agora, sua defesa pede a liberdade, alegando que o condenado contraiu coronavírus e sofre de cardiopatia grave. “Ele teve um infarto em 2018 e, por causa do coronavírus, não deveria estar em uma cadeia úmida como aquela”, afirma o advogado Matheus Herren Falivene de Sousa. “Além disso, discordamos da condenação. O processo foi eivado de falhas e nulidades. Mesmo se ele fosse culpado, acreditamos que não deveria ser por roubo, mas por exercício arbitrário das próprias razões, que tem pena muito menor”. Trata-se da popular “justiça com as próprias mãos”, cuja pena é de quinze dias de prisão.

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Independentemente do motivo do crime, da cardiopatia e do coronavírus, o Tribunal de Justiça negou na última segunda-feira (26) o pedido para liberdade do condenado. O advogado Sousa vai requerer agora a soltura de Amadeu junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Mais processos

Enquanto tenta se safar da cadeia, Adilson Adriano Amadeu, que era candidato a vereador (pelo PSB), assim como o pai, busca na Justiça uma reparação milionária de uma construtora. Ele alega ser credor de mais de 90 milhões de reais referentes a trabalhos como advogado. Nos processos, juntou notas promissórias, cuja idoneidade é contestada pela outra parte, a Zatz Empreendimentos e Participações Ltda.

Seu advogado na área cível é Carlos Miguel Aidar, ex-presidente do São Paulo Futebol Clube. “O devedor tem algumas formas de resolver os problemas: pagando, fugindo ou negando a dívida. Eles negam falando que as notas promissórias são falsas e juntaram um parecer técnico que desconhecemos. O juiz vai determinar uma perícia confiável. E esse perito vai dizer se os documentos são falsos ou verdadeiros. Eles não terão mais como se defender”, afirma Aidar.

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Procurada, a advogada da Zatz, Camila Felberg, disse que a questão da falsidade é tão grave que já foi noticiada para as autoridades policiais, o que pode virar um novo processo criminal.

Adriano Amadeu responde a pelo menos dois processos por estelionato e falsificação de documento público. Em um deles, um casal de aposentados disse que vendeu uma casa ao acusado por 2 milhões de reais, mas ele nunca pagou e nem deixou o imóvel.

O pai de Adilson Adriano Amadeu, o vereador Adilson Amadeu, emitiu a seguinte nota, após a publicação da reportagem (ele não havia respondido até então).

“Tomei conhecimento pela imprensa da prisão de Adilson Adriano Sales Amadeu. Como pai fico enormemente entristecido com a notícia, contudo, entendo que a justiça deva ser aplicada a qualquer cidadão e se ficar comprovada sua culpa, que ele arque com seus erros. Gostaria ainda de esclarecer que sou pai de cinco filhos, sendo eles com total independência e responsabilidade por seus próprios atos. Prova disso é o fato de Adilson Adriano (46 anos) também sair candidato a vereador neste pleito por outro partido (PSB), concorrendo à minha revelia, o que sem dúvida causava constrangimentos em sua tentativa de dividir votos através da similaridade dos nomes”.

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