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Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)
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Um papo entre Ester Laccava e Lulu Pavarin, as protagonistas de “Quando Eu Era Bonita”

Atrizes, essas duas paulistanas valorizam muito a palavra. Seja ela dita no palco ou mesmo fora dele. Ester Laccava entra na casa dos 50 no final de 2015, é mãe de Pedro, de 16, e Sofia, de 9, e insiste no ofício de interpretar há 33 anos. Já Lulu Pavarin não conta a idade para […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 18h27 - Publicado em 5 mar 2015, 13h35
Ester Laccava e Lulu Pavarin: "Quando Eu Era Bonita" estreia no Espaço Parlapatões" dia 13.

Ester Laccava e Lulu Pavarin: “Quando Eu Era Bonita” estreia no Espaço Parlapatões no dia 13

Atrizes, essas duas paulistanas valorizam muito a palavra. Seja ela dita no palco ou mesmo fora dele. Ester Laccava entra na casa dos 50 no final de 2015, é mãe de Pedro, de 16, e Sofia, de 9, e insiste no ofício de interpretar há 33 anos. Já Lulu Pavarin não conta a idade para alimentar “certo mistério” e começou a carreira há 27, simultaneamente ao nascimento de Guilherme, o único filho. Pela primeira vez, elas se unem na comédia “Quando Eu Era Bonita”, que estreia no dia 13 no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt. Em cena, duas mulheres vividas, digamos assim, engatam uma conversa na festa de final de ano da firma. Bebem, riem, choram, riem de novo… Por aqui, Ester e Lulu também soltaram a língua e deu nisso…

Lulu – Ester, eu adoro suas escolhas de textos, as temáticas que você costuma trabalhar no palco. Como você faz essas escolhas?

Ester – É engraçado, mas os textos acabam me procurando (risos). Já me apaixonei por um livro, que foi “Pedra de Paciência”, e entrei em contato com o autor para adaptá-lo. Viajei para Feira de Santana, na Bahia, e fiquei fascinada pelas pessoas de lá. Encomendei um texto e veio “Árvore Seca”. Um amigo comprou os direitos de “Volta ao Lar”, não conseguiu montá-lo e me passou. Fiz “Jardim Europa”, o filme do Mauro Baptista Vedia, e ele me mostrou “A Festa de Abigaiu”. Entro em bibliotecas e fico horas lendo. Assim achei “Garotas da Quadra”, que o Mário Bortolotto dirigiu. Eu morei em Chicago e Paris um bom tempo e creio que minhas referências ficaram mais apuradas. Tenho uma escuta boa. Consigo ouvir mais que só as palavras. Assim que leio um texto, eu me faço três perguntas. A história tem relevância para uma comunidade? É importante as pessoas escutarem isso? Será que é apenas prazeroso e uma possibilidade de me promover como atriz? Se a terceira pergunta for a única a ter uma resposta positiva, eu jamais vou montá-lo. Se pensar apenas em mim, não irei causar nenhum feito.

Ester – Lulu, quando te vejo em cena parece tão fácil você ir do drama para a comédia e vice-versa. É realmente fácil?  

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Lulu – Minha rotina vai do drama à comédia (risos). Na profissão, não acho tão fácil assim. Quando tenho um bom texto e um personagem, as condições são mais favoráveis. Sou uma atriz que usa bastante técnica, mas também me considero instintiva. Fui treinada por grandes diretores e acho que cada um deles me imprimiu suas marcas. Só com o Antunes Filho, eu fiz “Paraíso Zona Norte” e “Drácula e Outros Vampiros” e foram uns seis anos. Aprendi, lá no CPT, a ter consciência do que era emoção e sensação e como posso acioná-las conforme preciso. Hoje em dia, misturo as técnicas adequadas para esse ou aquele personagem, adiciono uma dose de instinto e quando dou a sorte de ter um bom diretor, sai do forno um trabalho no ponto.

+ Leia entrevista com o dramaturgo e diretor Elzemann Neves. 

Lulu – O que é mais perigoso para uma atriz, um fracasso que desanima ou um sucesso que acomoda?

Ester  Nunca, nunca desanimei com um fracasso. Eu não deixo o teatro por nada. Mesmo levando uns tombos, porque a gente leva mesmo e leva porque está trabalhando bastante e sem parar. No final das contas, são menos fracassos, não é? Mas um sucesso que acomoda é, sem dúvida, bem maligno porque você perde a mão. Aí, quando resolve retomar, fica complicado. A musculatura emocional que necessitamos fica completamente enfraquecida. Lulu, eu ando muito tranquila comigo, muito de bem com a vida. Não estou falando de felicidade “criada”, hipócrita.  Então, separar fracassos e sucessos fica até sem sentido porque tudo faz parte da minha história.

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+ Leia entrevista com o diretor Antunes Filho.

Ester  Lulu, a gente está aqui calejada(risos). E hoje? E o daqui para frente? Existe alguma frustração que tenha vazado ou que você carrega consigo em relação a sua carreira? Ou está tudo bem contigo?

Lulu  A frustração é meu combustível. Não me refiro à psicologia da palavra. Se algo saiu errado, é o que me motiva para seguir em frente, fazer ainda mais. Se algo deu certo, uma hora acaba, faz parte da nossa vida, tudo é cíclico. Não acredito que alguém possa estar bem consigo mesmo nesse ofício. Se estiver, é hora de parar.

Lulu Pavarim e Ester Laccava: teatro como combustível

Lulu Pavarim e Ester Laccava: uma conversa sobre teatro, carreira e o mundo feminino

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Lulu – Se você tivesse a chance de viajar o país com uma peça, ganhando muito dinheiro, mas ficando muitos meses longe da família, você iria?

Ester – Ai, eu iria sim. Com culpa, mas eu iria. Falo sempre para meus filhos, que, antes de eles nascerem, eu já existia. Falo que minha vida não começou a partir deles, mas bem antes. Nos dois últimos anos, tenho viajado bastante. É bem difícil, mas sou disciplinada e me organizo para não surtar. Eu tenho um projeto para o ano que vem. Se rolar, serão quatro meses fora. Já negociei duas vindas por mês a São Paulo. Sou muito presente e atenta com os dois. Divido tudo com o pai deles, um superpai. E isso faz grande diferença. Mesmo separados, eu e meu ex-marido conseguimos manter a família unida.

+ Fábio Assunção dirige Daniel Alvim e Carolina Mânica em “Dias de Vinho e Rosas”.

Ester  Você também produz algumas de suas peças. Está mais fácil produzir do que há 15 anos, por exemplo?

Lulu – Não, não é fácil nunca. Sempre trabalhei em companhias e não formei meu próprio grupo. Percebi tarde que quem não tem o próprio grupo tem mais dificuldade para receber verba dos editais. Então, comecei a idealizar projetos e procurar determinados diretores. Tive uma experiência bem positiva quando levei para a Cia. Razões Inversas meu desejo de montar uma adaptação do conto “Antes do Baile Verde”, da Lygia Fagundes Telles. Na ocasião, eu e o Paulo Marcello desenvolvemos a ideia e o grupo foi agraciado com o Fomento. Depois disso, chamei Germano Melo e a Michelle Ferreira para escrever o monólogo “Como Ser Uma Pessoa Pior”. O Mário Bortolotto dirigiu e eu mesma produzi com meu dinheiro. Bem pouco, por sinal. Devagar, tive retorno e paguei todo mundo. E agora, mais uma vez, aconteceu de eu propor ao Elzemann a parceria com você. Em 2014, pensei em fazer um espetáculo sobre sustentabilidade e tive uma ideia de como realizar isso com uma história bem diferente. Propus às atrizes da Cia Teatro Enlatado e ao diretor Nelson Baskerville desenvolver o tema e estamos aprovados na Lei Rouanet.

+ Assista ao vídeo com Nando Bolognesi, que convive com a esclerose múltipla no palco. 

Lulu – Ester, você é uma mulher muito bonita. Então, você se considera atriz para protagonizar uma peça batizada de “Quando Eu Era Bonita”?

Ester – Que pergunta (risos). Acho que sou desagradável e isso talvez me ajude a não ser tão bonita assim. Não vou me preocupar com isso porque você e Elzemann me convidaram para o espetáculo. E vem cá, a beleza, essa que fica para sempre, a gente sabe que é um conjunto de escolhas que acaba nos revelando para o mundo, não?

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Ester – Agora, então é minha vez. “Quando você era bonita” tinha noção da sua beleza, do seu poder de fogo?

Lulu – Acho que é mais ou menos como falamos na peça: quando éramos jovens, não fazíamos ideia de que, mais velhas, iríamos parar para pensar como éramos bonitas no passado. E acontece exatamente isso comigo hoje. Sempre me pego olhando fotos de 20 ou 30 anos atrás e penso como eu era bonita e magra (risos). Na época, eu me achava feia, enorme. Só fui me encontrar quando me tornei atriz porque o “pessoal de teatro” tem um gosto estranho. Hoje, sou mais segura porque aprendi o que é ser bonita. Tenho me achado bem bonita ultimamente. Quanto ao poder de fogo e de atração, se é que eu tive, realmente não soube aproveitar na época certa, mas nunca é tarde, não é?

Lulu Pavarin e Ester Laccava: texto e direção de Elzemann Neves

Lulu Pavarin e Ester Laccava: comédia tem texto e direção de Elzemann Neves (Fotos: João Caldas)

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