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Osesp volta à Sala São Paulo com músicos separados por placas de acrílico

O grupo estreia nesta sexta (28) o espetáculo Cartas Portuguesas, um monodrama em formato de miniópera com plateia virtual

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 nov 2020, 16h55 - Publicado em 28 ago 2020, 04h02

Os 1 484 lugares da Sala São Paulo ainda permanecerão vazios, mas o palco volta a ter movimento depois de quase 150 dias com as luzes apagadas. Nesta sexta (28), a partir das 19h, a Osesp estreia Cartas Portuguesas, um monodrama em formato de miniópera, sem grandes cenários, com a soprano Camila Titinger. A obra, uma encomenda da orquestra para o maestro e compositor João Guilherme Ripper, tem a direção de Jorge Takla e a condução de Roberto Tibiriçá. A apresentação faz parte do processo de retomada da temporada da casa, que desde o início de agosto transmite gratuitamente performances ao vivo pela internet direto do espaço. “Fiquei perdido nos primeiros dias da quarentena, então é um alívio voltar para a Sala. Precisamos só exercitar mais a criatividade, já que o público faz parte do espetáculo e não está presente”, afirma Emmanuele Baldini, spalla da formação que esteve presente nas primeiras edições com plateia virtual.

A soprano Camila Titinger: protagonista de composição inspirada em cartas de freira (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Para o retorno, o local passou por mudanças que foram além do álcool em gel e do uso obrigatório de máscara pelos funcionários e visitantes. A temperatura de quem entra é aferida e portas e janelas devem ficar abertas. “Na minha sala, tiraram até o ar-condicionado para não ter a tentação de ligar”, diverte-se Baldini. “Também fizemos o teste rápido para Covid antes do primeiro ensaio, assim como os jogadores de futebol”, diz Ana Valéria Poles, chefe do naipe de contrabaixos. “O desafio mesmo é a distância entre os colegas, porque somos acostumados a tocar todos juntinhos, para um escutar o outro”, explica Ana. Agora, para respeitar o distanciamento, os integrantes ficam mais afastados e com placas de acrílico entre eles. “É um esforço maior para ouvir o som que vem do fundo, mas é um aprendizado. Estar novamente tocando junto compensa.”

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A composição de Ripper é inspirada em cinco cartas da freira Mariana Alcoforado (1640-1723), do convento de Nossa Senhora da Conceição, de Beja, Portugal, para seu amante, o oficial francês Noel de Chamilly. “É uma mulher muito forte, que fala de seus sentimentos, e passa pela cura das decepções de um relacionamento abusivo, tão discutido hoje em dia”, diz Camila, escolhida para interpretar a protagonista. Ela, que mora em Londres, participava de audições pela Europa e acabou passando esses meses em São Paulo, para onde voltaria só para essa peça. “Eu ia fazer minha primeira ópera na Alemanha, em Essen, e interpretaria Violeta em La Traviata, com a companhia Opera North, em Leeds, na Inglaterra, mas tudo foi cancelado”, afirma.

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A soprano, as três integrantes do coro e os músicos dos naipes de sopro são os únicos que não estarão usando máscara durante a execução. O coro, aliás, ficará em um dos balcões, longe da orquestra. Camila trabalhou nos ensaios as marcações mais seguras em relação aos músicos. “Eu canto como se a plateia estivesse ali, olhando para ela, até para não expor os artistas. É estritamente proibido eu cantar virada para trás ou para os lados”, explica. “O que vai fazer falta, sem dúvida, é a vibração do público, que eu vou ter de criar na minha cabeça”, diz. Também não era assim que Ripper tinha imaginado a estreia da peça. “Não é o ideal, mas estamos vivendo um período que está longe do ideal”, afirma. “O esforço de retomar as temporadas é extremamente importante para reativar a cadeia produtiva da música, que ficou prejudicada”, diz.

A obra ainda veio a calhar para o momento, já que a protagonista está enclausurada tentado se recuperar de desilusões e questionando seus votos como freira. “Estamos vivendo agora o psicodrama do confinamento. As transformações se dão no universo interior, por questões emocionais. Muita gente está passando por isso.” Na composição, ele ainda incluiu referências do texto de Cântico dos Cânticos, de Salomão, e o poema Leanor, do barroco Francisco Rodrigues Lobo, para construir a narrativa.

(Alexandre Battibugli/Veja SP)

Animado com o retorno, Takla aproveita para experimentar um modelo alternativo de encenação. “Já vinha pensando em óperas semiencenadas, como solução criativa, sem a necessidade de uma produção gigantesca para emocionar. A pandemia, de certa forma, acelerou o processo”, diz. Ele confessa que não fez grandes mudanças para a transmissão on-line, a não ser as que são exigidas pelos protocolos de segurança em cima do palco. “É uma experiência nova e eu estou curioso. O meu desafio é ter de acertar de primeira ao vivo, porque é o que vai ficar para sempre.”

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702.

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