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Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)
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Taís Araújo e o sonho possível de falar o que acredita: “Se eu não fizer desse jeito, minha carreira não vai ter graça”

Taís Araújo é uma artista que sabe usar a sua voz. Aos 37 anos, a atriz carioca divide o palco do Teatro Faap com o marido, o ator Lázaro Ramos, no espetáculo “O Topo da Montanha”, que transforma em ficção os derradeiros momentos da vida do ativista Martin Luther King (1929-1968). O desempenho como a […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 13h27 - Publicado em 21 jan 2016, 12h26
Taís Araújo: preocupação em dizer o que pensa no teatro e na vida

Taís Araújo: preocupação com a mensagem no teatro e na vida

Taís Araújo é uma artista que sabe usar a sua voz. Aos 37 anos, a atriz carioca divide o palco do Teatro Faap com o marido, o ator Lázaro Ramos, no espetáculo “O Topo da Montanha”, que transforma em ficção os derradeiros momentos da vida do ativista Martin Luther King (1929-1968). O desempenho como a camareira Camae lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell, que será divulgado em março.

+ Lázaro Ramos lista cinco personagens que sonha interpretar. 

A dupla também pode ser vista e ouvida no seriado “Mister Brau”, que tem a segunda temporada anunciada para abril. Como casal pop Brau e Michele, eles mostram que o preconceito racial não depende de conta bancária. Inteligente, Taís não perde a oportunidade de lançar suas ideias nas capas de revistas de beleza e celebridade. Só que ela, como demonstrou nesse papo por telefone, além de bonita, tem a noção de que o importante não são as fotos e sim o conteúdo que ela sabe divulgar como poucos.

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+ Renato Borghi monta o seu próprio “Fim de Jogo”.

É visível a valorização do discurso para você, então o texto de “O Topo da Montanha” foi paixão à primeira vista?

Que nada… Quando li essa peça pela primeira vez, em inglês, eu achei aquela situação muito americana, não imaginava como podíamos adaptar para nossa realidade. Passou um tempo, e o Lázaro trouxe uma tradução. Eu peguei o texto e, em dez minutos, chorava loucamente. As lágrimas pulavam dos meus olhos. Comecei a pensar melhor na ideia. Em seguida, passamos quatro meses em Nova York e só se falava de Luther King. Ele era capa das revistas, as pessoas o homenageavam nas ruas, tudo em torno da celebração dos 50 anos de seu discurso sobre a defesa dos direitos civis em Washington. Opa, alguma tem aí… Vamos acordar e fazer esse espetáculo porque ele não é nada restrito.

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+ De cara limpa, Paulo Miklos estreia no teatro como Chet Baker.

O Teatro Faap é conhecido por receber um público mais elitista. Estar nesse palco também pode ser visto como uma atitude?

Não escolhemos o Teatro Faap por acaso. Aliás, nem pensamos em outro lugar. É um dos melhores de São Paulo e é lá que queremos estar com o nosso público. Quando vejo a plateia lotada de negros, fico muito feliz. São famílias inteiras, várias gerações. Filhos, pais, avós, muitas mães com adolescentes. Esse alcance me emociona porque estamos quebrando uma imagem. O espetáculo vai ter vida longa e esperamos levá-lo a muitos lugares, se possível, até para espaços públicos. Queremos mostrar que qualquer um, de alguma forma, pode fazer o que Luther King fez. A frase mais repetida da peça é “você é apenas um homem” e aí está dito tudo.

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Lázaro Ramos e Taís Araújo em "O Topo da Montanha": temporada no Teatro Faap

Lázaro Ramos e Taís Araújo em “O Topo da Montanha”: temporada no Teatro Faap (Fotos: Jorge Bispo)

Você e Lázaro, de certa forma, representam hoje um papel que já foi de Tarcísio Meira e Glória Menezes, o do casal 20 da televisão. Vocês percebem que têm esse poder na mão e estão sabendo usá-lo, não?

Lázaro e eu atravessamos um momento muito bonito nas nossas carreiras, de muito trabalho e reconhecimento. O fato de estar no ar com ‘Mister Brau’ aumenta o eco da peça, talvez venha disso tal evidência, mas também pagamos um preço alto. Não temos um dia de folga. Gravamos no Rio de segunda a sexta e pegamos o avião para chegar a São Paulo e fazer a sessão das 21h. Temos dois filhos pequenos, uma vida para gerenciar, mas estamos disponíveis para tudo. E acho que nossos filhos também são frutos dessa disponibilidade. O Lázaro e eu reverberamos tudo isso. Nem todas as coisas têm um momento certo, então precisamos ir fazendo ou corremos o risco de perder as oportunidades.

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+ Algumas peças que você vai ver em 2016 nos palcos de São Paulo. 

E você prova que é possível fazer quase tudo ao mesmo tempo…

Se eu não fizer desse jeito, minha carreira não vai ter graça. É no teatro em que manifesto meu lado romântico. Procuro peças que mexam com as pessoas, que as façam discutir por horas no restaurante. Ficou tão difícil debater, trocar ideias, então o teatro não pode perder esse papel. Quando subo ao palco, eu não procuro um prazer só para mim. Gosto de incluir todo mundo no meu programa. Eu quero o maior número possível de pessoas na discussão e na diversão. Eu demorei muito para dizer com orgulho “eu sou atriz”. Sou filha de uma pedagoga e de um economista, estudei jornalismo, então sempre dizia meio baixinho a minha profissão, tive pudor em assumir porque respeito muito os grandes atores.

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+ Confira a lista dos indicados ao Prêmio Shell.

Sua indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz veio em um momento em que se criou uma polêmica em torno dos poucos nomes negros listados pelo Oscar. O que pensa disso?

Sem discurso bobo nenhum, eu juro que só a indicação já me deixou muito, muito feliz. Eu me sinto reconhecida e recompensada pelo meu trabalho. Quando o Spike Lee critica a Academia de Hollywood e o Oscar, ele fala de falta de representatividade. Se a gente pega o maior prêmio da indústria do cinema e vê tão poucos negros indicados ou agraciados é sinal de que há de fato um problema. Esses atores existem, estão em atividade e precisamos olhar para eles. É um ato de coragem, afinal, o Spike Lee mexe com o próprio mercado dele, mas ele tem esse poder e sua obra comprova isso. A gente está sempre em busca de uma maneira de se comunicar melhor e não de excluir ou segregar ninguém. Apenas isso.

Taís Araújo na pele da camareira Camae: "se não for assim, minha carreira não tem graça"

Taís Araújo: “eu demorei muito para dizer com orgulho ‘eu sou uma atriz’”

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