Paula Santisteban, a última produção de Miranda
A cantora paulistana lança seu primeiro disco autoral com produção de Carlos Eduardo Miranda, que morreu em março deste ano
Em março, a morte do produtor musical Carlos Eduardo Miranda, conhecido por lançar artistas como Skank e Raimundos, pegou a cena musical de surpresa. Antes de partir, Miranda tinha mais um trabalho para colocar na prateleira: a cantora Paula Santisteban, que faz o show do lançamento do seu disco neste domingo (30), no Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer.
Paula, de 41 anos, não é novata na cena. De família musical, chegou a cursar a faculdade de direito, mas dedicava a maior parte do seu dia para a música. “Dava aula de música para cerca de sessenta crianças durante a tarde e depois, ia tocar com as bandas a noite”, diz. Nos anos 2000, participou de um dos concursos de cantores no programa Domingão do Faustão e foi até a final. “Mas veio tudo junto, gravadora, mercado… Eu queria cantar Tom Jobim, mas diziam que as pessoas não entendiam isso”, lembra. Frustrada, começou a estudar e procurar projetos os quais pudesse escolher. “Fui fazer pesquisas das escolas, com crianças, e vi que não existia mais o momento em família para se ouvir música”, diz. Dali, desenvolveu com Eduardo Bologna, hoje seu marido, o projeto Música em Família, que passeou entre as escolas com livros e apresentações temáticas de folk, world music, jazz e tropicália. Ao todo, foram seis discos com a empreitada.
Foi com o último disco do projeto, com direito a participação de uma orquestra regida pelo maestro Ed Cortês, que, segundo a cantora, veio a necessidade de montar um álbum próprio. Ao lado marido, passou a trabalhar em canções em um violão velho. “Um violão saudoso que me fez lembrar da minha avó e eu comecei a escrever”, diz.
Com o resultado gravado no celular, foram até Miranda, para que ele lapidasse o material. “Eu já sou uma cantora experiente e sei de técnicas para ocultar as imperfeições e deixar o público feliz”, diz a artista. “Mas o Miranda falava para mim: ‘você não está entendendo, o bonito da sua voz é o que vem de dentro, é o contido, é o que emociona’, eu entrei na história e foi mágico”, afirma.
Com dezoito músicos envolvidos, Paula gravou as dez faixas. Há composições próprias, parcerias e interpretações, como Frágil, de Fábio Góes. “Queria soar urbana, porque eu sou da cidade, fui criada no Brás, com barulho, vai-e-vem, em que estamos no meio da multidão e ainda assim, podemos estar sozinhos, e não necessariamente, isso é ruim — pelo contrário”, diz. Entre os destaques também ficam As Janelas da Cidade e Diferente de Ninguém.
No show de estreia no Auditório Ibirapuera, Paula será acompanhada de uma mini-orquestra, de oito músico, e projeções “sem muitas interferências tecnológicas”. “Vai ser a única chance de ver o disco representado visualmente”, diz. Os ingressos para a apresentação custam 30 reais.