Phantasmagoria, apresentada no Instagram, discute relações no isolamento
A diretora Eme Barbassa define o formato como 'webnovela', capitular e adaptada para a web
O início da quarentena foi turbulento para a atriz e dramaturga Eme Barbassa. Após todos os seus festivais e turnês serem cancelados, o primeiro instinto foi se recolher. “Havia uma exigência muito grande em cima da classe artística para que nós produzíssemos, mas eu não queria fazer nada. Fiquei muito mal”, conta. O recesso estendeu-se até que um amigo, o ator Davi Tostes, deu a ideia de investir em uma produção on-line. Após alguns debates sobre qual seria o melhor formato, nasceu Phantasmagoria – O Amor nos Tempos de Esgotamento, que a dupla define como ‘webnovela’. “Não é teatro, nem TV, nem cinema. É uma linguagem nova, capitular e pensada para a internet”, avalia a diretora.
A primeira cena, com cerca de quinze minutos, foi ao ar no dia 2 de maio e pegou os seguidores dos dois de surpresa. Sem aviso, eles iniciaram a live e encenaram um término de namoro por chamada de vídeo. Confusos, os seguidores encheram a caixa de comentários, perguntando se eles estavam bem. A partir daí, a história ganhou mais quatro capítulos – dois ainda para sair, nos dias 27 de junho e 4 de julho, às 21h.
A trama acompanha um casal sem nome, interpretado por Davi Tostes e Eme Barbassa. A maioria das lives é conduzida pelo rapaz, que após o término faz ligações para a mãe, a irmã, uma psicanalista e até uma camgirl. Ao longo dos episódios, com 10 minutos cada, o personagem revela comportamentos machistas que são questionados pelas mulheres em seu cotidiano.
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Para Eme, um dos desafios do formato é lidar com a parte técnica em casa (iluminação, cenário e figurino), além de alguns problemas específicos do digital, como quedas de conexão e falhas na plataforma.
O título da produção faz referência a um modelo de teatro de horror popular na Europa no século XIX. A phantasmagoria usava jogos de luzes para projetar sombras de demônios, fantasmas e esqueletos, que assombravam os espectadores. Eme propõe que os equivalentes contemporâneos destes demônios seriam comportamentos preconceituosos de diversas ordens, como machismo e racismo.