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Criolo e Emicida falam sobre DVD e carreira

Os trabalhos individuais de Criolo e Emicida romperam a barreira do rap e ficaram entre os mais representativos da música brasileira contemporânea. Quando eles se apresentam juntos, suas músicas ganham dimensões ainda maiores. Em setembro de 2012, subiram ao palco do Espaço das Américas para gravar um encontro em CD e DVD. A noite de […]

Por Leonam Bernardo
Atualizado em 27 fev 2017, 00h58 - Publicado em 6 jul 2013, 05h29

Criolo e Emicida: show no Espaço das Américas (Foto: Ênio César)

Os trabalhos individuais de Criolo e Emicida romperam a barreira do rap e ficaram entre os mais representativos da música brasileira contemporânea. Quando eles se apresentam juntos, suas músicas ganham dimensões ainda maiores. Em setembro de 2012, subiram ao palco do Espaço das Américas para gravar um encontro em CD e DVD. A noite de lançamento rola no domingo (14) no mesmo lugar. Dirigido por Paula Lavigne, Andrucha Waddington e Ricardo Della Rosa, o registro foi feito por meio de quarenta microcâmeras espalhadas por todos os cantos, como os microfones e a plateia. O resultado é um vídeo dinâmico que reforça a urgência da poesia dos dois. A virtuosa banda de Criolo, que inclui Daniel Ganjaman (teclados), Marcelo Cabral (baixo) e Thiago França (sax), acompanha os cantores em Dedo na Ferida, Triunfo, Lion Man e Não Existe Amor em SP, entre outras. Confira a entrevista com Criolo e Emicida:

O trabalho individual de cada um tem muito valor, mas o show conjunto vai além e acumula conquistas. No aniversário de São Paulo, por exemplo, vocês foram responsáveis por levar o rap de volta ao centro da cidade. Como vocês veem a força dessa parceria?

CRIOLO: Não sou eu que dou força para o rap. É ele que me dá. O rap sempre foi forte, o que a gente vem fazendo é contribuir. Foi o momento que nós tivemos para dividir o palco e o restante aconteceu de forma natural.

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EMICIDA: Quando tocamos nesse assunto, a gente fala de uma construção de anos. Tem uma base forte que foi sendo construída ao longo da minha carreira e do Criolo. Mas tem uma característica que é maior do que nós dois: o rap é a música oficial da cidade, mas nunca reconheceram isso. Todo o peso simbólico que teve o show do aniversário de São Paulo pôde ser visto pela energia. Foi uma resposta da periferia mesmo, as margens da cidade dizendo que elas são a cara de São Paulo. Muitas vezes a cultura do hip hop não aparece por causa do preconceito. Aquele foi o dia da resposta de um movimento que não nasceu ontem.

O show foi registrado por 40 microcâmeras (Foto: Ênio César)

Com a projeção que vocês tiveram nos últimos anos, algumas pessoas do meio criticaram o trabalho de vocês. Há quem alegue que falta contestar mais…

CRIOLO: Eu acho saudável que cada um se manifeste e dê a sua opinião. Isso só faz a gente crescer. Cada um tem a sua forma de se expressar.

EMICIDA: Quando as pessoas criticam a minha música com essa alegação, é crítica sem fundamento. Quem diz que não faço música de combate é porque falta interpretar melhor o texto. Tem gente que faz rap de maneira pura e tem gente que faz de maneira mais comercial. Eu tenho respeito por tudo o que é feito. Mas quando as pessoas dizem essas coisas, sinto tristeza por elas. Eu tenho certeza do meu caminho e da minha construção. A gente vive um momento em que discordar parece inteligência, mas nem sempre isso quer dizer que a pessoa entendeu do que eu estou falando.

CRIOLO, da primeira vez que nos falamos você disse que se questionava se ainda tinha formas como colaborar. Depois de dois anos trabalhando o disco Nó na Orelha, ainda tem esse sentimento?

 CRIOLO: Eu ainda tenho esse questionamento, porque tudo é efêmero. Amanhã sempre é outro dia. Por isso continuo do mesmo jeito. Depois de tudo o que aconteceu ao redor do disco, considero que só aconteceu porque foi resultado de um trabalho coletivo. Sozinho eu não teria conseguido. Só de poder dividir canções com as pessoas já é maravilhoso e grandioso. O que vai acontecer depois é depois, sabe? Se você andar no centro da cidade, de dois em dois minutos vai ver morador de rua e outras pessoas revirando o lixo pra procurar o que comer. A vida é dura e a minha ideia é poder dividir mesmo…

EMICIDA, desde o começo da sua carreira você levanta a bandeira de artista independente. Os seus clipes e a concepção do Laboratório Fantasma mostram um cuidado e uma profissionalização do negócio. Você se sente nessa responsabilidade de mostrar que trabalho independente é diferente de trabalho amador?

EMICIDA: Tem gente que combate essa ideia mais do que eu. As pessoas têm que encontrar parcerias de que não se arrependam. Eu consegui fazer de um jeito indenpendente. Dá mais trabalho e demora mais, mas me dá muito orgulho. A gente é muito vaidoso nesse negócio de clipe e sempre quer fazer coisas legais. Uma coisa é ser undergorund e outra é fazer algo mais ou menos. O meu trabalho tem menos distribuição do que o da Ivete Sangalo, mas isso não quer dizer que a qualidade pode ser pior. Tecnicamente a gente pode se manter próximo ou até superar o mainstream.

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Emicida e Criolo: músicas dos dois no CD e DVD (Foto: Divulgação)

Com a receptividade que tiveram do público, vocês conseguiram dar visibilidade a outros artistas em que acreditam, como o Pagode da 27, no caso do Criolo, e o Projota e o Rashid, no caso do Emicida. Isso é uma prioridade?

CRIOLO: Isso sempre foi natural. O rap sempre foi assim. A gente divide as coisas que chegam na gente e as que são do nosso dia a dia. É um prazer poder apresentar artistas maravilhosos. Alguns são de agora e outros são mais antigos. Todo mundo está na rua fazendo a sua história e a sua construção.

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EMICIDA: Não tem sensação melhor do que mostrar uma música para outra pessoa. Eu aproveitei a visibilidade que tinha na MTV, por exemplo, para dividir a luz com outros artistas que estavam fazendo coisas legais. Ter o programa lá fechou algumas portas pra mim, mas abriu muitas para o hip hop. Fico feliz de ter contribuído. Não faço isso de um jeito racional, faço pelo emocional mesmo. Como foi dentro de um programa de TV, mais pessoas foram atingidas.

A gravação do DVD parece encerrar um ciclo na trajetória de vocês. Como estão os próximos trabalhos?

CRIOLO: O ciclo só termina quando a vida acaba. É lógico que temos momentos, mas tudo está junto porque vem de você. Sempre vai existir o diálogo que parte da sua energia. Eu não paro de compor. Por enquanto, estou tranquilo quanto a isso. Como tem muita gente envolvida, não deixa de ser um trampo. Mas a ideia é que chegue o momento certo para dividir com vocês. Eu vou compondo. E se tiver coisas que não dão para juntar em um disco? Aí não faz o disco. Eu tenho que sobreviver e me comunicar. Cada cidadão faz a sua história dentro de um limite e de uma liberdade. Não dá para ser refém de um personagem. Precisa ter tranquilidade.

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EMICIDA: O meu próximo disco já está pronto e já divulguei a primeira música, Crisântemo. Ela diz o que quero mostrar a partir de agora. Tive a oportunidade de entrar no estúdio, partir do zero e construir uma coisa que é mais do que freestyle. Sem querer desmerecer, já que vim daí. Nesse novo momento, tive o cuidado e a possibilidade de produzir e me influenciar de outra maneira. Antes eu fazia só com o sampler e agora faço como bem entender. Tenho o desejo grande de aproximar a minha poesia da poesia que o samba produz. Minha poesia tem se norteado por isso.  O ciclo é marcado por essa nova estética e busca de expressão que se  aproxima mais da poesia falada e do samba, mas não da maneira superficial de samplear ou copiar a melodia. É busca poética.

 +Confira o clipe de Crisântemo, a nova música de Emicida

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